Em recente entrevista ao podcast Surf Splendor, o surfista e shaper há mais de 20 anos CJ Nelson, de Santa Cruz, na Califórnia, falou sobre a cultura e a tradição do surf; contou sua história e passou mais outras perspectivas sobre suas vivências e opiniões.
Enfim, bastam poucos minutos de conversa para compreender que Nelson, além de surfista muito talentoso; longboarder de habilidade suprema no bico, também pensa profundamente sobre as coisas.
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E aí ele falou sobre muitos assuntos, entre eles, sobre o momento que vive a cultura do surf no mundo. O surfista não poupou nas palavras:
“É uma cultura pop de bonecas Barbie, a coisa mais burra ridícula lixeira que você conseguir imaginar. Há tempos atrás, quando você começava a surfar, você sabia do investimento que precisaria ser feito, era uma jornada de uma vida, e não tinha dois caminhos. Você era nada, e para conseguir ser alguém, tinha de pagar com tudo o que você tinha. E nós estávamos confortáveis nessa linha, havíamos nos comprometido com isso. Tipo ser o homem velho do Sewer Peak que pega nada além das ondas da série nos melhores swells, era isso pelo que eu aspirava quando tinha 12 anos. Esse foi meu investimento. O que é tipo uma Disneylâdia do surf. Ficamos 30 anos na fila pra entrar, e agora 2 milhões de pessoas cortaram a corda para entrar e estamos todos almoçando juntos. Não há nobreza nisso. Não há Big Wenesday.”
Depois o assunto reverberou entre alguns internautas. “Finalmente alguém que pensa no surf”, escreveu um leitor. Outro, no entanto, apontou uma possível contradição no posicionamento do surfista e disse o seguinte: “Gosto de CJ mas ele lucrou da produção de pranchas em massa, certo? Você não poderia argumentar que ele está condenando a mesma fonte que o paga? Como o Jamie O’Brien reclamando dos line ups crowdeados enquanto ele faz um blog.”
Definitivamente esse é um assunto que rende muita conversa em um papo que não cabe a superficialidade, nem a polaridade de certo ou errado; enfim…
Afinal, a cultura do surf, nascida no HavaÍ (e também na Polinésia, Peru e África) é complexa, profunda e nem sempre legitimada nos processos de massificação do esporte, muitas vezes regido por interesses puramente econômicos.
Enfim, não sei você, mas seja como for, fato é que nós nos identificamos muito com a aspiração ao senhor que surfa as da série nos melhores swells da temporada, conforme descreveu CJ.
O surfista também falou sobre como ele acha que deve-se surfar uma onda:
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E aí, qual a sua opinião?
Entre aqui no site do podcast Surf Splendor.