Gabriel Medina vence o Freshwater Pro e assume a liderança do ranking; Filipe dá show, mas fica em segundo. Lakey Peterson é a campeã entre as mulheres
Por Fernando Guimarães
Gabriel Medina é o (bi)campeão do Freshwater Pro. Com a vitória, ele também assume a liderança do ranking do Circuito Mundial. Filipe Toledo, vice-campeão, cai para a segunda posição.
Entre as mulheres, a campeã foi Lakey Peterson, com uma incrível virada em suas duas últimas ondas sobre a francesa Johanne Defay, que foi a melhor surfista ao longo do campeonato.
Yago Dora, que começou o dia na 18ª posição, foi escalando na classificação da etapa até garantir-se na final, quando ainda conseguiu saltar de 8º para 6º colocado. O resultado, equivalente a 5º lugar ou derrota nas quartas de final nas demais etapas, é o seu melhor no ano até agora.
Owen Wright foi o terceiro colocado e Griffin Colapinto, o quarto. Os dois somam os pontos de um 3º lugar, ou semifinal. Completaram a grande final Jordy Smith e Julian Wilson, responsáveis por completar, neste sábado, as duas manobras mais surpreendentes do evento.
A vitória significa uma série espetacular de três finais consecutivas e dois títulos nas últimas três etapas do ano para Gabriel Medina. Além disso, é o sinal de um domínio impressionante sobre o restante da concorrência na etapa do Surf Ranch. Em quatro eventos realizados ali, ele foi o melhor surfista em todos – o Future Classic, evento de testes; a Founders Cup, campeonato entre países da WSL; o Surf Ranch Pro, estreia do pico como palco de etapa do CT; e agora faz o repeteco com o rebatizado Freshwater Pro.
Carissa Moore segue líder entre as mulheres, mas Lakey Peterson sobe para a segunda posição, a menos de 4 mil pontos da havaiana. Sally Fitzgibbons cai para a terceira posição, e Steph Gilmore, para a quarta.
Medina uma fortaleza; Lakey cresce na hora H
As finais começam com as mulheres. Lakey Peterson consegue boas notas, mas quem sai na liderança é Johanne Defay, com nove pontos na sua direita.
Defendendo o título e com ares de favoritismo, Carissa faz na esquerda um surf ok, conservador (como todas as demais). Perde a direita no meio.
Na segunda volta, Lakey erra no final do tubo da esquerda depois de um surf bem agressivo. Completa uma direita melhor que a primeira.
Marks cai nas duas.
Johanne melhora a esquerda. Na direita, tira um tubo quase tão bom quanto o da primeira fase no outside. Destruía a onda até cair depois de uma manobra muito forte e crítica. Caiu desequilibrada, consegue se recompor mas está atrasada, entra no tubo mas cai.
Carissa vai conservadora nas duas. Na esquerda, dá pra entender. Na direita, não. Parece cansada? Prefere não arriscar por quê?
Johanne e Lakey ganham as ondas bônus.
Começam os homens. Yago arrisca muito na primeira rampa da esquerda, cai.
Julian faz melhor onda do evento na esquerda. Reverse no outside e big spin / varial / shove it como quiser chamar no inside. 9,33. Nota subvalorizada. Foi a manobra mais expressiva e inovadora do campeonato, completada com perfeição. Na direita, deixa para arriscar na última manobra, alley oop, mas erra.
Owen surfa a esquerda de um jeito novo. Pega um tubo no meio da sessão, dá um tapão de layback logo antes de entrar no segundo tubo e manda um aéreo reverse. O 8,70 é, na língua inglesa, um flagrante underscore. Amassa a direita e recebe praticamente a mesma nota, mas por um surf bem mais conservador.
Griffin faz esquerda razoável, morre no tubo da direita.
Filipe faz ótima esquerda, entuba de layback e arrisca um big spin, como Julian. Só que o seu sai um pouco mais baixo, e ele não completa.
Jordy erra o rodeo na esquerda, acerta um alley oop na direita, que sai uma nota boa mas nem tanto.
Medina parece ter uma outra relação com a piscina. Enquanto todo mundo corre atrás das ondas, ele as domina, impõe seu ritmo. Manobra mais forte, mais rápido e mais preciso. Sua primeira onda somou a isso o melhor aéreo de meio da onda e mais um kerrupt insano no final. Trêz juízes deram dez, a média saiu 9,93.
Yago e Griffin melhoram sua vida nas segundas ondas. O brasileiro sai do quase nada que tinha acumulado para ultrapassar Jordy e Ace. Na sua direita, faz o melhor tubo do campeonato, o único verdadeiramente impressionante, em que chega a desaparecer na bola de espuma para depois voltar, para surpresa de todo mundo — incluindo os cinegrafistas e editores.
Griffin vai para o quarto lugar.
Filipe cai na esquerda no meio do caminho. Faz uma direita boa, mas não troca o 9,63. Pareceu sentir muita dor ao sair da água, mas não falou a respeito. Nas costas?
Jordy cai no meio das duas, assim como Medina. Quedas com significados diferentes: Medina segue líder e Jordy é eliminado.
Lakey Peterson faz uma esquerda muito competente, melhora sua nota, e então faz uma direita excepcional. Johanne tem a chance de conquistar o título dentro da água, como tanto gosta Dirk Ziff, o CEO da WSL. Mas ela cai no meio das duas ondas. Fora da água, Lakey comemora o troféu num leve anticlímax.
Nas ondas extras dos homens, Griffin Colapinto é o primeiro. Tanto ele quanto Owen estão em combinação. O único que pode virar com uma onda apenas é Filipe.
Griffin vai bem na esquerda, sem exibir nada surpreendente, e não melhora a nota. Cai no meio da direita. Owen Wright faz novamente duas ondas boas mas sem completar nada de grande risco nas manobras finais.
A peteca cai para Filipe. E ele tem uma chance: a esquerda.
Com dor nas costas, ouve o recado de seu pai: “você só tem que trazer até a beira e acertar o aéreo rodando, só isso”.
Ele faz um pouco mais. Acerta um reverse no começo da onda, um shove it no meio dela, cai de base trocada e surfa como um goofy até chegar no tubo, bota pra dentro e… Não sai.
Gabriel Medina bicampeão.
Próxima parada: Hossegor, onde Gabriel Medina venceu sua primeira etapa do CT em 2011, e onde acumula um retrospecto de duas finais (um título, um vice) e uma semi nos últimos três anos. A partir de 3 de outubro.
Freshwater Pro – resultados – final:
Feminino: | e1 | d1 | e2 | d2 | e3 | d3 | total |
Lakey Peterson | 6.17 | 8.40 | 6.93 | 8.80 | 8.70 | 9.33 | 18.03 |
Johanne Defay | 7.83 | 9.00 | 8.60 | 7.77 | 6.83 | 6.87 | 17.60 |
Carissa Moore | 7.77 | 6.50 | 7.43 | 7.73 | xxx | xxx | 15.43 |
Caroline Marks | 5.77 | 8.17 | 5.73 | 4.00 | xxx | xxx | 13.94 |
Masculino: | e1 | d1 | e2 | d2 | e3 | d3 | total |
Gabriel Medina | 9.93 | 8.93 | 0.60 | 6.17 | xxx | xxx | 18.86 |
Filipe Toledo | 7.70 | 9.63 | 1.77 | 9.00 | 7.43 | 2.63 | 17.33 |
Owen Wright | 8.70 | 8.63 | 2.00 | 8.57 | 8.23 | 8.43 | 17.33 |
Griffin Colapinto | 7.50 | 1.83 | 8.17 | 8.27 | 8.10 | 2.60 | 16.44 |
Julian Wilson | 9.33 | 6.00 | 6.53 | 02.07 | xxx | xxx | 15.33 |
Yago Dora | 2.10 | 4.00 | 7.10 | 8.10 | xxx | xxx | 15.20 |
Adrian Buchan | 4.33 | 8.40 | 6.53 | 5.43 | xxx | xxx | 14.93 |
Jordy Smith | 5.17 | 8.90 | 3.33 | 2.93 | xxx | xxx | 14.07 |