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Qual seria o time ideal do Brasil para as Olimpíadas?

Restando um ano para as Olimpíadas de Paris 2024 e às vésperas da etapa decisiva do CT em Teahupoo, que, inclusive, será palco dos Jogos, qual seria o time ideal para representar o surf brasileiro no Taiti?

Por Luciano Meneghello

Difícil imaginar uma torcida mais apaixonada do que a nossa. Independente das modalidades esportivas, o brasileiro gosta de torcer e opinar. O exemplo mais evidente dessa característica talvez seja a copa do mundo. Não por acaso, a frase “somos 200 milhões de técnicos” é constantemente usada pelos meios de comunicação quando é anunciada a convocação do time que representará a nação no evento máximo do futebol, em alusão aos inevitáveis palpites sobre a qualidade técnica dos escolhidos.

Sendo assim, é claro que com o surf não seria diferente e a nossa fama de “passional” durante os eventos da WSL é mais do que merecida.

Além disso, temos agora a chegada do surf nos jogos olímpicos e, mesmo a escolha dos representantes de cada país sendo feita através de seletivas entre eventos do CT, Mundiais da ISA e Jogos Pan-Americanos, é quase impossível resistir à tentação de escolher uma seleção brasileira ideal para representar nosso país nas Olimpíadas, que em 2024 serão disputas no Taiti.

A onda será Teahupoo. Uma das mais belas, desafiadoras e temidas do mundo. Para além do talento, uma boa dose de experiência e disposição são necessárias para quem almeja um bom resultado lá.

Ouvido por nossa redação, Marcelo Bôscoli, jornalista e apresentador do Por Dentro do Tour, programa independente que analisa o circuito mundial de surf regularmente através de seu canal no YouTube, disse que é difícil imaginar uma seleção olímpica brasileira sem Gabriel Medina e Italo Ferreira.

Time brasileiro surf olimpíadas
Gabriel Medina celebra o primeiro lugar no Billabong Pro Teahupoo em 2014. Foto: WSL

Pensando em uma ‘equipe dos sonhos’ para representar o Brasil em Teahupoo, eu acho que não pode faltar Gabriel Medina, que tem um talento absurdo para surfar essas ondas. Na primeira participação dele no Taiti, em 2012, ele era praticamente uma criança e ficou com a quinta colocação, e nas suas últimas participações lá, de 2014 a 2019, ele simplesmente destruiu. Se fossem as Olimpíadas o Gabriel teria conseguido medalha em todas elas: foram duas vezes na primeira colocação, três vezes na segunda e uma em terceiro. Isso mostra que ele é o cara a ser batido em qualquer competição nesse pico”, avalia Marcelo Bôscoli.

Marcelo também lamenta a lesão sofrida por Italo Ferreira na África do Sul, que acabou por tirar o atual campeão olímpico da disputa por uma vaga nos Jogos através do ranking do CT da WSL:

O segundo nome que eu acredito que entraria na minha equipe ideal para as Olimpíadas seria o Italo Ferreira, que é Pipe Master e atual campeão olímpico”, comenta o jornalista.

Contudo, uma das vagas já tem dono: Filipe Toledo. Mas o atual campeão do mundo ainda não apresentou um desempenho acima da média em Teahupoo. Algo que, na opinião de Bôscoli, pode ser alcançado com mais horas de treino no pico:

Filipe não é um especialista em Teahupoo, mas já conseguiu uma terceira colocação, que seria um pódio olímpico. Hoje em dia ele não figura entre os favoritos nessa onda se as condições estiverem pesadas, mas em ondas menores pode conseguir um bom resultado. Faltando ainda um ano para os jogos olímpicos e ele colocando isso como um objetivo de vida, eu acho que ele pode se dar bem. Começando a treinar direto no Taiti, procurando a ajuda de surfistas experientes para o acompanharem, acho que o Filipe pode evoluir bastante e conseguir um bom resultado”, pondera.

"Estamos tentando trabalhar esse lado," diz Pinga Filipe Toledo em ondas pesadas, sobretudo o backside do atleta. Confira
O dono da vaga: garantido nas olimpíadas de 2024, Filipe Toledo terá na busca do ouro, em Teahupoo um dos maiores desafios de sua carreira. Foto: WSL

Para o jornalista Ader Oliveira, diretor da assessoria esportiva AOS Mídia, Filipe Toledo precisa se adaptar mais a Teahupoo, mas merece a vaga olímpica:

Filipe, com todo mérito, mereceu sua vaga olímpica pela bela temporada que fez. O cara manteve o nível espetacular do ano passado e merece muito disputar as Olimpíadas.

Sabemos que ele precisa se adaptar mais a Teahupoo, para chegar com uma confiança maior. Torço para que consiga investir um tempo lá, como já fez uma vez, quando passou uma temporada com Matahi Drollet. Inclusive, foi nesse ano (2018) que ele fez seu melhor resultado na etapa, uma semifinal. Vale ressaltar que Filipe já fez notas boas e excelentes lá ao longo da carreira”, relembra Ader Oliveira.

Para outra vaga ainda em aberto, via CT, Ader aposta em Gabriel Medina, por todo seu histórico em Teahupoo, mas reconhece que tanto Yago Dora, quanto João Chianca, têm todas as credenciais necessárias para disputar o ouro olímpico.

Gabriel é o melhor surfista da década em Teahupoo, e seus resultados falam por si. De 2014 pra cá, seu pior resultado foi um terceiro lugar.

Billabong Pro Pipeline 2023
João Chianca já provou seu valor em ondas de consequência, como Teahupoo. Foto: @WSL / Brent Bielmann

Porém, se der João ou Yago, também estaremos muito bem representados, pois ambos têm muita atitude e entubam com maestria”, analisa.

Restando uma etapa para definir quem serão os cinco surfistas na briga pelo título mundial de 2023 a competir no Rip Curl WSL Finals Five muita gente tem se perguntado se deve apostar suas fichas em Yago Dora ou em Gabriel Medina para ocupar a quinta vaga, uma vez que Filipe Toledo, oficialmente confirmado, e João Chianca, matematicamente classificado, já estão dentro da competição.

Bôscoli reforça que a etapa do CT em Teahupoo será decisiva para a definição da segunda vaga olímpica:

Acredito que briga pela segunda vaga ainda está aberta, apesar do João Chianca estar praticamente dentro do Finals Five. Mas, entrando na disputa mais um brasileiro, no caso o Yago Dora ou o Gabriel Medina, acredito que eles ultrapassarão o Chumbinho em Trestles, ficando com a vaga”.

Yago Dora também é titular da seleção brasileira da WSL no CT 2023
Yago Dora é outro grande nome para representar o Brasil em Teahupoo. Foto: Damien Poullenot/ World Surf League

Cada país pode classificar até dois homens e duas mulheres entre os primeiros dez colocados através do ranking do CT da WSL, Mundial da ISA e Jogos Pan-Americanos. Além disso, os países terão ainda mais uma chance de classificar mais um homem e uma mulher para as Olimpíadas de 2024 através do Mundial da ISA do ano que vem. Nesse caso, aquele país que obtiver a maior pontuação na disputa masculina e na disputa feminina terá o direito de mais um representante de cada gênero nos Jogos.

Marcelo Bôscoli prevê um “bom problema” caso o Brasil consiga a terceira vaga para os jogos olímpicos através do Mundial da ISA de 2024:

No caso da gente conseguir mais uma vaga pela ISA, essa vaga seria da CBSurf que escolheria o surfista. Se o Medina não conseguir a vaga pelo Finals Five, pelo critério técnico, eu, no lugar da CBSurf, escolheria ele. Mas é complicado! Porque é difícil a gente deixar o Italo Ferreira, que é atual campão olímpico e surfa muito bem essa onda, de fora dessa disputa. Seria uma escolha difícil para o COB e CBsurf”.

Outerknown Tahiti Pro
Uma pena nosso campeão olímpico estar fora da disputa pelo CT. Foto: @WSL / Beatriz Ryder

Ader, que já trabalhou com o campeão olímpico Italo Ferreira, também lamenta a lesão sofrida pelo potiguar que o deixou de fora do CT e pensa que ele certamente deve ser um nome a ser considerado caso uma terceira vaga seja conquistada pelo Brasil: “Uma pena o nosso campeão olímpico Italo Ferreira ter se machucado e não esquentar ainda mais a disputa por essa vaga” .

Oliveira também reforça a importância dessa etapa em Teahupoo, mas acredita que as olimpíadas serão ainda mais emocionantes, uma vez que na disputa pelo ouro olímpico, será uma questão de “tudo ou nada”, diferente desta etapa:

Essa etapa do CT em Teahupoo promete, mas acredito que o evento olímpico será diferente. Em 2024, todos darão 100% na prova. Já no evento da WSL, acredito que alguns atletas de peso tirem um pouco o pé, pois já estarão com suas missões cumpridas e teremos o WSL Finals pouco tempo depois”, analisa.

O Tahiti Pro terá janela de espera entre os dias 11 e 20 de agosto. A competição será transmitida ao vivo pelos canais da WSL e também pelo Sportv.

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