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Hardcore entrevista: Arthur Vilar, o pai do “novo Ítalo”, ressalta a importância da diversão

Nascido em João Pessoa (PB) em 18 de agosto de 2011, Arthur Vilar começou a surfar aos cinco anos de idade, quando sua família se mudou para Baía Formosa (RN), por influência de seu pai, de quem herdou o mesmo nome e a habilidade nas ondas.

Sua relação com o mar sempre foi lúdica, mas seu talento logo chamou a atenção. Após acompanhar seu pai em algumas competições, resolveu que queria experimentar vestir a lycra também. Porém, ainda muito novo e sem experiência, acabou perdendo de cara.

Daquela sensação amarga, surgiu também a vontade de se tornar um competidor. Pai e filho então conversaram e firmaram um pacto: “Falei pra ele que se quisesse ser campeão eu o treinaria e assim fizemos”, conta o Arthur “original”.

Talento herdado de pai para filho: Arthur Vilar, pai, agora aposentado das competições, voando sobre as ondas nordestinas: “Hoje me satisfaço mais em ver ele surfar e evoluir do que a mim mesmo surfando”. Foto: @diasdesurffilmes

Hoje, aos 11 anos de idade, acumulando títulos nas categorias Sub 8, Sub 10, Sub 12, Sub 14 e Sub 16 Arthur tem mais 150 mil seguidores em seu perfil no Instagram, recebe elogios de tops do CT e troca confidências com seu amigo de BF e ídolo Italo Ferreira, de quem é apontado como legítimo herdeiro.

Mas como lidar com tanto talento e exposição em uma idade tão precoce? Na entrevista a seguir, concedida ao jornalista Luciano Meneghello com exclusividade para a Hardcore, Arthur pai conta como a família cuida para que o jovem surfista desenvolva seu enorme potencial sem deixar de lado a magia da infância.

Como o surf entrou na vida de Arthur e da família?

Eu surfo e competi muitos anos da minha vida, tenho alguns títulos de campeão paraibano amador e também já competi em alguns eventos profissionais, Arthur sempre me acompanhou nas competições e nos treinos, porém, esperei ele ter interesse em surfar. Um dia, em um evento que estava participando ele pediu para competir e como tinha pouca experiência com o surf, perdeu na primeira bateria e começou a chorar. Falei pra ele que se quisesse ser campeão eu o treinaria e assim fizemos. Praticamente parei de surfar para dar atenção a ele. Até hoje é assim, me satisfaço mais em ver ele surfar e evoluir do que a mim mesmo surfando.

arthur vilar
Arthur já convive com os maiores do esporte e é apontado como sucessor de Italo Ferreira, um de seus grandes incentivadores, mas há um forte trabalho da família para mostrar que o caminho para o sucesso é longo: “O futuro será consequência de tudo que fizermos hoje”, conta Arthur pai. Foto: Arquivo pessoal

Quais características e habilidades de Arthur no surfe chamaram a atenção de Italo Ferreira?

Nos mudamos para Baía Formosa e o Arthur conheceu o Italo, mas tinha pouco contato. Então, no início da pandemia, Italo passou ficar mais tempo na cidade e começamos a nos encontrar diariamente no surf da madrugada. Ele ficou impressionado com a evolução do Arthur e também a dedicação dele nos treinos e os dois ficaram mais próximos.

E como é a relação de Arthur com Italo Ferreira, tanto dentro quanto fora da água? Eles treinam juntos ou trocam experiências regularmente?

Hoje Italo passa muito pouco tempo aqui na cidade e eles se veem muito pouco, mas quando ele está por aqui, Arthur sempre vai na casa dele e sempre treinam juntos. Italo tem um carinho muito grande por Arthur e eles são muito amigos, se divertem dentro e fora d’água.

Arthur é constantemente apontado como o “próximo Italo”. Como vocês lidam com as expectativas e pressões que podem surgir em relação ao futuro dele no surfe profissional?

Sei que o público cria essa expectativa, porém converso bastante com Arthur sobre o assunto e sempre deixo bem claro que o caminho é muito longo para chegar ao circuito mundial ou até a um título. Nós focamos em cumprir as metas que são traçadas para o presente procurando sempre fazer o nosso melhor. O resultado do futuro será consequência de tudo que fizermos hoje. Desde pequeno fiz questão de que o surf fosse divertido para ele e usasse a derrota como aprendizado, hoje ele absorve muito bem a derrota e na maioria das vezes é mais proveitoso o aprendizado que na vitória. Já vivemos um sonho em ter uma família feliz que ama o surf.

arthur vilar
Dando show em Saquarema. Foto: @jv.fotos_

Como é a rotina de treinamentos de Arthur? Ele tem uma equipe de apoio ou treina de forma mais independente?

Arthur estuda de manhã e as vezes surfa de 5h00 às 6h00, antes da aula, e mais três horas de surf na parte da tarde; o tempo que sobra é aproveitado para brincar e estudar. Eu cuido da parte do treino dele como também das competições. Por enquanto o Arthur não faz outro tipo de treino nas horas vagas porque nós deixamos ele brincar para aproveitar a infância, acredito que não é o momento ainda.

Ainda prezo muito que ele viva sua infância, por esse motivo, o Arthur não faz outras atividades além de surfar nesse período da sua vida. Acho que ele ainda nem tem uma ‘vida profissional’; hoje ele só se diverte. Quem trabalha de verdade sou e a mãe dele, que vamos todos os dias à praia filmar as sessões de surf. Ele chega a ficar com saudades das competições quando demoram muito para ocorrer. Acredito que faz tudo por diversão, tenho muito cuidado pra que continue assim. Acho que é onde está o segredo da evolução, surfar com por prazer, não por obrigação.

Além do surfe, Arthur tem outras paixões ou interesses que gostaria de compartilhar conosco?

Se for descrever todas as outras coisas que ele gosta de fazer não vou parar de escrever aqui! Mas o que ele mais faz nas horas vagas é brincar na rua, jogar futebol, andar de skate, desenhar e ler.

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