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Valentin, o herdeiro da Família Neves

Texto, fotos e vídeo: Kevin Damasio
Foto de destaque: Pedro Monteiro

Nesta quarta-feira (07/10), na primeira bateria do SuperSurf Saquarema rolavam séries de 1,5 metro, vento terral e campeão brasileiro na água. Mas o que também chamou a atenção foi um local de apenas 13 anos que vestia a lycra preta.

Promessa da novíssima geração brasileira, Valentin é filho de Léo Neves, que é bicampeão do SuperSurf (2002-03) e briga pelo tri nesta última etapa do circuito.

O garoto só teve a confirmação da vaga de convidado na manhã desta quarta-feira (07/10), e Valentin caiu na primeira bateria do campeonato. Apesar de não avançar para o Round 2, realizou o sonho de disputar sua primeira competição profissional – e ficou ainda mais feliz por estar no mesmo evento que o pai.

Na areia, de pé em cima de um buggy amarelo, Léo Neves assistia à bateria do filho envolvido em felicidade. Na metade da bateria, quando o filho pegou uma esquerda e saiu do mar, Léo aproveitou para carregar a prancha e aconselhá-lo enquanto corriam até o canal. “Meu pai, cara, tem uma experiência imbatível em Saquarema. Se ele falar que a onda vai quebrar ali, ela quebra ali”, crava Valentin.

Atual campeão brasileiro, o paulista David do Carmo ganhou esta bateria contra três fluminenses, com 15.83 pontos. Em segundo lugar ficou José Eduardo, que somou 11.50, seguido por Rodolfo Queiroz.

Valentin ficou em quarto, mas a trajetória prevaleceu ante um simples resultado de bateria. “Está bom. Ele evoluiu muito. Só surfa a dois anos e meio”, disse Léo, enquanto o filho saía do mar, depois de mandar duas rasgadas e um floater em uma esquerda.

O garoto nasceu em Saquarema e, aos 9, mudou-se para o Peru. Lá, morou com a mãe em uma cidade afastada da praia. Poucas vezes via a cor do mar. Pelo menos já contava com o skate, do qual hoje em dia tira as manobras e passa do bowl para o mar. Foi o que deu a base para que ele pegasse a onda da vida, na Barrinha de Saquá: “Corri muito no tubo e no final dei um aéreo rodando, alto, alto”.

Quase três anos atrás ele voltou à cidade natal e começou a pegar onda, incentivado pelo pai e pelo avô, este que, como lembra Valentin, dizia: “Tá no sangue, tem que ter garra! Família Neves!”

Hoje, ele mora com a mãe em uma pousada de Itaúna, de frente ao pico, e todo dia sai na varanda para fazer o check. Pouco depois de correr a bateria, no térreo de sua casa, ele preparava um lanche de café da manhã quando revelou: “Ontem eu rezei uns dez pai-nosso para que conseguissem minha vaga. Quando soube, eu paralisei. Cara, foi muita felicidade saber que eu ia correr um dos campeonatos mais disputados do país. Uma oportunidade única, não podia perder”.

Depois, ele relembrou que as condições estariam perfeitas não fosse o excessivamente intenso vento terral, que o segurava na hora do drop. “Mas eu não perdi nada. Só ganhei.”

De volta à praia, de frente para a onda em que gosta de dar aéreo superman, o bem esclarecido garoto continuou a refletir sobre a profissão de surfista, que já assumiu como projeto de vida. “O surf dá um rumo pra tua vida.”

A conversa prosseguiu, mas dali pra frente gravada. Assista à entrevista abaixo.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Po_3UcEh8Ak?rel=0]

 

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