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Estudo aponta que Homem é o maior predador da Terra

Um estudo pioneiro, com a participação do pesquisador brasileiro Mauro Galetti, mergulhou no maior banco de dados do mundo sobre a conservação de espécies e fez uma descoberta alarmante: o ser humano é o maior predador do planeta, ultrapassando animais como águias, tubarões, orcas e grandes felinos.

Os resultados dessa análise reveladora foram obtidos por onze pesquisadores de quatro países, que investigaram a interação do homem e de 19 dos maiores predadores do mundo com 47 mil espécies de vertebrados. A conclusão é impactante, pois constata que nenhum outro predador é tão voraz quanto o ser humano, que predou aproximadamente um terço do total de espécies analisadas, equivalente a cerca de 15 mil espécies.

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Comparando-se os números, o estudo revela que, entre os 19 grandes predadores analisados, a coruja águia, encontrada no Ártico, é a maior predadora no seu habitat, consumindo 552 espécies. No entanto, os seres humanos predam cerca de cinco vezes mais espécies (3.007) no mesmo nicho habitado por essas aves, e ainda competem por 65% das mesmas presas.

Essa discrepância se torna ainda mais alarmante quando comparada com outras espécies. Por exemplo, em relação à onça, o homem explora incríveis 300 vezes mais espécies. Enquanto a onça preda nove espécies de vertebrados, o homem explora 2.707 espécies no mesmo nicho.

O pesquisador Mauro Galetti, que é professor de Biodiversidade da Unesp, ressalta que o homem predomina completamente em algumas situações: “Nesse caso, o homem preda 100% das presas da onça pintada. Ou seja, competimos com ela pelas mesmas presas“.

Além disso, quando comparado com outros grandes predadores, o homem também se destaca na capacidade de caça. Por exemplo, o homem predomina 80 vezes mais que o leão em seu habitat natural. O mesmo ocorre em relação a outras espécies, como a orca, o leopardo, o lobo cinzento e o tubarão branco, em que o ser humano supera significativamente o número de presas predadas.

Homem predador tubarão ataca surfista em Margaret River
O estudo revela que, muitas vezes, quando pensamos em predadores, logo nos vêm à mente animais como tubarões ou tigres. No entanto, esses animais predam bem menos espécies se comparados ao ser humano. Foto: shutterstock

Essa análise inédita demonstra a enorme influência do ser humano no ecossistema global e destaca a necessidade urgente de ações efetivas para a conservação das espécies e do meio ambiente. O estudo serve como um alerta para a importância de repensar nossas práticas e comportamentos em relação à natureza, buscando um equilíbrio entre a convivência humana e a preservação das demais formas de vida no planeta.

O estudo revela que, muitas vezes, quando pensamos em predadores, logo nos vêm à mente animais como tubarões ou tigres. No entanto, esses animais predam bem menos espécies se comparados a um primata bípede que surgiu há aproximadamente 200 mil anos na África, o ser humano.

Ao todo, 12 pesquisadores participaram desse estudo pioneiro, incluindo o pesquisador brasileiro Mauro Galetti, juntamente com estudiosos de universidades dos Estados Unidos, Canadá e do Centro para Ecologia e Hidrologia do Reino Unido. A pesquisa completa pode ser acessada aqui.

Os oceanos são as áreas mais impactadas pela predação humana, com aproximadamente 43% das espécies marinhas sendo exploradas, principalmente peixes. Em seguida, aparecem os peixes de água doce, com 35%, e os animais terrestres, com 26%.

De acordo com o estudo, 55% das espécies exploradas são mortas para alimentação, enquanto 8% são alvo da caça esportiva. O restante é utilizado para a fabricação de remédios, venenos, roupas e ração animal. Os pesquisadores também incluíram a captura de animais para outros fins além da alimentação, considerando que o processo de predação é o mesmo, como a detecção e captura das presas.

Todas as formas de retirada de animais da natureza afetam as populações naturais, e quando um animal é capturado vivo e colocado em cativeiro, ele deixa de fazer parte da população silvestre, destaca Mauro Galetti.

O estudo também aponta que as tecnologias desenvolvidas pela evolução humana aumentaram a letalidade do ser humano como predador. Ao longo da história, a humanidade ampliou significativamente seu nicho predatório, especialmente após o desenvolvimento de técnicas de controle ambiental, como a descoberta do fogo, a prática da agricultura e a domesticação de animais.

As habilidades cognitivas e cooperativas de caça únicas entre os predadores possibilitaram o desenvolvimento de tecnologias sofisticadas, desde projéteis feitos de pedra até veículos movidos a combustíveis fósseis equipados com dispositivos sensíveis para a detecção de presas.

A voracidade humana já ameaça a extinção de 39% dos vertebrados explorados, o que pode ter um impacto devastador em todo o ecossistema. “São os animais que plantam sementes, controlam pragas, polinizam flores, movem esporos de fungos que ajudam as plantas”, explica o professor Mauro Galetti.

Diante desse cenário preocupante, a criação e proteção de reservas amplas para animais selvagens se torna essencial para a manutenção da biodiversidade na Terra. O pesquisador Mauro Galetti destaca a importância de preservar áreas na Amazônia, Pantanal e Cerrado, que podem abrigar reservas de proteção integral para proteger a diversidade de espécies e a saúde dos ecossistemas.

Fonte: UOL

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