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Entrevista exclusiva: Binho Nunes sem papas na língua

Recém “aposentado”, após ter o contrato encerrado pelo seu patrocinador de longa data, Binho Nunes afirma que vai continuar a fazer o que sempre fez: surfar, tocar, pintar, shapear e dar uma assistência para os animais em apuros. A prioridade do que vai rolar a cada dia vai depender das condições que se apresentarem no momento. 

Uma coisa é certa, seu tempo livre, de aposentado aos 48 anos de idade, está bastante ocupado. Quase nem sobra oportunidade pra ficar jogando conversa fora dando palpite em assuntos aleatórios. O que ele não curte mesmo, que é para não ser mal interpretado, como muitas vezes acontece. Mas questionado, ele não foge da raia, fala o que acha, na bucha, com a convicção de quem tem pleno conhecimento de causa.

Surfista “legend” merece patrocínio? Aéreo ou tubo? Medina ou Filipinho? Fomos ver o que ele tem a dizer.

Por Adrian Kojin

Presente e passado, a vibração positiva é a mesma. Binho Nunes lembra com alegria dos tempos em que fazia parte do icônico time da HD, mas sem saudosismo, já que a vida continua muito boa agora também. Foto: Arquivo pessoal by Paloma.

AK – Após 30 anos recebendo salário como surfista profissional, você tem postado no Instagram vídeos narrando como é sua vida de aposentado…

BN – A brincadeira do aposentado, a galera tá até pedindo programa no canal Off. A vida está apenas começando, não estou derrubado, é um outro capítulo e ela fica mais engraçada. Quando tem um patrão que está ali te cobrando, você está sempre preocupado. Quando você se aposenta, você fala, agora não devo mais nada para ninguém, é um novo capítulo da minha vida, mas só que agora eu vou me satisfazer. A diferença é que eu vou surfar e fazer o que eu quiser, não tenho mais que estar fazendo a alta performance. A partir do momento que você tem um adesivo na prancha, muita gente não entende se você for lá zoar, plantar bananeira na prancha, desperdiçar onda como uma alaia, ou curtir com uma monoquilha. É muito novo esse lance no Brasil, essa cultura de que o surf é um estilo de vida muito maior que a competição. A galera quer sempre ver a performance. A aposentadoria meio que combinou com uma parte da minha vida que eu queria ver chegar. Deixar de ser competidor para fazer minhas próprias pranchas, minha marca, visando um dia cuidar dos atletas. Eu falo muito com meus amigos antigos, que estão começando pequenas empresas de surf e eles têm a mesma vontade de patrocinar os atletas e dar algo mais, como se fosse uma família realmente. Não só o dinheiro, mas uma visão mais ampla. Você faz a parada no seu tempo, quando você estiver bem, e aí veio a brincadeira do aposentado. Estou aposentado, mas vou surfar para a minha alma.

Nada mal para um “aposentado” estar pegando tubos como esse no quintal de casa. Foto: Arquivo pessoal / Douglas Cominski.

AK – Você acha que o surfista mais velho não vende mais produtos por causa da idade? Eu entendo que o marketing bem feito deve contar boas histórias. Você sendo, além de surfista, músico, artista plástico, shaper, ativista pelas causas dos animais, tem muita história para contar…

Nunca imaginei que ia ser cortado. Eu gravei no final do ano passado um programa chamado Peixe Frito pro Off, um programa mais underground, contando 24 horas da vida de certas pessoas. Tem o Yago (Dora), eu e outras pessoas. Mas talvez a Freesurf quisesse dar uma renovada, o que é direito deles. E também tem a situação do mercado de surfwear, que não está fácil. Mas o que eu vejo é assim, no Brasil o Fábio Gouveia tem essa parada, que o Alfio (Lagnado, dono da Hang Loose) sabe contar a história do Gouveia como ninguém. Então teve o filme, tem o respaldo, todo lugar que ele vai ele é reconhecido e a mãozinha também. Um exemplo legal do que os gringos fazem lá fora com surfistas mais velhos é a volta ao cenário do Margo (o australiano Brenden Margieson). Ele foi por muito tempo da Billabong, mas depois parou de surfar profissionalmente, praticamente 15 anos fora do surf, teve depressão, trabalhou em outras coisas e achou que nunca mais iria surfar para uma grande marca. A Florence, do John John e do Bob Hurley, resgatou ele, e está patrocinando o Margo que já tem 50 e poucos anos. 

Além da Florence, ele também fechou com a marca de pranchas alternativas Album, que patrocina o brasileiro Victor Bernardo. O Josh Kerr falou, “vamos botar esse cara pra dentro”, olha a visão que esse cara teve. A filosofia da Album é que surf pode ser do jeito que você quiser. Eles trouxeram um cara como o Margo, que é o legend máximo, junto com Victor Bernardo do outro lado, que é a juventude com força. A Album explodiu com as duas vertentes, o surf do Victor que é completo, é o progressivo com o clássico, e no Margo, você tem um cara premium, silver, que já passou por tudo, um cara que vão lembrar pra sempre dos filmes que ele já fez. Lá fora eles tem orgulho de ter um cara que tem uma grande história no surf dentro da sua marca, que vai contribuir, vai dar esse respaldo e vai mostrar pro mundo que aquela marca não está de brincadeira, não está botando só o zezinho do bairro ou outro qualquer. Está botando os caras top de cada lugar, em respeito a  tudo que eles podem oferecer. Voltando ao Brasil, a galera não tem muito disso, o cara começa a ficar velho e a marca já dispensa. Mesmo que o cara tenha muita história. Tipo o Dadá Figueiredo, quem não ouviu falar do Dadá Figueiredo? O Dadá Figueiredo é conhecido por todos donos de lojas, donos de grandes empresas que já surfaram, que tem todo esse amor pelo surf. É um cara que, como o Occy, o Tom Carroll, Tom Curren, Rob Machado, Shane Dorian, e tantos outros lá fora, deveria estar sendo valorizado e patrocinado.  Aqui no Brasil só pensam no lucro imediato. Vai ter essa mudança quando nós surfistas chegarmos lá, no comando das empresas, para dizer, “eu quero o pivete, o grommet, mas quero esse legend também, o Picuruta, o Dadá”.

Binho Nunes tem uma das personalidades mais instigantes do surf brasileiro, sempre buscando novas maneiras de interagir com quem acompanha sua trajetória de surfista e artista. Foto: Arquivo pessoal by Paloma.

AK – Mas o brasileiro em geral, não só no surf, não cultua tanto os ídolos do passado.

BN – É verdade, a gente não tem essa parada com a história. Eu vejo que falta muito. Por exemplo, acho que deveriam fazer um filme sobre o Brazilian Storm agora, nesse momento. Do Medina, do Toledo, para daqui a vinte anos a gente olhar pra trás e saber, pô esse cara foi fora da curva. Vai que daqui cinco anos o Instagram acaba, cadê a história? Vai todo mundo pro Tik Tok? Não tem um registro oficial, é tudo imediatista, não se pensa a longo prazo. A gente sabe que no Brasil é corda no pescoço, vende o almoço para poder jantar. Mas as empresas que estão estabilizadas, que tem um marketing forte, um pé fincado, que tem grana, não tem essa visão. O brasileiro não cultua sua história, acaba perdendo e pecando por isso. A gente vai sentir falta disso, vai se apagando e não vai ter mais. Antigamente eu ia no Google e tinha um monte de páginas com Binho Nunes, agora eu vou e tem muito menos, os sites caíram e não tem mais. Hoje é tudo muito rápido para chegar para o público em geral, mas não se torna história, é uma notícia que é apagada, vem a outra, vem a outra, no mundo moderno milhões de coisas estão ali, mas a história que é pra ser fincada passa batido. Você pode ter uma façanha muito grande, ou uma história muito bonita a ser contada, e passar batido.

Binho Nunes construiu uma relação especial com Pipeline, onde sempre foi um destaque, nas competições ou em sessões de freesurf. Foto: Arquivo pessoal / Bruno Lemos.

AK – Por falar nisso, tem uma bateria lendária sua, com o Derek Ho, em Pipeline, quando você tinha apenas 18 anos de idade e se atirou com tudo pegando altos tubos, que tem gente que coloca entre as melhores da história do Pipe Masters. Como é que faz para achar e mostrar para as novas gerações?

BN – Já teve como. Tinha em sites. Eu fiz uma mudança e trouxe todas minhas coisas pra cá, e quis organizar as coisas. Aí eu via minhas baterias, vi essa bateria, saiu uma entrevista minha no Tracks sobre essa bateria, me chamando de a nova cara do surf brasileiro. Saiu na Europa, repercutiu tanto, não só pela bateria, mas também pelo mar em Pipeline, que foi um dos maiores em competição, enorme, muito limpo, muito fotogênico. E a final entre Kelly e Occy, com Kelly levando a melhor e o título mundial. Tem um vídeo do Kleber Pires registrando essa bateria com o Derek, mas não tem mais como achar. Foi uma bateria épica, com um cara que é um legend master. Depois do Gerry Lopez, o Derek Ho é o cara mais sinistro da história de Pipeline. Fizemos uma bateria épica, o cara tirou um dez e a gente não tem registro. 

AK – Você pensa em fazer um filme da sua trajetória?

BN – Eu pensava assim, vou me aposentar e fazer um livro. Porque história do surf cada um tem a sua. Todas as histórias são marcantes. A nossa geração, que era eu, Renatinho Wanderley, Peterson Rosa, Rodrigo Dornelles, saindo da geração dos caras mais old school, que davam uns caldos na gente, tiravam onda da gente, nós pensando “os caras são foda, não vão passar nenhum macete pra gente”, então a gente penou pra trocar a guarda. Nós queríamos chegar tranquilos, na nossa. Pensávamos em mostrar uma nova visão do surf brasileiro, porque de tanto em tanto tempo tem esse ciclo. Tínhamos que ter um novo ataque para conquistar o nosso espaço. Surfista no Brasil para chegar onde ele chegou foi muita guerra. Dá um filme, dez filmes, cem filmes.

 

A capacidade que Binho tem de traçar belas linhas vai muito além das ondas. Em seus quadros ele se expressa da mesma maneira contagiante que no mar. Foto: Arquivo pessoal by Paloma.

AK – Você já falou que gringo respeita quem bota pra baixo, e suas atuações em Pipeline fizeram com que ganhasse uma reputação que permanece até hoje. O Filipe Toledo é bicampeão mundial, surfa muito, mas tem essa questão mental, tá travado em ondas como Pipeline e Teahupo’o. O que você aconselharia?

Então vamos lá, eu acho que é assim, eu sempre fui um cara que falei a real, a galera às vezes não gostava muito de mim porque a verdade dói. Uma vez, lá atrás, a galera perguntou do Mineiro (Adriano de Souza). Eu falei, “olha, o Mineiro precisa treinar em ondas grandes e aprimorar os carves”, é uma crítica que você faz para ajudar a outra pessoa. No caso do Filipe, eu não acompanhei tanto, porque é outra geração, não sei como ele veio crescendo. Eu falei pra você (em uma entrevista anterior) que eu aprendi a nadar com meu avô, ele me ensinou a andar nas pedras, eu não tenho medo de pedra, se eu entrar no mar, perder a prancha e tiver que sair num paredão, eu sei sair, porque eu aprendi a sair. Você aprende a sair por repetição, por horas fazendo aquilo ali. Quando você é criança é mais fácil, e depois aquilo não vira um bicho de sete cabeças. Então faltou esse acompanhamento para o Filipe em ondas mais pesadas, mas não desmerece quem ele é. Coisa que não faço é pagar pau pra gringo, porque gringo desmereceu muito brasileiro, e brasileiro paga muito pau pra gringo. Mas o gringo sempre tem essa preocupação, na hora se surfar as bombas, está sempre o pai lá puxando o moleque, “vamos pra Fiji, vamos pra tal lugar, é importante entubar, é mais improtante que dar o aéreo”. No Brasil, com a urgência, cada um tentando dar o aéreo, fazendo todas aquelas coisas, muitos esquecem de ter esse empenho. Quando se trata de ondas perigosas, essa repetição de você estar no mar em lugares diferentes, com pessoas diferentes, que vão te ensinar a manter a calma, é fundamental. Você lê o mar, sabe onde deveria estar, isso vai quebrando o gelo e daqui a pouco você olha e diz eu consigo estar ali. Não é que você vai estar num mar de 15 pés tirando onda, ninguém faz isso, mas é um desafio pessoal e o desafio tem a recompensa. Acho que faltou esse trabalho com o Filipe. Mas daria para consertar, só falta alguém com experiência chegar ao lado dele e treinar o Filipe. Pode ser um havaiano, igual o Raynos Hayes, que está treinando o Ítalo. Ninguém nasceu sabendo. Quando eu fui pro Havaí, eu morria de medo. Fiquei na Miss Milly, no Manicômio, e um havaiano me abraçou, porque eu estava fazendo o jardim, fazendo um monte de coisa na casa, ele falou: “vem comigo que eu vou te ensinar”. Você começa a aprender aos poucos, prestando atenção quando você está aberto pra isso. No caso do Filipe, principalmente agora que ele vai competir num lugar que é cabuloso (na Olimpíada em Teahupo’o), seria importante tentar reverter, para ele não ficar travado numa situação tão importante na carreira.  

Para pegar tubos com tanta tranquilidade em Pipeline, Binho Nunes passou por um processo de aprendizado onde escutou conselhos e observou como se comportavam aqueles com muito mais experiência no pico. Foto: Arquivo pessoal / Fabio Minduim. 

AK – Para você, que foi um dos pioneiros dos aéreos no Brasil, o que vem antes na sua escala de valor, entubar ou dar um aéreo? 

BN – Você vem da marola, vai surfando, vai crescendo, faz o QS, papapa, quando eu cheguei lá e comecei a ver meus vídeos, falei, nossa, eu preciso aprender a fazer linha, preciso aprender a surfar onda boa. Depois, quando comecei a entubar, eu disse, nossa eu preciso aprender a entubar, só fico na boca. Aprendi a dar o aéreo antes, mas quando veio o tubo eu senti que fiquei um surfista mais completo, então o tubo traz essa grandeza. Aéreo é um negócio momentâneo, em termos de satisfação até, mas o tubo você fica com aquele negócio na cabeça. O tubo diz mais, eu sou um amante do incondicional do aéreo, o bagulho tá na minha veia, desde o Christian Fletcher e todos esse pioneiros, mas o tubo tá na alma. O tubo transcende, o aéreo nem tanto, é uma explosão, uou uau, caramba eu fiz, irado, vou fazer outro. O tubo às vezes você pega uns três e diz, eu fiz meu mês. Engrandece, depois você olha os tubos que pegou e fala, caramba eu consegui pegar esses tubos, mesmo que seja só um chapéu naquele pico que sempre sonhou… E o aéreo não fica tão marcado, a não ser que seja uma aéreo gigantesco, como o 10 do Filipe em Saquarema. Mas eu ainda voto no tubo.

Binho sempre será lembrado como um dos pioneiros dos aéreos no Brasil. Três décadas voando e ele segue executando variações da manobra, como nesse dia na Joaquina em 2022. Foto: Arquivo pessoal.

AK – Dos principais surfistas do Brasil atualmente, qual você mais admira? Não vou nem falar o nome, mas tem um que é bem na sua linha.

BN – O Yago é demais, né cara? Ele é meu vizinho, eu gosto muito do surf dele, da pessoa dele, tranquilão, o cara é o artista, ele é diferenciado, dá os maiores e melhores aéreos do mundo. Ele tirou o aéreo da expression session, o que sempre foi meu sonho, talvez fosse o do Dadá Figueiredo lá atrás também, e fez os juízes aceitarem que vão ter que dar nota para isso, de tanto martelar que aquilo é bom. Gosto muito dele, um cara muito calmo, principalmente a cada ano ele está crescendo, ficando mais nervoso dentro da água. O Filipe Toledo é muito foda, Se superasse essa dificuldade, ele seria um surfista completo sem igual, o Filipe Toledo tem um talento sem igual. Como ele conduz a prancha, a velocidade, o que ele faz, a genialidade dele, só faltou essa parada da onda de consequência para ele ser um dos maiores disparados do mundo. Então, se eu fosse votar num surfista brasileiro que eu gosto muito, eu gosto do Yago, mas o Medina também é fora da curva, vai falar o que de um cara que é três vezes campeão mundial, que dá nó nos gringos, o cara chega em Pipeline e tira 10, chega em Teahupo’o, tira 11. Aí fica difícil, né? O Yago eu vi ele crescendo e gosto muito, mas eu falaria que o Medina é mais foda, porque ele toca o foda-se para a galera, ele não quer saber o que a galera fala, ele faz o dele, deveria ter cinco títulos, essa mão cheia aqui, e que tem cinco consegue ter oito, então, se você pensar nisso, ele é totalmente fora da curva.

Se você encomendar uma prancha com Binho Nunes irá receber uma obra de arte em todos os sentidos. Ele faz todas a mão, sem pressa, pois a ideia é chegar o mais próximo possível da perfeição. Foto: Arquivo pessoal by Paloma.

AK – Você se enxerga nessa geração atual a semente que vocês plantaram lá atrás?

BN – Então, a galera sempre pergunta isso, quer linkar, mas eu não sei se no Brasil tem essa galera que se espelhou lá atrás, na gente. Eles são muito novos, talvez assistiram um Surf Adventures, com uns dois aéreos, então podem ter falado, ah, aéreo é legal. Mas eu não sei se eu faço parte das influências dessa geração. Eu saí bastante na mídia na época das revistas, mas quando eu vim pro sul, em 2000, meio que abandonei tudo. Então eu não sou um cara que toda hora sou requisitado, fui meio esquecido aos poucos, eu também procurei esse lifestyle, não queria me envolver nas paradas, queria ficar mais tranquilo, teve uma época que nem queria dar entrevista, queria paz, queria surfar, estava bem com a Freesurf, fazendo uns trampos, falei, cara, quanto menos eu falar… Porque às vezes você fala e a pessoa entende o que ela quer, entende errado, você tá querendo fazer uma crítica construtiva e alguém já quer te linchar e eu nunca gostei disso. Entao eu procurei a minha paz do meu jeito e dei uma sumida da mídia, então eu não sei se eu fiz algum papel, se eu influenciei essa galera, eu creio que não, talvez os gringos me considerem mais como um tijolinho ali. Se você perguntar pro Brad Gerlach, pro Taylor Knox, eles vão dizer, que eu fiz parte da transição, eu e o Renato Wanderley, porque eles viram que a gente tinha um surf diferenciado. Eles sempre falavam, tanto que a gente tem amizade até hoje com esses caras, o Margo, o Gerlach, o Shane Dorian, esses caras que viram a gente como um surfista diferenciado, parecido com o surf deles. Eles falaram, “aí tá vindo uma coisa nova”. Então a gente só iniciou uma coisa nova, não creio que a gente faz parte hoje se a gente só iniciou. Como a mídia não amarrou essa corda, eu não creio que tenha essa influência direta neles, que criaram seu próprio surf moderno, talvez inspirados nos filmes que estavam vendo, era época do Mick Fanning dando aéreos.

A música sempre andou junto com o surf na carreira de Binho Nunes. É o combustível que o move, e de mero consumidor eles passou a protagonista, tornando sua performances sonoras também em umas das suas fontes de renda. Foto: Arquivo pessoal by Paloma.

AK – Para encerrar…

BN – Acho legal contar que vou treinar novos atletas agora, passar o bastão para a nova geração, dar uma continuidade a tudo que aprendi. E continuar no mar, lavando minha alma até quando não aguentar mais. Vou estar velhinho de bengala e vou estar no mar, porque não existe lugar melhor que o mar. Uma energia sem igual, por isso que o mar é especial. E não existe ex-surfista. As coisas podem acontecer em nossas vidas, uma porta se fecha e outra se abre, uma vez surfista, surfista até morrer, valeu, obrigado galera.

Binho nunca surfou por dinheiro, então não estar mais recebendo um salário do patrocinador não vai fazer diferença na sua relação com o oceano. Ele vai continuar lavando a alma na água salgada. Foto: Arquivo pessoal / Douglas Cominski.

+Binho Nunes encerra ciclo de 30 anos como surfista profissional



 

 

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