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quinta-feira, 25 abril, 2024
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Sobre um Sino, Ondas Ruins, O Campeão e (quase) Nenhum Critério

1. BELLS BEACH AINDA VALE A PENA?

Antes de começar o texto sobre essa edição do Rip Curl Pro Bells, gostaria de levantar um debate saudável e construtivo para fazer um questionamento: a onda de Bells Beach realmente merece estar naquilo que é chamado Tour dos Sonhos?

Tudo bem, existe toda uma tradição e já se vão 55 anos desse evento. Muita da história do surfe competição já foi escrita ali, mas, convenhamos, aquela onda não é boa. Ou melhor, ela é boa, mas já foram descobertos diversos picos com condições semelhantes (pointbreaks de direitas) que poderiam facilmente entrar como alternativa e, quem sabe, começar a escrever novos capítulos dessa história.

Bells precisa estar clássico para estar bom. Não vimos nenhum dia (exceto o último das meninas) em que pudéssemos vibrar com a qualidade das ondas. Ou estava pequeno e mexido ou grande e mexido. E, desse jeito, a onda não proporciona sessões para manobras e o campeonato fica chato e metódico. Nem o surfe de borda consegue aparecer e o que se vê é um monte de cutbacks, laybacks e manobras na junção. Chato pacas.

Aí vai ter gente dizendo que as ondas do Rio de Janeiro são uma porcaria e muito piores que Bells. Concordo, mas existem duas pequenas diferenças: a primeira é que essa é a única etapa realizada na América do Sul (contra 3 só na Austrália); a outra é que o grande objetivo de um campeonato por aqui é reunir 50 mil pessoas na areia, coisa que lá na aussie land você não consegue nem se juntar as três provas.

Enfim, não gosto do campeonato em Bells e preferiria mil vezes assistir uma disputa em Keramas, por exemplo.

Ah, mas a Rip Curl tem escritório lá! Então, porque a Rip Curl não organiza lá um campeonato diferente? Chama os atletas que quiser, se aproveita dessa “propriedade” toda na região e deixa o Tour para quem realmente quer assistir os melhores surfistas nas melhores condições?

2. WILKO: O MOLEQUE QUE VIROU CAVEIRA

O Rip Curl Pro Bells começou e terminou com ondas ruins, as mesmas zebras, falta de critério por parte dos juízes  e exatamente o mesmo campeão da Gold Coast: o irreverente Matt Wilkinson. O aussie levou sete anos para ganhar alguma coisa, mas em menos de um mês já conseguiu quebrar recordes e realizar feitos que não aconteciam há décadas. A última vez que alguém venceu as duas primeiras etapas do ano aconteceu em 2009, com Joel Parkinson (naquele ano, o campeão da temporada foi Mick Fanning). O último goofy a balançar o sino foi Mark Occhilupo, em 1998 (naquele ano, o campeão da temporada foi Kelly Slater).

Wilko e sua coleção exótica de roupas de borracha
Wilko e sua coleção exótica de roupas de borracha

Impressionante esse começo de temporada de Wilko. Realmente é notória uma mudança de postura por parte dele, que até então, sempre foi visto como um cara meio fanfarrão, que chegava de patins nos campeonatos, chupando sorvete e entrava em suas baterias com roupas de borracha de gosto questionável. O Fator X pode ser creditado a ninguém menos que Glenn Hall, outro que parece ter encontrado seu caminho, agora como técnico. (Se não me engano tem algumas declarações do próprio atleta mencionando certas mudanças propostas pelo Micro como confiança no surfe dele).

CONTASwilko
Foto: Corey Wilson (@leafmonky)

Justas ou não, suas vitórias foram legítimas e, mesmo apresentando um surfe de estilo bem esquisito, curto e quebrado, suas manobras são muito bem executadas e o cara é agora o nome a ser batido. Por enquanto, é também o grande favorito ao caneco da temporada. E tem mais, deu uma bela festa para comemorar, gastando mais de 4 mil dólares na conta do bar e apavorando o plantão. Nessa, ele ganhou meu respeito. Melhor comemorar no baile, que na igreja.

3.VENCEDORES SEM TROFÉUS E UM RANKING MUITO LOUCO

Outros destaques ficaram por conta do sul-africano Jordy Smith, que se reencontrou com seu surfe e com bons resultados, depois de muito tempo ou machucado ou oscilando demais. De Mick Fanning, que parece ter um surfe esculpido para as ondas de Bells e só não ganhou pela 5ª vez, por falta de ondas. E dos brasileiros, Ítalo Ferreira e Wiggolly Dantas, que surfaram pra caramba durante todo o campeonato e também só não foram mais longe por falta de critérios!

Agora, o ranking da WSL tem Matt Wilkinson em 1º lugar; Conner Coffin, em 2º e Jordy Smith e Kolohe Andino empatados em 3º. Enquanto isso, Adriano de Souza está em 10º; Gabriel Medina em 22º e Kelly Slater em 23º. Que loucura!!!

4. MUITO QUERIDINHOS E QUASE NENHUM CRITÉRIO

Ainda não consigo entender a necessidade dessa turma de sempre ter que escolher um gringuinho queridinho para babar o ovo durante uma temporada. E, após a escolha, é um festival de notas completamente descabidas e decisões com pouca, ou nenhuma imparcialidade (já vi e revi o 5.83 e o 9.27 de Wilko e ainda não consegui chegar nem perto dessas notas. E olha que pra fazer um 5.83 não precisa de muito). Talvez a única nota determinante tenha sido esse 5.83 contra o GuiGui. Essa sim, poderia ter mudado a bateria. De resto, as notas podem ter sido infladas, mas não mudariam o resultado final. Mesmo assim, fica difícil surfar a bateria toda atrás de uma combinação e tendo que fazer milagre para virar.

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Não sei se é incompetência (vi várias notas onde um juiz deu 9 e o outro 7.7 – é muita diferença!) ou má-fé, mas o fato é que isso acaba criando uma atmosfera ruim para o esporte e seus entusiastas. Confesso que só não parei de assistir o último dia de campeonato em Bells no meio, porque gosto muito de surfe e trabalho com isso. Alguns amigos não foram tão fortes e se mandaram.

Podem chamar de chororô, mimimi, “complexo de vira-latas” ou o que for, mas só não enxerga quem não quer! Existe um claro favorecimento para alguns e a imposição de certas barreiras para outros.

“Ah, mas ano passado e retrasado quem ganhou foi um brasileiro. Como você pode falar isso?” Sim, meu caro, ganhamos, mas tivemos que surfar muito melhor que os adversários, tivemos que escrever as notas com mais força e pressão que a caneta dos juízes e conseguimos até desbancar tentativas de mitificação de um surfista, que meteu a porrada em um tubarão.

É notório o incomodo causado pelo Brazilian Storm. A vitória de Adriano de Souza, o cara que eles menos gostariam de ver com o troféu, ainda mais no primeiro ano de WSL, foi um soco no estômago dessa turma, que agora parece estar querendo fazer de tudo para impedir um novo triunfo dos nossos. A contusão de Filipinho já foi uma bela ajuda, porque se manco, ele quase despachou o queridinho da vez, imagina se ele estivesse bem?!

Não dá mais para deixar dúvidas. Ao contrário do boxe, que na dúvida, o campeão leva, aqui, leva qualquer um que não vista verde e amarelo. Mas não há de ser nada, ha entendemos o recado e como diria Bob Marley: “If you are the big tree. We are the small axe. Ready to cut you down (well sharp). To cut you down.”

4. KP, JESSI E UM MONTE DE CALLS FURADOS

Sei que a intenção é a melhor possível: economizar dinheiro, maximizar recursos e, principalmente, colocar as meninas em lugar de destaque, ao lado dos homens, criando mais motivos para tentar atrair um público cada vez maior amante do surfe feminino.

Mas se forem continuar com uma mesma janela para homens e mulheres, Kieren Perrow e Jessi Miley-Dyer vão precisar se entender. O que aconteceu no penúltimo e antepenúltimo dia foi uma lambança. Primeiro, a Jessi não ter colocado a mulherada na água na quinta-feira, quando Winkipop apresentava uma das melhores condições de toda a janela já foi um erro. E, depois, alternar duas baterias dos homens para depois parar um round no meio foi sacanagem. A cara do comissário era de alguém que parecia constrangido. Uma falta de respeito para quem esperou até altas horas da matina e foi dormir frustrado.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=lrQqwB9IH1I]

Vamos acertar isso aí! Ou então, faz uma janela para cada um e aproveita o melhor dos dois!

Bônus 1: Estilo não ganha jogo, mas ajuda. Tá doendo os olhos ver Wilko surfar com um pé na rabeta e outro no bico;

Bônus 2: Gabriel Medina começou 2016 com resultados piores que 2015. Já são dois 13ºs. Será que em Margaret River começa a virada? É bom não deixar muita brecha, porque o cabeludo já abriu 20.000 pontos.

Bônus 3: A Liga do Comenta Cako no Fantasy continua e vai ter mais Brownie do Luiz para Margaret River. Clica aqui e entra lá!

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