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Incêndios em Maui: Surfistas se mobilizam em meio à tragédia

As consequências trágicas dos incêndios avassaladores na ilha havaiana de Maui continuam a ecoar, com autoridades indicando que o número de vítimas fatais pode chegar a cem. Este incêndio, considerado o mais mortal dos Estados Unidos em mais de um século, está gerando críticas crescentes sobre a gestão da crise e a eficácia dos sistemas de alerta e resposta.

No centro dessa tragédia, a cidade costeira de Lahaina, na ilha de Mauí, foi quase completamente engolida pelas chamas devastadoras, que eclodiram nas primeiras horas da última quarta-feira. O incêndio já tirou a vida de 93 pessoas, mas a triste marca pode aumentar à medida que as equipes de resgate com cães especializados vasculham as áreas carbonizadas de casas e veículos.

+ Sobe o número de mortos em incêndios em Maui

A preocupação se estende à demora na ajuda às vítimas e à falta de alertas preventivos para os moradores, com relatos de que as sirenes da ilha não soaram a tempo. A senadora Mazie Hirono, do Havaí, reconhece as críticas e aguarda os resultados de uma investigação anunciada pela procuradora-geral do estado, Anne Lopez.

Lahaina sofreu enormemente com mais de 2.200 estruturas impactadas ou destruídas, gerando perdas estimadas em 5,5 bilhões de dólares. Além das perdas materiais, milhares de pessoas também ficaram sem lar. As autoridades destacam as dificuldades de identificação dos corpos resgatados, com muitos sendo considerados difíceis de reconhecer devido à intensidade do fogo.

O incêndio do Havaí ultrapassou em vítimas fatais o devastador Camp Fire de 2018, que matou 86 pessoas na Califórnia e deixou a cidade de Paradise praticamente destruída. Com isso, surgem questões sobre a preparação das autoridades para crises dessa magnitude, especialmente considerando o histórico de perigos naturais da ilha, como tsunamis e tempestades violentas.

Apesar do plano de gestão de emergências do Havaí descrever o risco de incêndios florestais como “baixo”, a eficácia dos alertas e procedimentos de evacuação é questionada. A falta de energia durante a crise impactou os sistemas de comunicação e alerta, impedindo muitos moradores de receber informações vitais.

Enquanto isso, uma série de trâmites burocráticos têm atrasado a chegada de ajuda comunitária. Uma suposta inércia das forças armadas norte americanas tem sido bastante questionada. Em meio à tragédia, a revolta dos moradores é evidente, com muitos sentindo que a resposta das autoridades está sendo insuficiente. Essa onda de revolta levou a comunidade de Maui a agir por conta própria frente à destruição de sua ilha. Dentro desse processo, os surfistas estão exercendo um papel de liderança.

Mundo do surf reage à tragédia em Maui

Diversas personalidades do mundo do surf ligadas a Maui usaram as redes sociais para chamar a atenção sobre a situação da ilha havaiana, usando sua visibilidade para promover campanhas de crowdfuning e alertar sobre problemas.

Kai Lenny, cujo perfil no Instagram tem mais de um milhão de seguidores, protestou contra a demora das forças armadas norte-americanas em chegar à Maui levando ajuda aos feridos. Além disso, o big rider também convocou seus seguidores a pressionarem as autoridades estadunidenses para liberar o aeroporto da ilha, então fechado, para receber voos de ajuda comunitária. A pressão fez efeito e algumas horas depois os voos foram liberados.

Laird Hamilton divulgou perfis de quatro organizações sem fins lucrativos que estão ajudando ativamente famílias impactadas com necessidades essenciais, como comida e abrigo, animais de estimação deslocados e cura comunitária.

Kelly Slater relatou que ficou profundamente impactado com as imagens de pessoas pulando no mar para fugir do fogo, para em seguida revelar que, mesmo na água, muitas dessas pessoas acabaram morrendo pelo contato com o óleo das embarcações que também estavam em chamas.

No perfil da Slater Designs, o onze vezes campeão do mundo disponibilizou um link de acesso direto a famílias necessitadas após a tragédia havaiana.

Outro filho ilustre de Maui, Matt Meola, está organizando a entrega de suprimentos e usando sua conta para divulgar informações sobre as entregas e também demandas de moradores afetados pelo incêndio.

Já o brasileiro Yuri Soledad, que há muitos anos mora em Maui, teve seu restaurante, o Paia Fish Market, destruído pelas chamas, lançou uma campanha de arrecadações às vítimas na qual doações acima de USD 20 mil receberão o mesmo valor em dinheiro da rede de restaurantes.

Esses são alguns exemplos de surfistas ligados à comunidade de Maui agindo frente à situação e não esperar somente que as autoridades resolvam sozinhas aquele já é considerado o pior incêndio dos EUA neste século.

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