“Throwback HC”: nesta seção dedicada a relembrar histórias de onda, confira a história por trás deste tubo (foto) em um swell histórico.
Nesta, o fotógrafo carioca Luiz Blanco e o free surfer Daniel Rangel, com uma toma que fez tremer e cair a então na época recém-construída ciclovia Tim Maia, paralela à avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro, RJ.
“Para quem não conhece Itacoatiara, é uma pequena praia na cidade de Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro, do outro lado da Baía de Guanabara,” conta Blanco.
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“Niterói tem menos opções de surfe do que o Rio, mas tem umas ondas bem diferentes. Itacoatiara deve ser a mais famosa, pois além de potente beach break com tubos insanos, também é uma praia muito frequentada por jovens e pela galera que curte natureza,” prossegue o fotógrafo.
Blanco diz que a praia é linda e super fotogênica.
“Nesse dia da foto, em 2016, o mar estava enorme e desse tamanho fica muito mais difícil achar um bom tubo, a ondas às vezes fecha toda de uma vez; às vezes vem mais devagar. A dificuldade está em conectar com o momento crítico e nessa onda, o Daniel manteve a postura enquanto a massa d’água fazia de tudo para engoli-lo vivo, mas não foi dessa vez. Em segundos Itacoatiara te coloca em um momento de glória, mas ainda mais rápido, ela te joga pro fundo e te amassa sem dó. Tem que gostar.”
Não precisa ver muito de Rangel para sacar que ele adora uns caroços.
Segundo conta o free surfer, esse momento da foto foi registrado em abril de 2016; ele havia acabado de chegar no Brasil após 12 anos de Havaí.
“Minha família mora lá, hoje em dia eu fico entre lá e cá; meu filho e ex-esposa moram no Kauai. Alguns amigos daqui já estavam nessa pegada de ondas grandes, caçar swell, ir para as lajes, pegar de jet ski nos beach breaks com o mar bem grande e difícil para remar,” relembra Rangel.
Segundo nos conta Rangel, este swell foi muito atípico; tinha um período muito grande, de quase 20 segundos.
“Enquanto surfávamos essas ondas em Itacoatiara, caía a ciclovia da avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro, que tinha acabado de ficar pronta. As ondas ficaram tão grandes que derrubaram-na.
Quando chegamos em Itacoatiara, tentamos surfar a Laje do Shock, na que viria ser minha primeira vez no Shock. Eu, o Caio Vaz e o Trekinho tentamos surfar o Shock, mas o período estava muito alto e a gente acabou se arrasando, tomamos vários caldos, não conseguimos surfar uma onda completa. Aí fomos para o beach break, partimos para Itacoatiara, que é ali do lado; o Shock fica no canto da praia. Fizemos esse tow na praia, e foi muito bacana, estava eu, o Treko, o Caio Vaz, o Bruno Santos e tinha mais uma galera, mas agora não me lembro. Pegamos essas ondas e foi muito legal; o mar subiu muito rápido e ficou bem grande, nos divertimos para caramba.
Quando Itacoatiara fica grande, fica dificílimo, tem muita corrente, a praia é pequena, então é muito difícil estar no lugar certo. Por isso nesse dia a gente usou um jet ski para entrar nas ondas. Nesta onda entrei com auxílio do jet ski, porque quando está desse tamanho, na remada, fica muito muito muito difícil, é tipo mais difícil de pegar onda que em Puerto; não diria mais, porque por soar prepotente; mas, olha, talvez seja mais difícil de pegar do que Puerto, porque Puerto Escondido a onda é mais perfeita.”
Desde que Rangel voltou ao Brasil, uma das coisas que o sustenta é esse surf de consequência, principalmente nos slabs, com apoio de jet ski nas ondas de laje, e também nos beach breaks quando a situação fica crítica por conta da correnteza.
“Como aqui as ondas são muito irregulares, o jet ski ajuda muito. Desde que eu voltei ao Brasil, o que tem me alimentado é esse surf com jet ski nas lajes, o slab surfing, e nos beachbreaks, os step offs (quando se utiliza jet ski para colocar o surfista nas ondas, independentemente do tamanho); o Caio é um dos meus principais colegas nessa e a gente caça essas buraqueiras para tentar ser feliz, haha!”
Tá certo! Vida longa aos true surfers.
+++ Fotos bônus de Luiz Blanco de uma pérola chamada Itacoatiara:
Confira o perfil de Daniel Rangel no Instagram aqui.
Aqui, mais sobre o trabalho de Luiz Blanco.