O encontro já é meio datado, mas foi só nessa semana que o Occ Cast publicou a edição da entrevista do legend Mark Occhiluppo com cinco representantes da dita tempestade brasileira no North Shore. A gravação com Filipe Toledo, Jadson André, Miguel Pupo, Ítalo Ferreira e Yago Dora rolou entre os rounds 1 e 2 do último Pipe Masters e muita coisa mudou de lá para cá, mas a conversa segue interessante.
Àquela altura, Jadson e Miguelito eram dois integrantes dos top 34 que buscavam um resultado para se manter na elite. Nenhum dos dois conseguiria. Os acontecimentos mais notáveis ficariam por conta de Ítalo Ferreira: ainda em dezembro, faria excelente campanha rumo às quartas em Pipe, garantindo de quebra a entrada do seu amigo Michael Rodrigues no CT; e, mais tarde, redefiniria a atuação de backside em Bells Beach, ganhando para si comparações com o próprio Occy.
A entrevista é longa e em inglês. Mas, para facilitar, transcrevemos e traduzimos os melhores trechos (logo abaixo do player).
OCCY: Eu entrevistei o Dane Reynolds esses dias. Ele disse que quando estava no tour queria ter uma turma como a dos brasileiros, com essa camaradagem.
MIGUEL: Sim, é legal ter uma família no circuito além da sua família de sangue. Hoje mesmo nós vamos fazer um churrasco aqui.
JADSON: Não to sabendo não. Você não me convidou…
(risada geral)
[…]
FILIPE: Fui o primeiro a dar os parabéns para o Gabriel quando ele ganhou o título. A gente tava na bateria junto, em Pipe, eu dei um abraço nele, foi emocionante. Mas aí ele foi lá, ganhou o troféu, voltou pra água faltando cinco minutos e ganhou de mim na bateria…
[…]
O TRECHO A SEGUIR CHEGA a dar um pouco de aflição. Occy não se lembra quando esteve no circuito. Cita a dupla de brasileiros que entrou primeiro, no início dos anos 90, mas se esquece dos demais – Vitinho, Herdy, Renan, Peterson, Mandinho etc. Os brasileiros provavelmente sabem que a carreira do australiano teve duas fases e não entendem a que época ele se refere. Tudo muito louco:
OCCY: Sabem, quando eu estava no circuito, só tinha dois brasileiros, Flávio Padaratz (Teco) e Fábio Gouveia. Vocês já eram nascidos nessa época?
FILIPE: Quando, exatamente?
OCCY: Quando eu estava no circuito.
JADSON: Que ano?
OCCY: Nos anos 80.
TODOS: Não!
[…]
OCCY: Jadson, você cuida da molecada mais nova? Fica de olho neles, dá uns toques?
JADSON: É… Eu ficava de olho. Principalmente no Ítalo. Também com o Miguel, já fiquei um tempo na casa dele. Mas hoje em dia…
YAGO: [interrompe] Hoje em dia é o contrário.
JADSON: É, hoje em dia eles que me dizem o que fazer. Em Haleiwa eu tava na mesma bateria que o Ítalo e ele tava literalmente sendo o meu técnico no meio da bateria (risos). Sério, ele me empurrou mesmo pro outside e mandou eu ir logo pra ganhar a prioridade.
OCCY: Quais foram suas maiores influências?
JADSON: O Marcelo Nunes.
OCCY: O Nunes! Eu lembro dele.
JADSON: Ele me deu minha primeira prancha. Depois dele, o [Ademir] Calunga e o Danilo Costa.
[…]
OCCY: Você foi muito bem no Brasil, Yago. Eu via aqueles aéreos e pensava, porra, tem algo errados com esses caras. Como vocês fazem esses aéreos? É alguma parafina especial, ou o quê?
YAGO: A parafina ajuda…
FILIPE: Segredo. Haha.
OCCY: Vocês colocam uma supercola ou algo assim? (risos nervosos)
FILIPE: Não conta, Yago.
YAGO: Eu acho que a parafina ajuda mesmo. A parafina brasileira é com certeza a melhor de todas.
OCCY: Sério?
FILIPE: Sim. A maioria dos surfistas gringos não gosta muito. Acham muito grudenta, eles não conseguem mover os pés, mudar a base no meio da onda. Mas a gente é acostumado.
JADSON: E depois que você acostuma, não consegue usar outra. Eu não consigo surfar com SexWax [parafina feita na Califórnia]. Sério. Não dá.
[…]
COMO JÁ DISSEMOS, a entrevista é longa e ainda tem muitos trechos interessantes. E no final ainda tem alguns momentos de uma altinha do australiano com a molecada. Vale assistir!
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