Pela segunda vez na história, o surf fez parte dos Jogos Olímpicos. Na primeira edição, em Tóquio, Italo Ferreira levou a medalha de ouro para o Brasil. Dessa vez, no Taiti, Tatiana Weston-Webb faturou a medalha de prata e Gabriel Medina a de bronze.
Apontado como favorito à conquista da medalha de ouro, Gabriel Medina acabou perdendo na semifinal para o australiano Jack Robinson em bateria praticamente sem ondas, onde o brasileiro conseguiu surfar uma única vez.
Quando foi derrotado por Kanoa Igarashi em Tóquio, Medina nitidamente “sentiu o baque”, surfando de forma quase apática contra Owen Wright na disputa pelo bronze – e acabou perdendo. Dessa vez, porém, o que se viu foi uma mudança de postura. De cabeça erguida, Gabriel Medina mostrou muita garra na disputa contra o peruano Alonso Correa e conquistou pela primeira vez na carreira uma medalha olímpica, a de bronze.
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Nas entrevistas após a conquista, Gabriel demonstrou uma alegria e leveza que muitos atribuem à volta de uma boa relação com sua família e da presença de Charles Saldanha ao seu lado. Embora o atual treinador de Medina seja o australiano Andy King, Charles, que foi seu técnico até dezembro de 2020, “Charlão” esteve presente durante as Olimpíadas para apoiá-lo.
“A medalha é uma dedicatória para ele. Significa muito para nós, depois de alguns anos sem viajar juntos, a gente retomou aqui em Teahupoo. Não tinha como ser diferente, uma medalha pro Charlão, que eu sempre chamei, que sempre esteve do meu lado, sempre me ajudou bastante, e é por isso que eu surfo também. Significa muito eles me assistindo, minha mãe, minha irmã, então, eu fico feliz de deixar minha família feliz, então é mais que uma medalha de bronze essa conquista“, declarou Medina à TV Globo.
Charlão também destacou a importância do bronze: “Ele ganhou um bronze, não é que ele perdeu o ouro, ele ganhou um bronze e ele honrou a gente. Não é fácil ganhar uma medalha, são muitos surfistas que chegam aqui. A gente depende também da natureza, como aconteceu na semifinal. Então não é fácil você, num campeonato mundial de nível excelente, fazer um terceiro lugar. Então eu considero isso uma vitória, uma medalha ganha.”
Mostrando felicidade, Medina, por sua vez, refletiu sobre a imprevisibilidade do esporte e a importância de lidar com as condições naturais: “É isso, é o mar, a gente tem que saber lidar com a natureza. Esse mar aqui já me ajudou bastante, então não posso reclamar e tô levando uma medalha para casa, feliz de ter deixado todo mundo orgulhoso, de ter conquistado [a medalha] foi para isso que vim aqui. O ouro não veio dessa vez, mas sou medalhista olímpico“.
Demonstrando uma leveza e maturidade crescentes, Medina mostrou no Taiti uma evolução pessoal e profissional extremamente positiva, tanto para a conquista de futuros títulos mundiais e, porque não, para a buscar uma merecida medalha de ouro nas próximas Olimpíadas, em Los Angeles 2028.