Pela primeira vez na história moderna dos 125 anos das Olimpíadas, atletas de elite falam abertamente sobre o uso de produtos feitos a partir da cannabis para prepará-los para o maior palco esportivo do mundo.
Em entrevista exclusiva à Forbes, a estrela da seleção olímpica feminina de futebol dos EUA, Megan Rapinoe, diz que aderiu ao CBD em sua rotina e relata os benefícios à sua saúde. Ela conta que o CBD foi seu grande aliado pré-olímpico; defende o uso dos demais canabinoides, como o THC, trazendo à tona o caso de Sha’Carri Richardson. Ela também aborda a necessidade urgente de uma reforma política a respeito da Cannabis, incluindo um olhar social.
Rapinoe, medalhista de ouro olímpica, disse que incorpora o CBD em sua rotina de treinos com produtos da Mendi, uma empresa fundada por sua irmã Rachael Rapinoe e Brett Schwager.
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A Mendi cria produtos de canabidiol (CBD) derivado do cânhamo, que fornecem aos atletas soluções naturais de bem-estar para ajudá-los a se recuperar melhor e ter o melhor desempenho.
“Nós realmente acreditamos que há um movimento e uma enxurrada de pessoas querendo medicamentos alternativos mais saudáveis. Eles não querem o que normalmente nos é prescrito neste país, sejam remédios sem prescrição, opiáceos prescritos, pílulas para dormir ou várias ferramentas para ajudar com o estresse e a ansiedade”, disse Rachael Rapinoe em uma entrevista À FORBES via Zoom.
Além de Megan Rapinoe, a equipe de embaixadores atletas de Mendi nas Olimpíadas de Tóquio, inclui o corredor de obstáculos Devon Allen, a defensora de softebol Hayley McCleney e a campeã da WNBA e quatro vezes medalhista de ouro olímpica Sue Bird, que está noiva de Megan e foi porta-bandeira na cerimônia de abertura olímpica.
No entanto, embora os atletas usem CBD antes da competição, eles não podem levar ao Japão as gomas e os bastões tópicos de que dependem para aliviar o estresse e a tensão da competição. Dado o ambiente regulatório que torna arriscado o transporte de produtos feitos de cannabis (incluindo cânhamo) através das fronteiras internacionais e as rígidas leis anticannabis do Japão, é mais seguro deixar seu regime de CBD em casa.
“Embora a cannabis esteja no palco mundial pela primeira vez, não estamos dizendo que ela está lá em Tóquio”, ela enfatiza. “O que estamos dizendo é: ‘estivemos lá na jornada para levar esses atletas ao maior palco do mundo, e eles têm levado nossos produtos todos os dias durante o último ano ou dois anos para ajudá-los com ganhos marginais’. Toda vez que você tiver uma noite de sono melhor, toda vez que se recuperar melhor da última bateria de exercícios, seu desempenho será melhor da próxima vez.”
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Mudança de opinião sobre cannabis e esportes
A Agência Mundial Antidoping (WADA) removeu o CBD (mas não outros canabinoides) de sua lista de substâncias proibidas em setembro de 2017. Mas a mudança não entrou em vigor até 1º de janeiro de 2018, dando aos atletas olímpicos pouco tempo para incorporar o CBD em seus programas de treinamento para os jogos de inverno realizados no mês seguinte na Coreia do Sul, outro país com leis rígidas sobre a cannabis. A legalização do cânhamo nos EUA por meio da Farm Bill 2018 reduziu ainda mais o risco percebido de usar o CBD para muitos atletas.
O THC, no entanto, continua na lista de substâncias proibidas, como grande parte do mundo aprendeu no início deste mês com a suspensão e desqualificação da velocista e esperança olímpica Sha’Carri Richardson depois que ela testou positivo para o composto.
Rachael diz que durante seu tempo como jogadora de futebol profissional muitas vezes lhe prescreveram drogas poderosas, incluindo opiáceos, para ajudá-la a controlar a dor dos muitos ferimentos que sofreu. Infelizmente, remédios naturais eficazes não estavam disponíveis, um fato que não caiu bem para ela.
“Eu venho de uma longa história de dependência de drogas na minha família, particularmente heroína e opiáceos”, explica ela. “Portanto, tenho uma relação emocional interessante com as drogas.”
Com a mudança na política da WADA que permite que os atletas aproveitem os benefícios do canabidiol, Megan diz que tem usado uma variedade de formulações de CBD que a ajudam a se manter no topo de seu jogo.
“O CBD se tornou parte do meu sistema de recuperação totalmente natural que uso ao longo do dia para ajudar com a dor e a inflamação, estabilizar meu humor e dormir melhor. Em vez de tomar Advil ou outros medicamentos para o controle da dor, substituí quase exclusivamente por produtos de CBD da Mendi”, escreve Megan Rapinoe à forbes por e-mail. “Eu uso logo após o treino, tomo uma goma ou cápsula de gel para dor e para me acalmar, depois outra goma à tarde para relaxar, depois a tintura à noite um pouco antes de deitar para dormir melhor. É realmente parte do meu dia inteiro.”
Megan diz que além de aliviar seus males físicos, as gomas com CBD que ela toma diariamente ajudam seu humor e saúde mental.
“É o meu preferido para me acalmar depois de um treino ou jogo duro, bem como para dormir,” explica ela. “Percebi uma diferença significativa em meus níveis de estresse e ansiedade quando uso consistentemente os produtos Mendi de CBD e quando não uso.”
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“O THC também deveria estar disponível aos atletas.”
Com o CBD agora permitido pelas regras da WADA, muitos atletas olham para o futuro em que toda a planta de cannabis, incluindo o THC, estará disponível para seu uso. Até então, o uso da maconha como fonte de canabinoides continuará sendo uma proposta arriscada.
“Sha’Carri Richardson, infelizmente, queria usar uma alternativa mais saudável para controlar o estresse que estava acontecendo em sua vida, e agora ela foi banida da Olimpíada deste ano”, diz Rachael. “Cada atleta deve ter o mesmo acesso que todos os outros estadunidenses têm para lidar com o estresse da vida”, observando que “as políticas existentes não estão funcionando.”
Megan concorda, dizendo que a maconha, o THC e todos os canabinoides disponíveis ao público em muitas jurisdições também deveriam estar disponíveis para os atletas.
“Espera-se que atuemos nos palcos maiores e nos níveis mais altos, mas não podemos usar produtos totalmente naturais para nos ajudar na recuperação,” escreve ela. “Não está certo e essas políticas precisam ser alteradas para refletir onde está nossa cultura.”
Megan também observou que as regras e leis que proíbem a cannabis têm sido rotineiramente aplicadas de forma desproporcional, com comunidades de cor muitas vezes suportando o impacto da proibição. Ela diz que é hora de “reconhecer os danos que essas políticas e leis em torno do THC causaram” e expandir a reforma da política de cannabis para todos.
“O efeito social em termos de justiça social que a maconha teve neste país é simplesmente absurdo”, diz Megan. “Há tantas pessoas, principalmente negras e pardas, sentadas na prisão por mais de 10 ou 20 anos por causa da maconha, e isso é completamente desnecessário. De uma perspectiva social, estamos muito atrasados para a legalização da cannabis.”