Emoção com a participação no QS de Sydney é tanta que o press release disparado após o terceiro dia só tem fotos de Kelly Slater
Por Fernando Guimarães
Não há nenhum problema em reverenciar nossos ídolos. Kelly Slater construiu e constrói a história do surf todos os dias, ora dentro da água, ora fora. Será reverenciado para sempre. Mas deveria, talvez, existir um limite para isso?
Vamos a um exemplo objetivo (mas imaginário).
Imagine um dia de competição de uma etapa importante do QS em ondas muito ruins. Noventa e seis surfistas entraram na água. Noventa e seis! Vinte e quatro venceram suas baterias. Outros vinte e quatro passaram na segunda posição. Vários deles pertencem à elite mundial. Alguns deles foram muito bem.
Imagine que todo o conteúdo midiático desse campeonato é centralizado pela organização, que produz, rotineiramente, ótimas fotografias e vídeos e os dispara à imprensa no final do dia.
Imagine que depois desse dia, em que 96 marmanjos foram batalhar uma lata de leite pra criança que espera em casa, a organização dispare a seguinte seleção de imagens em alta resolução: 19 fotos de Kelly Slater. Uma foto do palanque do evento. E só.
Dentro dessa narrativa (imaginária), será que isso ultrapassa o limite da reverência ao ídolo? Por que nenhuma foto dos outros NOVENTA E CINCO surfistas que entraram na água? Três deles arrebentaram naquele dia. Foram muito acima da média. Por que nenhuma imagem deles?
Claro, essa situação é imaginária, um cenário hipotético que jamais aconteceu.
No email distribuído pela WSL à imprensa nesta quarta, havia também quatro fotos de Jacob Wilcox, que fez a maior soma do dia. Mais uma do palanque. Mais dezenove – DEZENOVE – de Kelly Slater. E só. Viva o nosso rei!