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Dia Mundial do Meio Ambiente, não basta celebrar é preciso agir

Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 para destacar a necessidade urgente de proteger os recursos naturais, o Dia Mundial do Meio Ambiente é celebrado nesta quarta-feira, 5 de junho. A data é especialmente importante para os surfistas, uma vez que o estilo de vida de quem surfa depende diretamente da saúde dos mares e da natureza.

Em meio ao cenário preocupante das constantes notícias sobre os impactos humanos no meio ambiente, destaca-se a crescente presença de plásticos nos oceanos e seus efeitos devastadores na vida marinha. Um exemplo significativo da gravidade da questão é a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, que na verdade compreende duas enormes áreas de lixo, uma perto do Japão e outra entre o Havaí e a Califórnia.

Equipamentos de pesca, pequenos microplásticos e todos os tipos de resíduos imagináveis se misturam nessas áreas, transformando a água em um coquetel de lixo. Cientistas estimam que 11 milhões de toneladas métricas de plástico entram anualmente nos oceanos, o equivalente a despejar um caminhão de lixo por minuto nas águas salgadas.

Microplásticos já estão em tudo que é lado

Nesse contexto, fragmentos de plástico também são encontrados nos mais diversos cantos do planeta, desde fossas oceânicas profundas até as montanhas dos Pirenéus e os mantos de gelo do Ártico. “Os microplásticos estão na nossa comida, na nossa água e até correm nas nossas veias neste momento”, disse Nick Mallos, vice-presidente de Conservação para Ocean Plastics na Ocean Conservancy.

Devido à sua leveza, os plásticos se dispersam facilmente pelo ambiente e não biodegradam, mas se fragmentam em microplásticos, que são frequentemente ingeridos por animais marinhos, causando danos e morte. Esses microplásticos acabam retornando aos humanos através da cadeia alimentar – e já foram encontrados, inclusive, no nosso coração.

Os plásticos de uso único, como sacolas, canudos e embalagens, são uma das grandes ameaças ao meio ambiente. Equipamentos de pesca perdidos também representam uma fonte significativa de poluição plástica, continuando a prejudicar a vida marinha mesmo após serem abandonados.

No contexto brasileiro, o país produz cerca de 10,33 milhões de toneladas de resíduos plásticos anualmente, com aproximadamente 3,44 milhões de toneladas com potencial para acabar no Oceano Atlântico. De acordo com o balanço publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin, o número alarmante coloca o Brasil como o 16º país que mais polui os mares e oceanos e entre os 20 principais geradores globais de resíduos plásticos de uso único.

Legislações e soluções

Embora importante, a reciclagem não é a única solução para a crise da poluição. É crucial reduzir a produção e o consumo de plásticos e implementar práticas de limpeza ambiental – para amenizar a situação que já é catastrófica. Dessa forma, legislações são passos importantes para reduzir a produção de plásticos e garantir que os materiais sejam recicláveis ou compostáveis.

Uma pesquisa global sobre o tema, realizada pela Ipsos com mais de 24.000 pessoas em 32 países, revelou que 85% das pessoas entrevistadas acreditam que um tratado global sobre poluição plástica deveria proibir os plásticos descartáveis. O consumidor brasileiro acompanha a tendência global. Aqui, também 85% dos entrevistados acreditam que é importante que as regras globais exijam que a produção mundial de plástico seja reduzida.

Nesse sentido, o Projeto de Lei 2524/2022, que segue no Senado, visa o fim da produção de plásticos descartáveis e estabelece que todo produto industrializado desse tipo deverá ser reutilizável, reciclável ou compostável. A legislação representa um passo fundamental na direção de uma economia circular para os plásticos, contribuindo para a redução dos impactos negativos da poluição desse resíduo no meio ambiente.

Para além das leis, indivíduos podem contribuir para a redução da poluição plástica adotando práticas diárias simples, como comprar alimentos a granel, usar garrafas e copos reutilizáveis, recusar sacolas convencionais de mercado e evitar outros produtos feitos de plásticos e microplásticos.

Além disso, é importante lembrar que as empresas respondem às demandas da sociedade. Portanto, é essencial que a população cobre ativamente essas corporações para que repensem suas embalagens e adotem alternativas mais sustentáveis, incentivando a redução do uso de plástico e promovendo práticas ecologicamente corretas em suas produções.

E a indústria do surf?

Recentemente, a Firewire Surfboards e a Slater Designs anunciaram que eliminarão completamente o plástico das embalagens e envios de suas pranchas até o final de 2024. Iniciativas como essas representam um passo importante na busca por um futuro mais consciente para a indústria do surf, que apesar de depender diretamente da saúde dos oceanos, ainda engatinha quando se trata de assuntos relacionados à sustentabilidade.

Apesar de algumas empresas reconhecerem a importância do desenvolvimento de métodos ecológicos, a maioria dos equipamentos de surf ainda são feitos com materiais altamente poluentes. As pranchas convencionais são fabricadas com espumas de poliuretano ou poliestireno, fibras de vidro e resina, que liberam gases extremamente prejudiciais durante sua fabricação. O neoprene, presente nas roupas de borracha, também é derivado do petróleo, assim como as parafinas usadas para melhorar a aderência das pranchas.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a responsabilidade ambiental é um compromisso de todos. Ações individuais e coletivas são cruciais para proteger os oceanos e garantir um futuro viável. Para surfistas e amantes da natureza, é um chamado para repensar, cobrar e agir, não apenas hoje, mas todos os dias.

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