Praticamente não existe surfista no mundo que nunca tenha passado por alguma dor crônica.
Esse é um problema que além dos surfistas, afeta aproximadamente 30% da população mundial, segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor – a IASP. Sendo que pelo menos 80% sofre com algum tipo de dor.
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Muito provavelmente, opiáceos acabam sendo o primeiro recurso para tratar as dores. Mas essas substâncias causam dependência química e física e ainda agridem o fígado.
No entanto, a maconha traz os mesmos efeitos analgésicos (ou até melhores) sem causar danos nem dependência.
A dor crônica pode perdurar por meses ou anos e geralmente é diagnosticada a partir de três meses de duração mesmo que tenha desaparecido. Pode atingir pessoas de todas as idades e surge a partir de muitas causas, como problemas lombares, lesões musculares, herpes-zoster, cefaléia, enxaqueca, fibromialgia, osteoartrite e câncer.
O Subcomitê de Taxonomia define dor crônica como “experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”, definição aceita pelo Conselho da
Muitas vezes a dor crônica afeta hábitos de vida diários das pessoas; pode causar insônia ou má qualidade do sono; irritabilidade; depressão; alterações de humor; ansiedade; fadiga; perda de interesse pelas atividades rotineiras diárias, entre muitas outras consequências.
Cannabis para dor crônica
Em julho de 2019, um grupo de cientistas da Universidade de Guelph (Canadá) realizou um estudo para identificar as moléculas da cannabis que ajudam no combate à dor.
O estudo publicado pela revista Phytochemistry explica que pesquisadores usaram uma combinação genômica e bioquímica para descobrir de que forma a planta produz canflavina A e canflavina B, duas moléculas que são 30 vezes melhores para combater inflamação do que a aspirina, por exemplo.
Além disso, o estudo brasileiro “Uso de canabinoides na dor crônica e em cuidados paliativos”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicado na Revista Brasileira de Anestesiologia em 2008, mostrou que o THC puro e respectivos análogos apresentam aplicabilidade clínica, o que demonstra os benefícios contra diversos tipos de dor, inclusive a neuropática.
“Portanto, o desenvolvimento das substâncias sintéticas puras, buscando atenuação de efeitos psicoativos indesejáveis, aponta para perspectivas favoráveis no futuro”, escreve a plataforma de conhecimentos e negócios voltada ao uso medicinal da cannabis Sechat.com.br.
A plataforma aponta que a dor é tida como uma das patologias com mais estudos. Entre 54 estudos encontrados em artigos de bancos de dados como SciELO, PubMed, Lilacs e Google Acadêmico sobre dor crônica, 22 foram utilizados como referência da revisão sistemática chamada “Cannabis sativa – Uso de fitocanabinoides para o tratamento da Dor Crônica”.
No resumo do artigo, é possível conferir a síntese do objetivo dos pesquisadores, bem como a eficácia comprovada dos amplos benefícios da cannabis sobre a dor crônica. Leia:
“Este artigo, tem como objetivo, a desconstrução do ideal de que a Cannabis sativa é somente uma das drogas de abuso, da classe dos alucinógenos mais utilizadas no mundo, pois apesar de sua imagem negativa, este estudo busca apresentar que estão surgindo muitas pesquisas referentes ao seu uso medicinal, com resultados relevantes para seu uso terapêutico23. A Cannabis possui mais de sessenta fitocanabinóides farmacologicamente ativos 10 e o fitocanabinóides relacionado a atividade psicoativa da Cannabis é chamado de Δ9-tetrahidrocanabinol (THC), porém também foi constatado através de análises que a mesma substância apresenta ações farmacológicas, com propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, estimulante de apetite, broncodilatador e a ação na redução da pressão ocular8. Outro fitocanabinóides que possui efeito farmacológico é o canabidiol, uma vez que o mesmo está relacionado a efeitos ansiolíticos, antieméticos, antipsicóticos, imunomoduladores, entre outros9. Para chegar as suposições que a Cannabis possui efeitos terapêuticos na dor, foram necessários estudos baseados na fisiologia da dor, porém o atual tratamento feito por canabinóides não são de primeira escolha, sendo apenas considerado quando há resistência aos tratamentos convencionais10 .”
Com informações do sechat.com.br