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ONG busca trazer sustentabilidade para parques de surf

Com o mundo do surf prestes a sentir o impacto da explosão de parques de surf ao redor do planeta (veja matéria aqui), uma ONG sediada em San Diego, na Califórnia, lançou um programa de certificação para promover práticas sustentáveis nesse setor. A iniciativa, chamada STOKE (Sustainable Tourism and Outdoors Kit for Evaluation), visa orientar e reconhecer operadores de piscinas de ondas em relação às melhores práticas ambientais.

Fundada em 2013 e abrigada no Centro de Pesquisa de Surf da Universidade Estadual de San Diego, a STOKE oferece padrões de sustentabilidade desenvolvidos especificamente para destinos de surf e neve, bem como piscinas de ondas. Seu objetivo é preencher uma lacuna na certificação de sustentabilidade, oferecendo orientações adaptadas às necessidades e desafios específicos enfrentados por cada empreendimento.

“Eu sempre estive preocupado que os parques de surf pudessem se tornar uma mancha embaraçosa no surf se fossem construídos sem atenção ao meio ambiente, às comunidades em que habitam ou ao impacto em economias locais e meios de subsistência”, disse Jess Ponting, cofundador da STOKE.

Como funciona o certificado STOKE

O programa STOKE oferece um roteiro abrangente e fácil de usar para desenvolvedores e operadores de complexos de piscinas de ondas, garantindo que saibam o que envolve uma boa prática de sustentabilidade em todas as áreas relevantes. Além disso, permite que os clientes identifiquem facilmente se um parque de surf seguiu essas práticas.

Para aqueles interessados em obter a certificação STOKE, o processo ocorre em três estágios:

  1. Quando se tornam membros, os parques de surf recebem uma conta na plataforma STOKE e podem progredir através dos 90 critérios em uma autoavaliação utilizando os guias fornecidos, estudos de caso, relatórios de impacto e relatórios de progresso.
  2. Uma vez avaliados, os parques de surf podem utilizar as ferramentas, modelos, descontos de afiliados e recursos de colaboração da plataforma STOKE para aumentar sua pontuação e carregar as evidências necessárias.
  3. Por fim, quando estiverem prontos, uma avaliação no local é realizada no parque de surf para verificar todas as reivindicações de sustentabilidade e coletar evidências restantes. Se o parque de surf passar na avaliação, um perfil web personalizado é criado e comunicados de imprensa conjuntos são desenvolvidos.

Embora Jess mencione que nenhum parque de surf tenha alcançado a certificação STOKE até o momento, vários empreendimentos parecem estar preparados para passar por uma avaliação no local.

“Espero que várias piscinas de ondas alcancem o nível de certificação ‘sustentável’ e não ficaria surpreso se um ou dois dos parques de surf em desenvolvimento com os quais estamos trabalhando obtivessem a certificação de ‘melhores práticas'”, disse Jess.

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E o retorno financeiro?

Ainda que seja benéfico ao meio ambiente, surge a dúvida quanto ao retorno financeiro do investimento em sustentabilidade. Se por um lado, a variação entre os projetos não permite generalizar os benefícios econômicos, por outro, é fato que em locais onde as instalações são capazes de operar de forma totalmente autossuficiente – através da energia solar e da coleta de água da chuva – há a perspectiva de significativas economias ao longo do tempo.

“Na maioria das geografias, é possível gerar energias renováveis ou escolher um fornecedor renovável da rede. Já existe um exemplo de parque de surf com energia positiva no The Wave Bristol”, disse Jess. “Um dos maiores problemas que enfrentamos é o concreto; uma bacia de ondas de concreto com vários acres de tamanho equivale a uma GRANDE quantidade de carbono incorporado.”

Ele também reconhece que a tomada de decisões com sustentabilidade começa com a seleção do local. O parque de surf vai reabilitar terrenos industriais contaminados anteriormente desenvolvidos perto da rede e dos transportes públicos ou desmatar um local rural que abriga espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção?

Nesse aspecto, alguns empreendimentos enfrentam resistência. Recentemente, o Surfland Brasil, a piscina de ondas de Garopaba (SC), recebeu críticas ambientais por não estar em conformidade com as melhores práticas. A Justiça Federal determinou que a Surfland Brasil apresentasse uma proposta de acordo sobre questionamentos ambientais feitos em ação do Ministério Público Federal. Entre as preocupações levantadas está a falta de contemplação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) nas licenças obtidas pelo empreendimento e a construção em Área de Preservação Ambiental (APA).

O que pensa o consumidor

O Relatório de Tendências de Consumo de 2023 do Surf Park Central mostrou que 90% dos surfistas escolheriam um parque de surf que pudesse demonstrar suas práticas sustentáveis em vez de outro que não pudesse, e que 92% dos surfistas estão dispostos a pagar 13,75% adicionais a mais por uma experiência comprovadamente sustentável no parque de surf.

O gasto médio diário em parques de surf em todos os grupos de usuários foi de US$ 290, o que significa que uma posição de liderança em sustentabilidade demonstrável agrega US$ 40 de valor a cada visita para 92% dos usuários de parques de surf. Esses números refletem o crescente interesse e valor atribuído à sustentabilidade pelos consumidores.

Enquanto o debate sobre a sustentabilidade dos parques de surf continua, iniciativas como a STOKE facilitam o caminho para que esses empreendimentos possam minimizar seu impacto ambiental e operar de maneira mais responsável.

Com a conscientização sobre questões ambientais aumentando em todo o mundo, é provável que a demanda por parques de surf ecologicamente corretos também cresça. A certificação pode desempenhar um papel crucial nesse processo, estabelecendo um padrão global para a sustentabilidade no setor que tanto cresce.

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