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Escolher representar o Japão nas Olimpíadas não foi fácil para o australiano Connor O’Leary

Na saga das mudanças de nacionalidade no mundo do surf, uma nova reviravolta acaba de acontecer com o australiano Connor O’Leary. Nascido na Austrália e há muito tempo competindo sob a bandeira do país, o surfista optou por se juntar à equipe japonesa, uma escolha que tem gerado polêmica e discussões na comunidade do surf.

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O’Leary, que passou sua infância em Cronulla, na terra dos cangurus, tem raízes japonesas por meio de sua mãe, Akemi Karasawa, uma ex-campeã de surf no Japão. Essa conexão familiar ganhou destaque quando o surfista anunciou oficialmente sua mudança de nacionalidade para representar a bandeira japonesa nos eventos mundiais de surf.

O’Leary compartilhou sua motivação para a troca com a SBS, emissora de televisão australiana, enfatizando que nem sempre foi fácil assumir a sua ancestralidade oriental. “Eu passei muito tempo na infância deixando minha herança japonesa para trás, tentando me encaixar na cultura australiana e na escola.”, admitiu. “Não queria ter problemas com ninguém, nem dar motivo para que alguém dissesse alguma coisa. Então, eu passei muito tempo tentando não parecer ser japonês.”, completou.

Com o tempo, isso mudou. “À medida que fui ficando mais velho, amadureci e percebi que ser multicultural é algo tão especial. Como é legal ser australiano, mas também japonês, e eu só quero destacar isso.”, explicou ele também à emissora australiana.

Mudança oportuna?

No entanto, a mudança de nacionalidade do surfista não ocorre sem controvérsias. Alguns questionaram se essa decisão está ligada à sua não qualificação para as Olimpíadas representando a Austrália. O’Leary negou veementemente essas alegações, uma vez que ele iniciou o processo de mudança de nacionalidade em 2022, muito antes de a questão olímpica se tornar relevante.

O caso de O’Leary é semelhante ao de Kanoa Igarashi, que trocou os Estados Unidos pelo Japão antes das Olimpíadas de Tóquio 2020. As mudanças levantam discussões sobre a importância da nacionalidade no mundo olímpico do surf, onde as vagas para os Jogos são limitadas por país e gênero. Com seu atual ranking no Championship Tour em 11º lugar, O’Leary estaria provisoriamente qualificado para as Olimpíadas de Paris 2024.

No entanto, a participação do mais novo surfista japonês nas Olimpíadas de Paris não se dará dessa forma. Isso porque, sua mudança de nacionalidade ocorreu após sua participação competitiva em 2023 como australiano. Portanto, ele não poderá usar essa via de qualificação. O’Leary agora está apostando na possibilidade de ser escolhido pela federação japonesa para receber o “extra slot” (vaga extra) conquistado nos ISA World Surfing Games de 2022, em Huntington Beach.

“Há muitos jovens talentos surgindo no Japão, e espero ser o surfista que eles admiram, já que realmente só temos Kanoa (Igarashi, atual número 14 do mundo) no momento”, diz O’Leary sobre ser o favorito para ocupar a vaga extra japonesa.

Kelly Slater pode se beneficiar?

Essa situação tem implicações interessantes e até mesmo decisivas para a corrida olímpica. Se o Japão vencer o ISA World Surfing Games de 2024, a vaga extra conquistada pela equipe japonesa em 2022 será transferida para os Estados Unidos, que ficaram em segundo lugar nesse evento. Isso significa que o “The GOAT”, Kelly Slater, que é altamente reverenciado por suas habilidades em Teahupo’o, teria a oportunidade de ser escolhido para ocupar a vaga extra do país norte-americano.

A consideração de Slater como um forte candidato para essa vaga não é apenas especulação; ele expressou o desejo de se aposentar nos Jogos Olímpicos e é amplamente reconhecido como um dos melhores surfistas em Teahupo’o, o local escolhido para sediar a competição de surf em Paris 2024. Mas para isso acontecer, os Estados Unidos ou o Japão precisam levar a melhor no ISA 2024, que acontecerá em Porto Rico.

 

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