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Inciativa global busca preservar ondas e ecossistemas

Imagine clássicos picos de surf protegidos por lei, como se fossem unidades de conservação. Essa é a ideia que Scott Atkinson, diretor sênior de Conservação de Surf da Conservation International, uma das maiores organizações de conservação do mundo, vem defendendo nos últimos anos.

Inicialmente, o trabalho de Atkinson era voltado para a proteção de orangotangos na Indonésia, mas seu interesse pelo litoral e comunidades pesqueiras locais o levou a focar na preservação costeira comunitária. Foi aí que o surf entrou em cena, e Scott percebeu a conexão entre seu trabalho e o desejo dos surfistas de proteger suas ondas.

“Nossa missão é proteger ondas de nível mundial e os ecossistemas marinhos vitais ao seu redor”, explica Scott em entrevista ao site australiano Tracks. Em parceria com a Save The Waves Coalition, ele criou o programa de Conservação de Surf na Conservation International.

O objetivo da iniciativa é criar regulamentações legalmente aplicáveis em diversos picos de surf, para proteger os ecossistemas circundantes e as ondas, em benefício das comunidades e da natureza.

O programa já é uma realidade na Indonésia, com 23 áreas protegidas estabelecidas junto a comunidades locais. A iniciativa mira a expansão para o Brasil, além da Costa Rica, Peru e Fiji.

Para Scott, a chave do sucesso do programa está na colaboração com as comunidades e seus sistemas jurídicos. Trata-se de capacitar as comunidades locais para que preservem o meio ambiente e valores culturais e prosperem com isso.

“Nós realmente enfatizamos que, sempre que possível, é necessário ter proteção legal. Precisamos capacitar os membros da comunidade local e o governo para que possam fazer cumprir essas áreas e realmente protegê-las”, explica Scott. “Mas à medida que as pessoas começam a se beneficiar de um ambiente melhorado, o que pode incluir aumento na captura de peixes e oportunidades para o turismo comunitário, elas realmente começam a se tornar as maiores defensoras. E acredito que isso seja o cerne da questão; começa com a comunidade e então constrói a capacidade da comunidade e a comunidade segue em frente. Nós apenas facilitamos o processo.”

Ele destaca que esse conceito de proteção de áreas sagradas já existe há milhares de anos em diversas culturas. “No Havaí, por exemplo, sempre existiu o Kapu”, conta ele sobre o conceito de que pessoas nunca se separam da natureza, mas trabalham com ela e prosperam.

Para alcançar esse objetivo, o programa conta com a colaboração de autoridades governamentais e ONGs locais, promovendo regulamentos que proíbem atividades prejudiciais, como proibição de extração de areia e coral, fim do desmatamento e corte de manguezais, limitação de empreendimentos no litoral, além do incentivo de práticas de turismo responsável.

A Conservation International não está sozinha nessa empreitada. Em parceria com outras organizações como a World Surf League e a Save the Waves, o intuito é maximizar as ações de preservação.

Além disso, as entidades apoiam o turismo sustentável para que as comunidades locais protejam seus recursos naturais e se beneficiem do ecoturismo. “Trabalhar com o turismo é algo relativamente novo para nós, mas estamos animados. Queremos que turistas contribuam para a conservação”, finaliza Scott sobre a importância do pilar.

Segundo Scott, o plano de ação simples para proteger picos de surf e seus arredores são: engajamento da comunidade, respaldo legal e geração de benefícios socioeconômicos. “Se conseguirmos esses três elementos, teremos uma chance real de conservação a longo prazo”, conclui.

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Assim como os mergulhadores lutam pela proteção de áreas de mergulho, os surfistas também podem fazer a diferença. De fato, o número de praticantes de surf no mundo – cerca de 35 milhões de pessoas – pode ser uma força para a criação de santuários do esporte.

Quem sabe, em breve, nossas ondas brasileiras também estejam protegidas, garantindo que os picos continuem a quebrar perfeitamente e os ecossistemas marinhos permaneçam intocados para as gerações futuras.

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