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Escola Radical de Surf de Santos celebra 30 anos

Quando o Cisco diz que “o esporte transforma vidas”, ele está resumindo em uma frase seus 30 anos de trabalho à frente da Escola Radical – a primeira escola pública de surf do Brasil. Nascido Francisco Alfredo Alegre Araña, mas conhecido no Brasil e no exterior como Cisco, o educador físico coordena a escola que funciona em parceria com a Prefeitura e completou 30 anos na última quarta-feira, 23/6.

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O espaço, que já atendeu mais de 30 mil pessoas, literalmente mudou a vida de milhares de santistas. Além de ser uma porta para aqueles que têm o sonho de se profissionalizar no surfe, hoje o carro chefe da escola são os alunos da terceira idade, que descobriram no esporte não só uma nova motivação, mas fonte de energia e de saúde.

Atualmente, a turma do 50+ conta com cerca de 150 frequentadores. Para um dos alunos mais antigos, Francisco Berazane, 77 anos, a escola é sua segunda família. “Quando cheguei acompanhado da minha esposa, havia fraturado duas vértebras, estava usando uma cinta e tinha indicação de cirurgia. O Cisco disse que eu conseguiria surfar, eu confiei e tentei. Estou aqui há 16 anos, minhas dores diminuíram e nunca precisei operar. É maravilhoso o que o surfe faz com a gente.”

Já a aluna Edmea Pereira Correia, 74, conta que chegou à Escola Radical através do filho Val, que é deficiente visual. “Ele já tinha uns 28 anos, mas não quis me contar que estava surfando, ficou com medo da minha reação. Ele saiu escondido, mas um dia uma amiga me disse que viu o Val surfando e eu quis ver com meus próprios olhos. Foi uma emoção tão grande e um orgulho ver meu filho na água. Passei a acompanhá-lo sempre. Um dia, o Cisco me convidou pra experimentar e eu aceitei. O Val já está na escola há 18 anos e eu, há 16. O surfe mudou a minha vida e me ajudou a vencer um câncer. Aqui fiz novas amizades, reencontrei antigas amizades e descobri uma nova paixão. Saio do mar purificada,” conta Edmea.

Assim como o filho da Edmea, outras pessoas com deficiências começaram a cada vez mais procurar pela escola de surfe. A grande demanda motivou Cisco a ampliar o projeto e criar a primeira escola pública de surfe adaptado do mundo. “Não existe idade e nem barreiras para o surfe. Desde o início, a gente atendia deficientes visuais e auditivos, mas a procura foi ficando maior e precisávamos expandir o projeto, adquirir pranchas especiais e equipamentos adaptados, e assim nasceu a nossa escola, que é um projeto pioneiro, a primeira do mundo. Através desse trabalho, ajudamos milhares de pessoas e jovens como o Raphinha, que começou a andar aqui com a gente”, lembra Cisco emocionado.

“Meu filho renasceu aqui”, conta, com os olhos cheios de lágrima, Fabiana dos Santos, mãe do Raphael Guilherme dos Santos Nascimento, que hoje tem 19 anos, mas chegou à escola de surfe com apenas 7. Diagnosticado com paralisia cerebral, o Raphinha, como é carinhosamente chamado por todos, começou a andar depois de 8 meses frequentando as aulas de surfe. “Não tenho como agradecer ao Cisco e à Prefeitura por esse projeto maravilhoso. Não tenho palavras para descrever como isso mudou a vida do meu filho,”, diz.

Quando perguntado quando ele pretende parar de surfar, o Raphinha não pensou duas vezes e respondeu em alto e bom som: “Parar? Nunca!”.

Para celebrar o aniversário de 30 anos da Escola Radical, a Prefeitura de Santos, através da Secretaria de Esportes, o coordenador Cisco e os alunos preparam uma homenagem que ocorrerá nesta sexta-feira (25/6), a partir das 8h30, no Posto 2 (praia do José Menino), onde funciona o equipamento. O secretário de Esportes Gelásio Ayres Fernandes Jr. ressalta a importância do projeto. “A Escola Radical é o reflexo de todo o pioneirismo da Cidade no surfe nacional. O grande valor que ela tem para o surfe vai muito além da formação de atletas, está, sem dúvida alguma, no quanto a escola e o esporte mudaram e mudam a vida dos munícipes que já passaram por lá e ainda irão passar”, observa.

Para Cisco, a Escola Radical é um sonho. “Agradeço muito a confiança no meu trabalho. Eu sou muito apaixonado pelo que faço, o amor que foi colocado aqui é o responsável por todo esse sucesso. Não há um projeto público como esse em atividade há tanto tempo em lugar algum. É uma felicidade e uma honra fazer parte desse projeto e dessa história.”

* Via Prefeitura de Santos

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