Na semana passada a World Surf League (WSL) anunciou que adotará a política transgênero da International Surfing Association (ISA) em todos os seus circuitos.
Esta nova política, de efeito imediato, determina que mulheres transgênero mantenham um nível de testosterona inferior a 5 nmol/L (nanomoles por litro) continuamente nos 12 meses anteriores para serem elegíveis para competir em um evento feminino.
A decisão acompanha as mudanças de regra do COI – Comitê Olímpico Internacional – para pessoas transgênero, anunciadas no final de 2021.
Pela nova regra do COI, os níveis de testosterona deixam de ser pré-requisito para atletas trans nas Olimpíadas.
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No momento, a comunidade científica debate se os hormônios andrógenos, como a testosterona, são parâmetros úteis para se medir a vantagem atlética.
As novas diretrizes também se aplicam a atletas com distúrbios de diferenciação sexual (DDS), como a corredora de 800 metros sul-africana Caster Semenya, cujos níveis de testosterona foram registrados como altos demais para competir como mulher em alguns eventos.
No caso da WSL e ISA, a nova regra, em tese, passa a valer já nas eliminatórias para o surf nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
No domingo (05), a surfista profissional havaiana Bethany Hamilton usou sua conta de 2,1 milhões de seguidores no Instagram para questionar a decisão da WSL.
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Considerada uma celebridade mundial do esporte, por sua incrível história de superação ao construir uma bem sucedida carreira como surfistas profissional após perder o braço, ainda criança, devido a um ataque de tubarão, Bethany é autora de diversos livros e teve sua história de vida retratada no cinema em “Soul Surfer”. Ela também mantém uma fundação, a “Friends of Bethany”, que apoia sobreviventes de ataques de tubarão, amputados traumáticos e viaja a várias partes do mundo ministrando palestras de forma voluntária para a igreja pentecostal da qual faz parte.
Em sua postagem, Bethany disse “amar por toda as pessoas e humanos independentemente de quaisquer diferenças“, mas estava “bastante preocupada” com a decisão da WSL e como isso afetará os rumos do surf profissional feminino.
Ela ainda disse que muitas surfistas estariam descontentes com a situação, mas optaram por não se pronunciar temendo represálias da WSL.
Sem comentar sobre as discussões acadêmicas acerca do assunto, Bethany questiona se os níveis hormonais seriam uma representação honesta e precisa para definir se alguém realmente é homem ou mulher, e também questiona se o prazo de 12 meses de testes, estabelecido pela WSL, seria suficiente para a tomada de decisão. A havaiana disse que nenhuma das 17 competidoras do CT foi ouvida sobre a decisão.
Até o momento em que essa matéria vai ao ar, a postagem tem mais de 15 mil comentários (a maioria defendendo o ponto de vista de Bethany).
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