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Alma Panamericana revisitada: 35 anos depois, Adrian Kojin refaz icônica viagem

texto Alexandra Marques

Imagine isto: o ano é 1987, você está na Califórnia e parte para uma viagem sobre duas rodas de uma motocicleta com uma prancha nas costas. Seu destino final é o Brasil. Você é surfista e portanto têm algo intrínseco a todo surfista: a alma viajante. Você também é dotado de muita fé, afinal, atravessará 14 países, muitos deles em polvorosa por conta turbulências sociais e políticas, como guerras civis e guerrilhas do narcotráfico.

Só que você carrega em sua aura a inocência de ser surfista e somente se ocupar de ondas, o que lhe confere certa proteção natural. Ao longo do percurso, fará amigos e encontrará uma série de ondas perfeitas. Muito provavelmente, quebrando sem ninguém. O acesso nem sempre será fácil, mas a recompensa será impagável.

Lembrando apenas que no caso de qualquer perrengue, não tem internet, nem celular ou orelhão… Tampouco, a não ser que você tenha muita sorte, algum hospital por perto. E, claro, sem cartão de crédito.

CONFIRA: HARDCORE Especial – 30 anos de surf

E aí: você partiria para essa jornada de 25 mil km pelas Américas?

O surfista Adrian Kojin, jornalista especializado em surf e aventura e Editor Especial da HARDCORE, completou essa viagem há 35 anos e a partir do próximo 13 de agosto, revisitará essa trip.

Adrian Kojin. Alma Panamericana é o nome do seu livro, lançado em 2005 pela editora Gaia.

“Transformou minha vida”, diz Kojin sobre a aventura épica movida pela paixão pelo surf,  que lhe abriu portas para uma carreira, a de jornalista de surf, e também originou o livro “Alma-Panamericana – Uma Aventura de 25 mil km por 14 países”, escrito a partir dos diários da viagem.

“Mas isso não aconteceu por acaso”, ele disse em entrevista recente ao Surfline.com. “Havia estudado jornalismo no Brasil antes de desistir e me mudar para a Califórnia para ficar mais perto das ondas. Enquanto morava em Huntington Beach, também tive aulas de fotografia e um curso que redefiniria minha vida: “Viajar, escrever e vender”.

Na trip, Kojin se lançou em uma Aventura de 25 mil km por 14 países.

Por que revisitar a viagem?  

A intenção dele é traçar o paralelo entre a trajetória pela Estrada Panamericana há 35 anos e atualmente, e assim, dar vida ao documentário “Pan American Soul 2022”.

“Ao mesmo tempo, pretendo perseguir a história do surf nas Américas, sempre conectado às questões sociais e ambientais locais”, enfatiza Kojin.

Desta vez Kojin atravessará os 14 países da rota original com uma minivan e utilizará uma bicicleta elétrica com rack de prancha acoplado na lateral para explorar os picos mais remotos.

Alma Panamericana, 2022
Tudo pronto para a nova aventura.

Ele prevê duração de 8 a 9 meses, tempo necessário para cobrir a janela da possibilidade de ondas de excelência pelo caminho.

Kojin viajará com orçamento enxuto, o que segundo ele, não é problema.

“Com menos dinheiro, você tem mais aventura e interação com a população local, e é isso que eu procuro. Exatamente como aconteceu na viagem original em 1987.”

Going For It 

Para fazer este documentário acontecer, Kojin lançou uma campanha de crowdfunding de forma independente. É a primeira vez que ele faz algo do tipo, e assim ele pretende levantar fundos para realizar o doc.

Ele quer arrecadar 20 mil dólares, recursos que segundo ele serão usados ​​inicialmente para pagar despesas do começo do projeto documental.

Alma Panamericana, 1987: “Seja um viajante de surf, não um turista de surf,” entoa Kojin.

“A partir dessa rede, conseguirei apresentar um documentário que informará as pessoas e irá inspirá-las a viajar de forma parecida; ou realizar qualquer viagem que queiram. Quando viajamos, aprendemos mais sobre os outros e sobre nós mesmos. Acredito que encorajar as pessoas a sair e explorar é uma maneira de ajudar a humanidade rumo a um futuro melhor”, exalta Kojin.

Alma Panamericana, 1987.

“Estão incluídos edição, direção de arte e publicação dos livros [o Alma Panamericana será traduzido para o inglês, com versões digital, impressa e de livro de mesa], camisetas e impressões em tela [customizadas com fotos da viagem de 1987] que ofereço como recompensa. Além disso, pelo menos parte do equipamento de câmera que usarei foi adquirido. Com isso coberto, as seguintes despesas serão as taxas cobradas pelos fotógrafos e videomakers, somando-se a isso o pagamento de diárias,” diz Kojin, que continuará trabalhando para arrecadar fundos enquanto estiver na estrada.

Resgate das raízes; surfistas na vanguarda

“Seja um viajante de surf, não um turista de surf,” entoa Kojin. Para ele, a forma como agimos ao viajar é fundamental para o desfecho da viagem.

Ele conta que sempre acreditou que surfistas, e aventureiros em geral, têm grande responsabilidade em ajudar a preservar o modo de vida e a cultura das comunidades locais com as quais interagem.

Alma Panamericana, 1987.

“Os surfistas estão na vanguarda da proteção de muitos pontos ameaçados pelo superdesenvolvimento. Mas temos de olhar também para o outro lado da moeda. Seria cínico não admitir que, de certa forma, os surfistas foram os responsáveis ​​por abrir as estradas que levaram à popularização de lugares antes desconhecidos das massas.”

É praticamente impossível viajar sem deixar algum tipo de impacto, ele sinaliza. Para ele, o documentário “Pan-American Soul” servirá como ferramenta para inspirar as pessoas a terem consciência do que fazem enquanto estão na estrada, com resultado positivo.

Toda a jornada será coberta nas redes sociais, com bastidores da realização do documentário.

Acompanhe a rota pelo @panamericansoul2022. Clique aqui para apoiar o projeto “Pan American Soul 2022”.

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