Entre os dias 6 e 9 de setembro, os melhores surfistas do mundo, homens e mulheres, se encontrarão na piscina de ondas do Surf Ranch, empreendimento concebido por Kelly Slater e administrado em parceria com a Liga Mundial de Surf (WSL) na cidade de Lemoore, interior da Califórnia. O Surf Ranch Pro será a sétima etapa dos mundiais masculino e feminino de surf e será o primeiro evento na história do circuito com a cobrança de ingressos para os espectadores que quiserem assistir presencialmente à disputa. E o preço dos ingressos não é lá o mais amigável, chegando aos dois mil reais por pessoa, aproximadamente, em sua opção mais cara.
A cobrança de ingressos para assistir ao evento é uma maneira de gerar renda e cobrir parte dos altos custos de funcionamento e manutenção da piscina de ondas do local. Mas também é um pequeno passo na direção de tentar tornar o surf em um esporte profissional rentável, como o futebol ou o basquete, por exemplo.
Nesse ponto, é até possível relativizar o alto valor do ingresso. A opção mais cara, a 518 dólares incluindo taxas (o equivalente, atualmente, a R$ 2000), vale para três dias inteiros de competição (de sexta, 7, a domingo, 9) com direito a algumas mordomias: salgadinhos e bebidas à vontade, acesso a um lounge VIP, a uma apresentação musical e ao Air Show, a prévia do campeonato de aéreos da WSL. O preço não chega a assustar se comparado ao de camarotes em alguns estádios de futebol no Brasil ou mesmo de algumas poltrona mais próximas à quadra para assistir a um jogo da NBA. Mas é impossível comparar com qualquer outra etapa do calendário da WSL, onde, para assistir ao campeonato, basta estar na praia e se aconchegar na areia – sem gastar um centavo.
Há ainda diversas opções de ingressos por diferentes preços. O ingresso padrão para os três dias de campeonato (sem as regalias descritas acima) sai por algo em torno de 800 reais. Cada um dos dias separadamente sai por cerca de 400 reais.
Ainda é possível pagar para surfar a onda artificial, em uma outra data. O pacote que inclui a chamada experiência completa no Surf Ranch sai por uma bagatela de aproximadamente 10 mil dólares – na cotação atual, algo em torno de 37 mil reais. Esse pacote te dá direito a surfar por uma hora, apenas, na piscina de ondas desenvolvida por Kelly Slater, entre outras coisas.
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Entretanto, muitos fãs de longa data do circuito veem com reticências esse movimento em direção aos esportes profissionais mainstream. O argumento é de que coisas como um campeonato em uma piscina de ondas e a própria cobrança de ingressos pela organização afastam o surf de sua raízes e descaracterizam o esporte.
Em maio deste ano, a WSL realizou a Founder’s Cup, um campeonato experimental entre equipes nacionais na piscina de ondas. Enquanto muitas pessoas que acompanharam pela internet afirmaram que a mecanização das ondas tirou a graça e que o campeonato não teve emoção, o evento foi o primeiro da história do surf profissional a ser transmitido na tevê aberta dos Estados Unidos, em um acordo inédito da WSL com a CBS, gigante das telecomunicações do país. A parceria só foi possível devido à certeza do cumprimento de horários proporcionada pela piscina de ondas em Lemoore.
Ainda existe a possibilidade de que a disputa do surf nos Jogos Olímpicos ocorra em uma piscina, e não no oceano. Ou seja, as discussões estão longe de acabar. Mas, ao que tudo indica, ondas artificiais como a do Surf Ranch vieram para ficar.
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