Gabriel Medina, Filipe Toledo, Willian Cardoso, Deivid Silva (foto), Peterson Crisanto e Italo Ferreira avançam do Corona Open J-Bay. Kanoa e Seabass são destaques
Por Redação HC
A ondulação que prometia séries acima dos dois metros na tarde desta sexta acabou chegando mais tarde, na manhã do sábado (13/7), e menor do que o previsto. As maiores ondas chegavam aos seis pés, mas as séries eram constantes e o campeonato foi para a água logo cedo, com as 16 baterias da terceira rodada do evento masculino rolando no modo dual heats.
Dos dez brasileiros que surfaram, seis venceram suas baterias e estão nas oitavas de final: Gabriel Medina, Deivid Silva, Filipe Toledo, Willian Cardoso, Peterson Crisanto e Italo Ferreira. Foram eliminados Yago Dora, Adriano de Souza, Michael Rodrigues e Caio Ibelli.
Assim como Medina, Toledo e Italo, todos os bichos-papões venceram: Jordy Smith, Kelly Slater, Kolohe Andino, Kanoa Igarashi e, forçando a barra um pouco, Owen Wright, estão todos entre os 16 melhores. A exceção foi Julian Wilson, que perdeu para um dos seedings mais baixos do campeonato, o havaiano Ezekiel Lau.
Sempre criticamos quando a WSL erra, então é justo elogiar, mesmo que repetitivamente, seus acertos.
O advento das baterias simultâneas foi uma das melhores coisas que aconteceram ao surf profissional nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que os campeonatos ficam mais dinâmicos para o espectador, com mais ondas surfadas, e para a organização, com a possibilidade de otimizar o tempo de realização do evento, os surfistas ganham mais oportunidades, com baterias mais longas na água.
Jordy Smith surfou na primeira bateria do dia, então a sorte foi em dobro: em vez de 35, teve 46 minutos dividindo o line-up de sua onda favorita no mundo com apenas mais um surfista. O infeliz, no caso, foi o rookie australiano Soli Bailey, que ainda não conseguiu superar essa fase nos seus seis primeiros campeonatos na elite, e foi atropelado por uma atuação clássica de Jordy.
Joan Duru e Owen Wright fizeram uma bateria goofy que poderia mostrar a altura do sarrafo pra quem surfa com o pé direito na frente nesta edição do J-Bay Open. Os dois vão muito bem de backside, mas o que aconteceu form atuações conservadoras.
Foi Gabriel Medina quem demonstrou algum sinal de como os surfistas que quase nunca surfam de front no circuito poderiam fazer algo diferente. Em sua segunda boa onda, finalizou com um ataque difícil de entender à junção. Suas cavadas são poderosas mas para esta manobra ele conseguiu uma projeção incomum, jogou a prancha acima do lip e bateu a última sessão da onda com um boardslide inteiro invertido. Medina ganhou tranquilo de Griffin Colapinto.
Yago Dora e Ryan Callinan dividiram a bateria com o atual campeão mundial e puderam se inspirar um pouco. Yago arriscou aéreos, como fez Medina em sua primeira onda, mas não conseguiu nem completar um deles nem emplacar uma linha sólida nas rápidas direitas. Callinan venceu, e fará outro duelo 100% goofy com Medina nas oitavas.
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Além de Gabriel x Griffin, foram mais três duelos entre bases diferentes: Adrian Buchan venceu Conner Coffin, Deivid Silva venceu Seth Moniz e Italo Ferreira venceu Jack Freestone. Quatro a zero para o time goofy.
Não é uma coincidência. No feminino, Silvana Lima precisava de uma nota na casa dos seis pontos para virar contra Steph Gilmore e tinha a prioridade. Nos segundos finais da bateria, deixou passar uma onda de tamanho médio. Caroline Marks, que estava na bateria seguinte (sem prioridade) aproveitou a chance, entrou na onda e moeu-a com um ataque muito rápido e vertical de backside. Ela fez a melhor nota do dia nessa onda, e fechou a bateria com a maior soma dentre as mulheres.
Ainda assim, entre os homens, as notas mais altas foram alcançadas por regular-footers. Sebastian Zietz achou um bom tubo e desenhou um linha perfeita até onde a onda lhe ofereceu área para manobras e foi o primeiro a passar dos nove pontos. O segundo foi Kanoa Igarashi, que juntou com uma nota acima de oito para fazer a melhor soma dos homens.
Kanoa foi semifinalista em J-Bay no ano passado. Já fez final em Pipeline, ficou em 3º na piscina no ano passado, conhece as ondas portuguesas de perto, surfa o evento de seu patrocinador na França… Some a esse prospecto a atual 5ª posição no ranking, com o primeiro (John John) fora da briga e uma vitória já neste ano (Bali). Se você não considera o japonês um surfista para brigar pelo título neste ano — e nos próximos — talvez seja uma boa hora para mudar de ideia.
Atual bicampeão da etapa, Filipe Toledo venceu Michael February com um surfe protocolar — velocidade e radicalidade absurdas para um ser humano comum, apenas o feijão com arroz para o próprio Filipinho.
Willian Cardoso finalmente encontrou o ritmo necessário para aplicar suas rasgadas de uma tonelada sem perder o tempo da onda de J-Bay. Ele venceu Michael Rodrigues, que surfou bonito e conseguiu colocar uma linha. Mas, sem o surfe de peso do Panda, Michael precisava explorar seu repertório mais radical — o tipo de coisa que faz Filipinho vencer baterias difíceis por lá — e os juízes acabaram considerando seu ataque um pouco conservador.
Deivid Silva venceu Jeremy Flores com uma das melhores manobras do dia, mas uma que o fez perder o restante de uma senhora onda. Sempre difícil manter-se conectado com J-Bay. Ou talvez nem tanto para quem cresceu surfando um point break rápido pra direita, como o local de Matinhos Peterson Crisanto. Urso passou fácil pelo havaiano Seth Moniz — certamente lembrando das dicas que recebeu de Filipe.
O campeonato deve seguir na madrugada deste domingo. Fique ligado.
Resultados – Corona Open J-Bay
Terceira rodada masculino
1. Jordy Smith 15,67 x 10,74 Soli Bailey
2. Owen Wright 11,40 x 11,27 Joan Duru
3. Gabriel Medina 15,00 x 10,00 Griffin Colapinto
4. Ryan Callinan 13,10 x 11,33 Yago Dora
5. Kolohe Andino 12,33 x 9,80 Adriano de Souza
6. Deivid Silva 13,43 x 11,70 Jeremy Flores
7. Ezekiel Lau 11,60 x 10,56 Julian Wilson
8. Adrian Buchan 14,74 x 10,76 Conner Coffin
9. Filipe Toledo 14,77 x 10,40 Michael February
10. Willian Cardoso 14,03 x 12,10 Michael Rodrigues
11. Sebastian Zietz 14,94 x 11,50 Wade Carmichael
12. Michel Bourez 13,60 x 12,83 Ricardo Christie
13. Kanoa Igarashi 17,53 x 13,50 Frederico Morais
14. Peterson Crisanto 13,50 x 11,66 Seth Moniz
15. Kelly Slater 13,57 x 11,90 Caio Ibelli
16. Italo Ferreira 13,26 x 9,70 Jack Freestone
Oitavas de final – masculino
1. Jordy Smith x Owen Wright
2. Gabriel Medina x Ryan Callinan
3. Kolohe Andino x Deivid Silva
4. Ezekiel Lau x Adrian Buchan
5. Filipe Toledo x Willian Cardoso
6. Sebastian Zietz x Michael Bourez
7. Kanoa Igarashi x Peterson Crisanto
8. Kelly Slater x Italo Ferreira
Terceira rodada – feminino
1. Stephanie Gilmore 13,27 x 12,50 Silvana Lima
2. Caroline Marks 16,67 x 7,90 Paige Hareb
3. Carissa Moore 14,83 x 11,30 Keely Andrew
4. Johanne Defay 16,00 x 12,20 Tatiana Weston-Webb
5. Sally Fitzgibbons 13,33 x 11,93 Macy Callaghan
6. Malia Manuel 11,50 x 8,97 Brisa Hennessy
7. Courtney Conlogue x Nikki Van Dijk
8. Lakey Peterson x Bronte Macaulay