Hoje, 27 de maio, dia da Mata Atlântica, a segunda maior floresta em extensão do Brasil. Um bioma responsável pela produção e conservação de recursos hídricos que abastecem quase 110 milhões de brasileiros.
A Mata Atlântica é um dos biomas que mais sofrem com desmatamento. Segundo o Atlas da Mata Atlântica, estudo realizado desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado na quarta-feira (26/5), o desmatamento do bioma aumentou quase 30% em 2018 e 2019, com uma área devastada equivalente a 14 mil campos de futebol.
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Espécies únicas da biodiversidade brasileira, como o mico-leão-dourado e a onça-pintada, estão ameaçadas.
Caso a degradação prossiga, esse bioma de floresta tropical será o primeiro do mundo a perder seu animal topo da cadeia, o que irá acarretar em desequilibrírios por todo o ecossistema.
Durante a pandemia da Covid-19, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afrouxou as leis de proteção e anistiou donos de terra que destruíram áreas sensíveis.
Sob ameaça constante, provocada principalmente pela exploração descontrolada, o bioma tinha originalmente 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Hoje restam 7% da cobertura original, distribuída em 17 estados.
Entre 2019 e 2020, o desmatamento da Mata Atlântica cresceu 406% no estado de São Paulo em comparação com o período anterior.
Entre 2018 e 2019 foram desmatados 43 hectares de Mata Atlântica em todo o estado de São Paulo. Já entre 2019-2020 foram desmatados 218 hectares.
Além de São Paulo, o desmatamento da Mata Atlântica também se intensificou entre 2019 e 2020 em outros nove dos 17 estados que compreendem o bioma: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.
Restauração urgente
Atualmente a Mata Atlântica mantém 12,4% de sua vegetação original, que se distribui por mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados (o equivalente a três vezes a área da Suécia).
Além da proporção muito abaixo do limite mínimo aceitável para sua conservação, que é de 30%, as florestas naturais encontram-se restritas a espaços extremamente fragmentados.
De acordo com a SOS Mata Atlântica, a maior parte não chega a 50 hectares e grande parte, 80% dos casos, estão em propriedades privadas.
A situação vai na contramão de importantes referências internacionais que – pela conservação de sua rica biodiversidade e de seu potencial no combate às mudanças climáticas – apontam a Mata Atlântica como uma das prioridades mundiais para a restauração florestal.
Dessa forma, para a ONG, mais do que interromper o desmatamento da Mata Atlântica, é preciso, nesta que é a Década de Restauração de Ecossistemas da ONU, tornar sua recuperação uma prioridade na agenda ambiental e climática.
“A restauração de ecossistemas é uma solução baseada na natureza para alcançarmos o cenário de redução de 1,5°C de aquecimento global estabelecido no Acordo de Paris. As maiores e mais baratas contribuições que o Brasil pode dar ao combate das mudanças climáticas são as soluções baseadas na natureza. E o caso da Mata Atlântica tem tudo para se tornar uma referência para a proteção e recuperação de florestas tropicais e hotspots ameaçados. Sua restauração geraria benefícios não só para a população e a economia nacionais, mas também para o planeta e a humanidade como um todo”, aponta Guedes Pinto, diretor da ONG, em nota.