texto Ricardo Ampudia / Revista Go Outside
Os plásticos que hoje fazem parte do nosso cotidiano apareceram pela primeira vez nas prateleiras nas décadas de 1920 e 1930.
Foram cem anos do primeiro grama até as quase 300 milhões de toneladas que produzimos todo ano. Os números impressionam.
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Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, na primeira década de 2000 a produção de lixo plástico se igualou ao montante dos últimos 40 anos.
Ainda segundo a entidade, 79% desse lixo acabam nos rios, por onde chegam aos mares. Produzir menos lixo é urgente.
Um estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2016, estima que, em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos.
De acordo com os cientistas, a proporção de toneladas de plástico por toneladas de peixe era de uma para cinco em 2014, será de uma para três em 2025 e a maioria em 2050.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) diz em relatório que foram encontrados polímeros sintéticos no organismo de 800 espécies marinhas consumidas pelo homem.
O desastre não se restringe só aos mares: um trabalho realizado por pesquisadores das Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Rural de Pernambuco (UFRPE) analisou a ingestão de microplástico por bagres encontrados na região.
Mais de 80% deles tinham detritos plásticos em seus intestinos, uma das maiores proporções para peixes de água doce já relatadas no mundo.
“Nos últimos dois, três anos, tivemos pesquisas que identificaram microplástico em todos os mares do mundo, em todas as profundidades, inclusive na Antártida”, diz Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho da WWF-Brasil.
A ingestão dessas pequenas partículas não fica só na vida aquática. O plástico já está dentro de nós. Uma pesquisa com oito indivíduos de oito países distantes uns dos outros, como Finlândia, Japão, Itália e Áustria, encontrou microplástico nas fezes de seis voluntários.
O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Índia. Dos 11,3 milhões de toneladas de polímeros descartados, 98% são coletados, mas só 1,28% acaba sendo reciclado, segundo dados do Banco Mundial.
Em São Paulo, maior cidade do Brasil, 40% do lixo que vai para aterros – que têm por aqui só mais dez anos de vida útil – poderia ser reciclado, segundo o Recicla Sampa, movimento de conscientização para a reciclagem criado pelas concessionárias responsáveis pela coleta seletiva na cidade.
“O consumidor precisa ser sensibilizado e educado. Não dá mais para as pessoas acharem que lixo é algo que eu jogo no cesto e ele desaparece”, acredita Anna. Ainda segundo o Banco Mundial, cada brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo plástico por semana.
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Para te ajudar a ter mais consciência ambiental, eis a seguir seis passos para você adotar no dia a dia – agora mesmo:
#1 Produzir menos lixo: Evite plásticos de uso único
Produtos de plástico usados uma única vez antes de ir para o lixo estão na mira das políticas ambientais atuais. algumas cidades do brasil já implementaram leis proibindo canudinhos. Os talheres plásticos são as próximas vítimas. Leve uma xícara e/ou um copo para seu ambiente de trabalho. Você economiza mais de uma dezena de copos plásticos por semana com esse gesto simples. Se você faz questão de usar canudo, já são comuns no mercado os de metal e bambu, fáceis de carregar e limpar. Copos dobráveis também são uma boa ideia.
#2 Identifique o plástico nos pequenos detalhes
Você já parou para pensar que o cotonete que você usa tem uma haste de plástico? Que, descartado com o lixo do banheiro, ele nunca vai ser reciclado? E que, daquele tamanho, ele pode facilmente acabar em um curso d’água e parar no oceano? Quebre esse ciclo! por exemplo, já existem marcas que produzem a haste em papelão. O filme plástico para conservar alimentos é outro vilão despercebido. Os papéis encerados prometem ser a nova alternativa queridinha no mercado de sustentáveis.
#3 Fuja também do microplástico
Produtos de beleza e higiene, como esfoliantes e pastas de dentes, contêm micropartículas de plástico que caem na rede de esgoto e acabam, invariavelmente, em rios ou oceanos. Leia os rótulos para evitá-los e procure alternativas naturais, como esfoliantes caseiros feitos com fubá.
#4 Produzir menos lixo: livre-se da sacolinha
Uma sacola plástica é usada, em média, por 12 minutos. depois é descartada e nunca mais desaparece do planeta. Use uma sacola de pano ou caixa de papelão para trazer as compras para casa. na hora de comprar vegetais, abra mão do saquinho plástico à disposição nas gôndolas e leve-os soltos. não se preocupe, eles não vão fugir.
#5 Troque o plástico pelo vidro
Em vez de colecionar potes de plástico cujas tampas somem misteriosamente, guarde vidros de geleia e conservas para armazenar grãos, farinhas e até sobras de molho e sopas.
#6 Produzir menos lixo: separe, composte e recicle
Minimize o impacto do lixo que não pode ser evitado. Separe os recicláveis do orgânico e se informe sobre a frequência da coleta seletiva na sua rua. Economize água ao lavar as embalagens. “O ideal é deixar as embalagens com restos de comida dentro da pia e aproveitar a água utilizada na lavagem da louça, a água de reúso. O objetivo é realmente reciclar em todos os sentidos”, explica Edson Tomaz de Lima Filho, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana de São Paulo (AMLURB).