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Filipe Toledo sobrevive à repescagem na França

Filipe Toledo sobreviveu à repescagem e a uma possível última colocação para se juntar a Gabriel Medina, Julian Wilson e Ítalo Ferreira, seus rivais na briga pelo título mundial de 2018, na abertura do Quiksilver Pro, em Hossegor, França, nesta terça (9). No primeiro dia de disputa da antepenúltima etapa do Circuito Mundial da WSL entre os homens, foram realizadas todas as baterias da primeira rodada e as duas primeiras da segunda.

A bateria mais importante foi a de abertura da segunda rodada, já no final do dia. Ela colocou frente a frente o atual líder do ranking, Filipe Toledo, e o convidado local Jorgann Couzinet, atual 8º colocado do circuito de qualificação à elite mundial e recém-coroado campeão europeu de 2018.

Veja também: Tops dão show na França durante aquecimento para o Quik Pro

No round 1, Filipe caiu diversas vezes da prancha em momentos aparentemente tranquilos. Sem conseguir executar uma linha ou manobra de impacto, terminou a bateria na segunda colocação, precisando de apenas 4,4 pontos para superar o goofy-footer australiano Connor O’Leary.

“As ondas estão bonitas daqui de fora, mas está muito complicado lá dentro”, explicou Gabriel Medina, enquanto Filipe sofria para vencer em sua estreia na França. De fato, uma ondulação limpa de até seis pés dava aparência de um excelente dia de surf. Mas os picos eram inconstantes, o que dificultava o posicionamento.

Medina usou um ataque cirúrgico de backside para conseguir a virada em uma bateria muito disputada contra Ryan Callinan e Tomas Hermes. Tominhas surfou muito, achou bons tubos e combinou um deles com um expressivo layback na saída. A linha não foi tão bem recompensada pelos juízes, que optaram por avaliar melhor um ataque crítico e progressivo ao passeio pelos canudos. Medina passou apertado, mas passou.

Durante a bateria de Gabriel, Italo Ferreira participou da transmissão ao lado de Joe Turpel e Martin Potter. Em uma das primeiras séries, Medina pareceu tentar dar a volta em Tomas para ganhar o inside, quase remando por cima de suas pernas.

Italo não se impressionou e preferiu elogiar o companheiro. Na cabine, Italo também reconheceu alguns dos erros que, ao longo do ano, impediram-no de chegar a essa reta final com ainda mais chances de título. Disse que aprendeu muito e que precisa se concentrar mais, chegar mais focado em cada etapa.

Com o mesmo backside que venceu em Bells e Keramas, Italo passou voando pelo round 1 na França

Ítalo venceu, na terceira bateria do dia, o havaiano Keanu Asing e o catarinense Yago Dora. Yago, campeão do primeiro campeonato de aéreos da história da WSL nesta segunda (8), não conseguiu se encontrar com as mudanças no banco de areia, nem completou um aéreo como os que lhe deram o título do Red Bull Airborne. Para vencer – com muito mais folga do que Medina -, o atual quarto colocado do ranking também abusou do backside.

Quem também venceu com folga, e com a melhor onda da primeira metade do dia, foi Julian Wilson. Ainda com remotas chances de título – assim como Ítalo – o australiano finalmente fez uma ótima apresentação, uma de suas primeiras neste ano. A soma final de 13,67 pontos esconde uma performance criativa, progressiva e variada. 

Em sua segunda onda, Julian botou pra dentro de um bom tubo, correu duas seções por dentro e saiu limpo, emendou direto num alley-oop com pouso perfeito e dali para uma patada na junção chutando as quilhas. Nota 8,5. A outra, 5,17, ganhou com um aéreo reverse com aterrissagem e transição muito técnicas.

Ele derrotou Wiggolly Dantas e Frederico Morais. Guigui tinha a potente patada de backside, mas não conseguiu enfileirar mais de uma na sequência. Kikas conseguiu desenhar uma linha, mas sem muita expressão e sem variar as manobras. Ambos ainda apostaram nos tubos, mas sem tamanho, profundidade ou um complemento que rendesse os pontos que Julian recebeu.

A última grande apresentação da primeira metade do dia foi do campeão mundial de 2015, Adriano de Souza.

Enquanto a maioria dos surfistas penava para se encontrar, Mineiro mostrou porque é um dos melhores do mundo. Tirou tubos limpos e com tamanho e emendou um ataque limpo, variado e preciso, sem perder a velocidade, para vencer Wade Carmichael e Miguel Pupo – ambos perdidos no line-up.

Na sequência, Ian Gouveia foi vítima do enorme carinho que o painel de juízes da WSL tem pelo veterano Adrian Buchan. Como vem acontecendo consistentemente ao longo do ano, o australiano teve uma de suas notas meticulosamente infladas, superando por 0,20 pontos um bom ataque de backside de Ian.

As condições se deterioraram de tal maneira ao longo do dia que na bateria seguinte, a nona do round 1, Michael Rodrigues, Kanoa Igarashi e Patrick Gudauskas surfaram um total de sete ondas. Michael somou 1,5 pontos: um ponto em uma onda, meio na outra. O evento foi paralisado por uma hora enquanto a organização deslocava uma estrutura móvel mais para o norte.

No novo local, ao menos um pico mostrava consistência, com uma esquerda longa e bem emparedada abrindo em todas as séries que entravam.

Foi nessas condições que os juízes entregaram as melhores médias do dia, a começar por Mickey Wright (15,30) e Griffin Colapinto (14,24) ainda no round 1. Jessé Mendes e Willian Cardoso, por outro lado, não acharam as melhores e foram à repescagem.

Ryan Callinan e a melhor manobra do dia na França

Ela começou e então foi a vez de Filipe Toledo, que descarregou toda sua tensão em uma vitória fácil.

Jorgann Couzinet, seu adversário, tinha toda a torcida da praia a seu favor, mas em momento algum ameaçou o brasileiro. A apresentação pífia do francês facilitou o trabalho de Filipinho, que foi massacrando esquerda atrás de esquerda até atingir novamente seu pico de confiança, que parecia abalado na queda anterior.

Numa crescente, o líder do ranking passou dos 8 pontos em sua melhor onda e chegou a 15,84 na soma, a melhor do dia até então.

O recorde foi derrubado pelo convidado Ryan Callinan, que eliminou o compatriota Owen Wright na segunda bateria do R2 e última do dia. Callinan encaixou uma finalização com layback na junção dessa esquerda que se mostrou a melhor manobra isolada do dia. Owen arriscou um aéreo reverse, completou por cima da espuma, mas foi dominado durante toda a bateria.

A próxima chamada está marcada para esta quarta (10), às 2h da madrugada no horário de Brasília.

Texto: Fernando Maluf
Imagens: WSL/Damien Poullenot/Laurent Masurel

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