Na última segunda-feira (5), Tati Weston-Webb conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Paris 2024, coroando uma jornada que a conecta cada vez mais com o Brasil. A surfista, nascida em Porto Alegre e criada no Havaí, escolheu representar o país em 2018 e desde então, tem construído uma forte identidade brasileira.
Filha do surfista inglês Douglas Weston-Webb e da ex-bodyboarder brasileira Tanira Guimarães, Tati se mudou para o Havaí com apenas dois meses de vida. Ela desenvolveu sua paixão pelo surf nas ondas havaianas, onde começou a surfar aos dois anos, empurrada pelo pai. Com dupla nacionalidade, ela inicialmente competia pelo Havaí, mas em 2018, foi convidada pela Confederação Brasileira de Surf (CBS) a competir pelo Brasil.
“Tudo mudou na minha vida. Estou representando o Brasil em si, mas tem muita coisa por trás disso: paixão, emoção, vontade, garra… Tudo isso está dentro do brasileiro e está aparecendo nas minhas ações, porque sempre esteve dentro de mim. Eu estou lutando muito mais, não só por mim, quero lutar por cada brasileiro”, declarou Tati em entrevista ao UOL.
Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, Tati representou o Brasil e chegou até as oitavas de final da competição. Quatro anos depois, agora em Paris 2024, ela garantiu sua primeira medalha olímpica, superando grandes adversárias em Teahupo’o, no Taiti.
Após cair para a repescagem na primeira fase, Tati venceu Candelaria Resano, da Guatemala, e seguiu forte. Nas oitavas de final, ela enfrentou e venceu a favorita Caitlin Simmers, líder do ranking da WSL. Nas quartas, superou a espanhola Nadia Erostarbe e a costarriquenha Brisa Hennessy na semifinal. Por fim, Tati enfrentou a atual campeã do mundo Caroline Marks, dos Estados Unidos, e acabou ficando com a prata por uma diferença de 0,17 pontos da campeã.
No cenário mundial do surf, Tati já tinha se destacado antes de decidir competir pelo Brasil. Ela foi campeã do WQS (ex-divisão de acesso do Circuito Mundial da WSL) em 2015 e, a partir de então, passou a integrar a elite do surf. Em 2021, já representando o Brasil, ela alcançou seu melhor desempenho, quando foi vice-campeã mundial, perdendo o título para a havaiana Carissa Moore. No ano passado, a brasileira garantiu o título de campeã pan-americana em Santiago, no Chile, ao superar a canadense Sanoa Dempfle-Olin na final dos Jogos Pan-Americanos.
Desde que passou a competir pelo Brasil, Tati aprofundou sua conexão com o país. No início, ela tinha dificuldades com o português, mas, após anos de dedicação, hoje fala fluentemente e quase sem sotaque, refletindo seu empenho em se integrar à cultura brasileira. Seu relacionamento com o surfista brasileiro ex-CT Jesse Mendes, com quem está desde 2014 e casou na praia de Silveira, em Garopaba (SC), em novembro de 2023, estreitou ainda mais seus laços com o país. Além disso, ao mudar de bandeira, Tati se aproximou ainda mais do ‘Brazilian Storm’, tornando-se também uma figura querida entre os fãs brasileiros.
Ver essa foto no Instagram
Para ela, a escolha de representar o Brasil foi natural. “Era uma decisão difícil no momento, só que daí eu comecei a pensar como meu coração sentia. Foi fácil depois disso. Eu me sentia muito mais brasileira do que havaiana, não sou havaiana. Nem sou dos Estados Unidos. Eu me sinto muito mais brasileira do que tudo. Eu escolhi representar nosso país e foi uma escolha incrível, mudou minha vida”, disse ela ao podcast Olympics.com.
+ O que não se discute é que Kauli Vaast mereceu o ouro em Teahupo’o
A medalha de prata nas Olimpíadas de Paris 2024 trouxe alegria e orgulho para a torcida verde e amarela. Diante da conquista no maior evento esportivo do mundo, Tati Weston-Webb não apenas elevou o nome do Brasil no cenário do surf mundial, mas também solidificou seu vínculo com a nação.