As previsões se confirmaram e Teahupo’o bombou altos tubos de 6-8 pés na terça-feira, para definir as quartas de final do SHISEIDO Tahiti Pro apresentado por Outerknown. Foi um dia tenso, com duelos decisivos na disputa por vagas no grupo dos top-5 do ranking do World Surf League (WSL) Championship Tour (CT) 2023 e para as Olimpíadas de Paris 2024. Yago Dora e Gabriel Medina brigam nas duas frentes de batalha e vão enfrentar os recordistas do dia, o australiano Jack Robinson e o havaiano John John Florence, respectivamente. A previsão é iniciar as quartas de final as 7h00 da quarta-feira no Taiti, 14h00 no Brasil.
O catarinense Yago Dora foi o primeiro a se classificar e com uma virada espetacular no último minuto da bateria contra o Rei de Teahupo´o, Kelly Slater. Ambos surfaram bons tubos desde o início e Yago precisava avançar, para seguir defendendo sua posição entre os top-5 do ranking, ainda ameaçada por quatro surfistas. Kelly estava na frente com notas 7,33 e 6,93, contra 6,50 e 5,50 do brasileiro. Mas, no final entrou uma onda que Yago já dropou dentro do tubo, sumiu lá dentro e saiu na baforada com os braços abertos. Os juízes deram nota 8,00, que virou o placar para 14,50 a 14,26 pontos do recordista com cinco vitórias na etapa do CT no Taiti.
“A bateria foi sinistra. O Kelly (Slater), todo mundo sabe que é o Rei nessa onda, é o cara a ser batido, então era uma bateria muito difícil”, disse Yago Dora. “Ele começou muito forte e eu tive que lutar até o final. Teve momentos que eu até parei de acreditar, mas lutei até o fim e consegui pegar aquela última onda. Quando surfei a onda, sabia que eu ia virar, que tinha sido um tubo longo, difícil, então fiquei esperando a nota, mas ao mesmo tempo não pareceu real quando eu virei. Estou feliz demais, bateria muito importante e já estou ansioso pro próximo round”.
Os dois já haviam estreado juntos no SHISEIDO Tahiti Pro na sexta-feira, quando Yago Dora mandou Kelly Slater para a repescagem. E no ano passado, eles se enfrentaram nas quartas de final, com Slater derrotando Yago, igualmente por uma pequena vantagem de 14,77 a 14,10 pontos. Com a passagem para as quartas de final, Yago Dora obriga Gabriel Medina, John John Florence e Jack Robinson, a chegarem na final e Leonardo Fioravanti a vencer o campeonato, para ultrapassar os 41.610 pontos que ele já totalizou no ranking.
E os quatro também passaram pelas oitavas de final na terça-feira. O italiano Leonardo Fioravanti derrotou o sul-africano Jordy Smith antes do Yago e vai abrir as quartas de final com o taitiano Kauli Vaast. E depois do Yago, Jack Robinson fez novos recordes no SHISEIDO Tahiti Pro, surfando um tubaço que valeu nota 9,40 e atingiu 16,40 pontos contra o também australiano Liam O´Brien. Os dois são treinados pelo pai do Yago, Leandro Dora, fazem parte da mesma equipe e terão um confronto direto por vaga nos top-5, na segunda quarta de final.
Os outros que seguem nessa batalha fecharam a terça-feira e vão disputar a última classificação para as semifinais. O tricampeão mundial Gabriel Medina vai fazer um verdadeiro clássico do esporte com o bicampeão John John Florence. Medina também surfou um lindo tubo que recebeu nota 8,17, para vencer fácil ao havaiano Seth Moniz, por 14,17 a 8,77 pontos. Este duelo foi uma reedição da semifinal de 2019, quando Medina chegou em sua quinta final nos tubos de Teahupo´o, a terceira consecutivamente.
MEDINA 14 X 6 JOHN JOHN – Já o John John deu um verdadeiro espetáculo na melhor apresentação do SHISEIDO Tahiti Pro esse ano. Ele estabeleceu novos recordes no campeonato, somando as notas 9,57 e 8,07 das últimas ondas que surfou, na vitória por 17,64 a 10,43 pontos sobre o indonésio Rio Waida. Diferente do Gabriel Medina, o havaiano ainda não tem vitória nos tubos de Teahupo´o. Ele só decidiu o título uma vez em 2016, quando perdeu para Kelly Slater, mas chegou na final passando por Medina nas semifinais.
Só que o brasileiro tem ampla vantagem em baterias disputadas contra o havaiano em etapas do CT. Contando com as de três surfistas da primeira fase e os duelos homem a homem, eles se enfrentaram 20 vezes em 17 etapas e o placar está em 14 a 6 para Gabriel Medina. A última derrota para John John Florence foi na decisão do Billabong Pipe Masters em 2021. Depois disso, o brasileiro superou o havaiano duas vezes esse ano, na primeira fase nos mesmos tubos de Pipeline e no Surf Ranch.
ÚNICA COMBINAÇÃO – Outros três brasileiros competiram na terça-feira e acabaram sendo eliminados. Um deles foi o atual campeão mundial e líder do ranking, Filipe Toledo, com o taitiano Mihimana Braye surfando dois tubaços que valeram 8,50 e 7,00. Os outros caíram na repescagem, Caio Ibelli e João Chianca, que está em quarto no ranking e também perdeu para um surfista local, Kauli Vaast, vice-campeão na final contra Miguel Pupo no ano passado.
“Eu estava pronto para enfrentar qualquer coisa, mas sabia que as condições (do mar) estavam bem complicadas e que precisava fazer o meu melhor. Só que chega num ponto que é você contra a Natureza e, mesmo assim, não fiz minha parte”, lamentou João Chianca. “Eu tenho muito amor por esse lugar e acho que esse resultado não reflete o trabalho que tenho feito aqui. Agora vem a parte obscura da competição que eu não gosto, que é ficar torcendo contra os amigos e adversários. Na verdade, só queria estar com minha família agora”.
João Chumbinho permanece em quarto lugar no ranking e agora fica esperando que não aconteça a única combinação de resultados que pode lhe tirar do grupo dos top-5. Ele só não irá disputar o título mundial no Rip Curl WSL Finals e brigar pela última vaga da World Surf League para as Olimpíadas de Paris 2024, se Gabriel Medina ou John John Florence vencerem o SHISEIDO Tahiti Pro, com Yago Dora sendo o vice-campeão na final.
OLIMPÍADAS DE PARIS – O segundo nome do time brasileiro é o único que ainda falta definir na lista dos 10 indicados pela WSL, para disputar medalhas nas Olimpíadas nos mesmos tubos de Teahupo´o no ano que vem. Filipe Toledo já estava com sua vaga garantida, assim como o australiano Ethan Ewing, o norte-americano Griffin Colapinto, o havaiano John John Florence e o italiano Leonardo Fioravanti. Outros quatro foram confirmados na terça-feira, três deles ainda nas baterias da repescagem que abriram o dia.
O primeiro foi o australiano Jack Robinson, quando Ryan Callinan perdeu para Kelly Slater e Connor O´Leary para Seth Moniz. Os outros foram o japonês Kanoa Igarashi e o sul-africano Jordy Smith, com a derrota do seu compatriota Matthew McGillivray. O indonésio Rio Waida derrotou Kanoa e poderia se classificar se passasse por John John Florence nas oitavas de final. Só que perdeu, então o sul-africano Matthew McGillivray ficou com a nona vaga pelo ranking do CT. A décima é a do Brasil, que poderá ser definida somente no Rip Curl WSL Finals, caso três brasileiros terminem entre os top-5 no Taiti.
CENÁRIO DA DISPUTA PELAS DUAS ÚLTIMAS VAGAS NOS TOP-5:
– João Chianca permanece em quarto no ranking e só sai dos top-5 com uma única combinação de resultados no Taiti, se o Gabriel Medina ou o John John Florence vencerem o campeonato, com Yago Dora sendo o vice-campeão na final
– Yago Dora confirma seu nome nos top-5 se chegar na final em Teahupo´o, independentemente dos resultados dos outros quatro concorrentes pela última vaga
– Se o Yago perder nas quartas de final, Gabriel Medina, John John Florence ou Jack Robinson têm que chegar na final para tira-lo dos top-5 e o Leonardo Fioravanti só se vencer o campeonato
– Se o Yago derrotar Jack Robinson e passar para as semifinais, Medina segue precisando chegar na final para ultrapassa-lo, enquanto John John já necessitaria da vitória e o Leonardo sai da briga
– Se acontecer uma final com o Jack Robinson e o Gabriel Medina ou o John John Florence, o campeão fica com a vaga do Yago Dora nos top-5
VAGA FEMININA – Na categoria feminina, só falta definir uma vaga no grupo das top-5 e a única que ainda pode tirar a quinta posição da norte-americana Caitlin Simmers, é a australiana Stephanie Gilmore. Mas, a única chance de isso acontecer, é a Caitlin perder para a australiana Molly Picklum nas quartas de final e a Stephanie vencer o campeonato. O primeiro desafio da octacampeã mundial é contra a californiana Caroline Marks na segunda quarta de final, depois Stephanie tem que passar pelas semifinais e ainda ganhar a decisão do título.
HIGHLIGHTS
QUARTAS DE FINAL DO SHISEIDO TAHITI PRO:
CATEGORIA FEMININA – 5.o lugar com US$ 20.000 e 4.745 pts:
1.a: Tyler Wright (AUS) x Tatiana Weston-Webb (BRA)
2.a: Caroline Marks (EUA) x Stephanie Gilmore (AUS)
3.a: Carissa Moore (HAV) x Vahine Fierro (FRA)
4.a: Molly Picklum (AUS) x Caitlin Simmers (EUA)
CATEGORIA MASCULINA – 5.o lugar com US$ 20.000 e 4.745 pts:
1.a: Leonardo Fioravanti (ITA) x Kauli Vaast (FRA)
2.a: Yago Dora (BRA) x Jack Robinson (AUS)
3.a: Barron Mamiya (HAV) x Mihimana Braye (TAH)
4.a: Gabriel Medina (BRA) x John John Florence (HAV)
RESULTADOS DA TERÇA-FEIRA EM TEAHUPO´O:
OITAVAS DE FINAL – 9.o lugar com US$ 13.500 e 3.320 pts:
1.a: Kauli Vaast (FRA) 10,84 x 5,93 Griffin Colapinto (EUA)
2.a: Leonardo Fioravanti (ITA) 12,84 x 6,83 Jordy Smith (AFR)
3.a: Yago Dora (BRA) 14,50 x 14,26 Kelly Slater (EUA)
4.a: Jack Robinson (AUS) 16,40 x 12,03 Liam O´Brien (AUS)
5.a: Mihimana Braye (TAH) 15,50 x 5,73 Filipe Toledo (BRA)
6.a: Barron Mamiya (HAV) 14,50 x 12,37 Ian Gentil (HAV)
7.a: Gabriel Medina (BRA) 14,17 x 8,77 Seth Moniz (HAV)
8.a: John John Florence (HAV) 17,64 x 10,43 Rio Waida (IDN)
REPESCAGEM – 17.o lugar com US$ 12.125 e 1.330 pts:
1.a: Griffin Colapinto (EUA) 10,16 x 8,66 Matahi Drollet (TAH)
2.a: Rio Waida (IDN) 10,07 x 7,50 Kanoa Igarashi (JPN)
3.a: Kauli Vaast (FRA) 13,00 x 4,90 João Chianca (BRA)
4.a: Barron Mamiya (HAV) 9,83 x 3,70 Callum Robson (AUS)
5.a: Kelly Slater (EUA) 14,27 x 12,50 Ryan Callinan (AUS)
6.a: Ian Gentil (HAV) 8,00 x 3,17 Matthew McGillivray (AFR)
7.a: Seth Moniz (HAV) 12,23 x 9,66 Connor O´Leary (AUS)
8.a: Liam O´Brien (AUS) 11,00 x 10,84 Caio Ibelli (BRA)
O SHISEIDO Tahiti Pro apresentado por Outerknown é realizado com patrocínios da Shiseido, Outerknown, Tahiti Government, Red Bull, Oakberry, Mophie, Surfline, True Surf, Air Tahiti, Vini, Polynesie 1, Chery, Fédération Tahitienne de Surf e Sports de la Polynésie Française. Todas as etapas do World Surf League Championship Tour 2023 são transmitidas ao vivo pelo SporTV e Globoplay e pelo WorldSurfLeague.com, Aplicativo e canal da WSL no YouTube.