* Por Luciano Meneghello
Se a vida de um surfista profissional brasileiro que busca uma classificação para competir no Championship Tour – CT já não é fácil, a Covid-19 trouxe ainda mais dificuldades para esses atletas.
Com o novo formato do circuito mundial, os atletas que disputam uma vaga no CT passam por dois circuitos de acesso: o Challenger Series e o Qualifying Series.
Na teoria, o Qualifying Series tem a missão de valorizar os eventos regionais, incentivando os surfistas a competirem mais perto de casa, sem precisar se desgastar financeiramente na busca pela classificação para o Challenger Series, onde então poderiam disputar uma vaga para competir na sonhada divisão de elite mundial, o Championship Tour – CT.
No entanto, com a pandemia fora de controle na maioria dos países da América Latina, muitos organizadores que haviam firmado compromissos com a WSL para a realização de etapas qualificatórias – QS, foram obrigados a cancelar os eventos.
Com isso, apenas duas etapas do QS estão confirmadas no continente até o final do primeiro semestre, ambas no Equador. A primeira, de 16 a 20 de junho, em Montañita, e a segunda, de 23 a 27 do mesmo mês em Salinas.
O pai de um atleta que pediu para não ser identificado explica que para participar dessas etapas, o competidor brasileiro terá uma despesa que pode chegar a R$ 20 mil reais.
“Só as despesas de inscrição, filiação e o seguro, somam quase R$ 10 mil reais por causa da alta do dólar”, revela o pai do atleta, referindo-se ás taxas obrigatórias cobradas pela entidade a todo surfista que pretende competir no QS.
As duas etapas realizadas que serão realizadas em solo equatoriano terão status QS 1000, que oferece a mais baixa pontuação entre as opções de QS, que é dividido entre QS 5000, QS 3000, QS 1500 e QS 1000.
Por outro lado, se por uma questão sanitária, os próprios governos não estão autorizando a realização de eventos para evitar aglomerações, a WSL fica de mãos atadas.
Esse foi o motivo pelo qual não foram feitas competições de QS no Brasil em 2021 e nem em lugares tradicionais, como Mar del Plata, na Argentina, ou Chile, que nos últimos anos vem sediando duas etapas.
Em contato com a nossa redação, a WSL Latin America informa que trabalha com a possibilidade de realizar mais eventos na América do Sul no segundo semestre deste ano à medida em que a situação pandêmica estiver mais controlada.
Mas não é uma questão simples. Uma vez que eventos de surf de grande porte tradicionalmente dependem de apoio governamental para serem realizados, verbas que seriam destinadas para a realização dessas competições são destinadas para o combate à pandemia e mesmo a iniciativa privada enfrenta os efeitos da crise econômica gerada pela Covid-19.
Fronteiras fechadas
Não obstante à questão da falta de um QS no Brasil este ano, quem pretende viajar ao Equador para competir terá que lidar com questões logísticas bem complexas.
Na última sexta-feira (28) a WSL Latin America enviou um e-mail aos atletas do Brasil alertando sobre o fechamento das fronteiras de países como Peru, Colômbia e Chile, de onde são feitas as conexões de voos vindos do Brasil com destino ao Equador.
Na mensagem, a entidade pede aos atletas brasileiros que eventualmente que esperem um pouco mais, enquanto recebe informações de agências de viagens sobre possíveis reaberturas de fronteiras ou novas opções de voo até Guayaquil, no Equador.
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Por hora, a única alternativa é viajar pela Copa Airlines, via Panamá. No entanto, a política de bagagem da companhia restringe o número de pranchas a duas unidades por passageiro, número considerado insuficiente para um competidor profissional, que costuma levar, no mínimo, quatro pranchas em competições.
Como se não bastasse, a Copa Airlines não transporta mais do que quatro capas de pranchas por voo, algo que, considerando a grande quantidade de surfistas profissionais em trânsito, nas mesmas datas, rumo ao Equador, certamente não atenderá à demanda de transporte dos equipamentos.
E enquanto a situação não se resolve, a WSL está estudando a opção da contratação de um transporte de carga em conjunto com os surfistas que já compraram passagens pela Copa Airlines e, em um cenário mais complexo, aberta aos demais competidores, caso essa seja, por fim, a única opção para se chegar ao Equador.