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Após perder o irmão em um ataque de tubarão, Avo Ndamase ainda vê o oceano como um lugar sagrado

Quando menino, o surfista sul-africano Avo Ndamase sempre soube que seu futuro estava no oceano.

“Era meio inevitável”, disse ele ao canal CNN Sport. “Porque cresci na praia, poderia ter sido um pescador; poderia ter sido um salva-vidas. Mas seria no mar. Eu amo tanto o oceano.”

Ndamase morava a apenas 300 metros da água em Port St. Johns, uma pequena cidade na Wild Coast, na província de Eastern Cape: “Se eu não surfasse, não posso imaginar como seria minha vida.”

“O oceano sempre me trouxe muita coisa”, diz o surfista. Contudo, também lhe tirou. Em 2011, Ndamase assistiu impotente a um ataque de tubarão fatal a seu irmão mais novo bem em sua frente.

Ataque de tubarão e uma “bomba de sangue”

Ataque de tubarão
Ndamase (à frente) e seu irmão caçula, morto no ataque de tubarão. Foto: Arquivo pessoal

Se Ndamase fala sobre o assunto com um ar filosófico, não há dúvida do quão traumática foi essa experiência.

Ele diz que não dói mais, mas prefere não insistir nos detalhes. Alguns anos atrás, ele descreveu a cena como assistir a uma “bomba de sangue” debaixo d’água, e é enfático ao afirmar que esta foi, e muito provavelmente será a pior experiência de sua vida.

Perder seu irmão de forma tão traumática fez com que Ndamase ficasse fora da água por um tempo, mas a vontade de surfar falou mais alto e quando voltou para as ondas, a natureza deu-lhe as ferramentas para sua reabilitação: “Não fiz muita terapia porque tinha o oceano; o oceano é a minha terapia”.

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“Você sabe, as pessoas podem viver perto do mar e é tudo lindo, mas um dia vem um tsunami e o oceano passa a ser visto como um inimigo. Eu acho que o mar deveria apenas ser um lugar que nos lembre de como somos pequenos e como devemos cuidar uns dos outros.”

Em 2020, Ndamase celebrou seu irmão e sua conexão com a natureza em um curta-metragem chamado “Amanzi Olwandle (Ocean Water)”.

ataque de tubarão
O free surfer diz que sempre sente a presença do irmão quando está no mar. Foto: Arquivo pessoal

O filme, produzido por Timothy Way, mostra o vínculo entre os irmãos, a tristeza da passagem, mas a celebração de sua vida, e Ndamase diz que ainda pode sentir a presença de Zama cada vez que está surfando.

Ele explicou: “Algumas pessoas espirituais disseram: ‘Você sabe, seu irmão está bem ao seu lado o tempo todo’, e eu senti isso; eu sinto que ele é muito próximo de mim.”

Embora não tenha conseguido proteger seu irmão do tubarão, ele pode sentir que Zama está cuidando dele. “Eu sei que ele está lá, sempre cuidando de mim. Eu sou muito grato por ter uma pessoa assim em minha vida desde tenra idade.”

“Amanzi Olwandle” arrecadou o primeiro prêmio de $ 200.000, no My Røde Reel Awards, em 2020, vencendo as inscrições de 113 países ao redor do mundo.

Ganhar prêmios nunca foi a intenção expressa do projeto, mas o ganho financeiro certamente foi bem-vindo. “Foi como uma sensação de alívio porque nunca falamos realmente sobre o que aconteceria se ganhássemos. Mas foi realmente enorme; ajudou muito a minha família”, revela o surfista.

O oceano sempre lhe trouxe muita coisa.

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