A campeã olímpica e pentacampeã mundial, a havaiana Carissa Moore, é a surfista mais bem paga pela Red Bull, ultrapassando inclusive o líder do ranking masculino, o norte-americano, Griffin Colapinto. A informação foi divulgada pela Stab Magazine em sua série “How Surfers Get Paid” (Como os Surfistas São Pagos?), que, neste terceiro episódio, abordou a “sexualização do surf feminino”.
O ranking de pagamentos da Red Bull, segundo a Stab, mostra que a marca, ao contrário do que acontece de maneira geral no mercado de surf, muitas vezes, paga igual ou mais às mulheres surfistas do que aos homens. Carissa lidera com US$ 599.000 anuais, seguida por Griffin Colapinto com US$ 563.000 e Caitlin Simmers com US$ 541.000.
É de se notar também, que o campeão olímpico e mundial de 2019, o brasileiro Italo Ferreira, aparece apenas em oitavo lugar, com US$ 222.000, menos da metade do que recebe o californiano Griffin Colapinto, que nunca ganhou um título mundial ou olímpico. O que, supostamente, deve estar relacionado à sua nacionalidade, segundo uma ótica de que sua imagem teria uma força restrita no mercado mundial, ainda que sólida no brasileiro, onde é o número um em vencimentos da Red Bull.
O assunto do episódio é a sexualização do surf feminino e como isso se deu ao longo da história do esporte. De acordo com a narrativa, por um período longo demais, que só agora está sendo superado, para serem bem pagas as surfistas tinham que se submeter a imposições do mercado, que as colocavam na posição de objeto do desejo masculino e não de atletas. Apesar dos avanços na igualdade de gênero nos últimos anos – inclusive com a paridade da premiação nas competições da WSL – as mulheres continuam a enfrentar pressões para se adequarem a estereótipos de beleza. Essa ênfase na imagem pode dificultar as conquistas esportivas, impedindo que as surfistas atinjam seu verdadeiro potencial como atletas.
Se por um lado, a notícia da Red Bull pagar mais a uma mulher do que a um homem representa um passo importante para a igualdade de gênero no surf, por outro é sabido que ainda há muito a ser feito para que a categoria feminina seja devidamente valorizada no esporte.
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Além disso, a disparidade de renda entre os surfistas nativos de países desenvolvidos e os demais também é um problema que precisa ser debatido – e que ficou ainda mais evidente com a lista da Red Bull. O surf precisa ser mais inclusivo e oferecer oportunidades iguais para todos os surfistas, independentemente de seu sexo ou origem.
A lista completa dos salários da Red Bull é a seguinte:
- Carissa Moore – US$ 599.000
- Griffin Colapinto – US$ 562.000
- Caitlin Simmers – US$ 541.000
- Kanoa Igarashi – US$ 380.000
- Jamie O’Brien – US$ 380.000
- Caroline Marks – US$ 342.000
- Sky Brown – US$ 300.000
- Italo Ferreira – US$ 222.000
- Jack Robinson – US$ 200.000
- Kolohe Andino – US$ 180.000
- Molly Picklum – US$ 178.000
- Ian Walsh – US$ 135.000
- João Chianca – US$ 112.000
- Sierra Kerr – US$ 93.000
- Isabella Gómez – US$ 50.000