A tão aguardada competição olímpica de surf está prestes a começar no Taiti. No entanto, enquanto muitos esperavam ansiosamente por essa experiência única e pelas oportunidades profissionais que ela poderia trazer, há um sentimento crescente de desilusão entre moradores, turistas e comerciantes locais devido às restrições de acesso impostas pelo comitê olímpico de 20 de julho a 5 de agosto.
Os Jogos Olímpicos são o evento esportivo mais assistido do mundo, com uma audiência de três bilhões de espectadores em 2020 e quase quatro bilhões esperados para Paris 2024. Para garantir que tudo ocorra perfeitamente, o alto-comissariado implementou uma série de restrições tanto em terra quanto no mar, visando evitar qualquer tipo de incidente. Essas medidas incluem a proibição de acesso ao público sem credenciais à vila de Teahupo’o, afetando pedestres, veículos, barcos e drones das 6 às 17 horas. Após fortes protestos de comerciantes locais, algumas flexibilizações foram feitas, permitindo o acesso de até 50 veículos não credenciados.
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Para os profissionais e moradores da área, foi necessário obter um passe especial para minimizar o impacto das restrições. Para o restante da população foram sorteadas 600 vagas de acesso à fanzone localizada em Teahupo’o. Essa situação tem gerado frustração entre comerciantes, como Randy Li Chin Foc, que investiu em estoques esperando um aumento nas vendas, mas se viu com menos movimento do que o habitual. Dan Matemoko, vice-presidente do comitê de feirantes da vila que está recebendo os Jogos Olímpicos, também expressou desânimo devido à baixa frequência de visitantes, afetando a sustentabilidade dos negócios locais.
Moradores locais, como Noëlla Mahanora, sentem-se presos em um ambiente que se assemelha a um confinamento, precisando justificar seus deslocamentos com um passe. Annick Paofai, proprietária de uma pensão localizada dentro da vila de Teahupo’o, relatou dificuldades para seus clientes acessarem a área, comparando a situação a um tratamento de segurança extrema.
Muitos turistas que viajaram ao Taiti com expectativa de assistir a um evento histórico estão frustrados. Kareem, um jovem surfista francês que viajou à Polinésia Francesa esperando vivenciar os Jogos de perto, decidiu voltar para Bordeaux devido às dificuldades e restrições enfrentadas que começaram semanas antes do início do evento. A desilusão não é apenas sobre a competição, mas sobre a experiência completa que muitos imaginavam.
Em resposta às queixas, o alto-comissariado anunciou em 23 de julho uma flexibilização das restrições até o início dos Jogos, em 27 de julho, permitindo que mais visitantes pudessem acessar a área e aproveitem as atividades locais. Embora esse gesto tenha sido bem recebido, ele levanta questões sobre a coerência da organização e a capacidade de atender às expectativas de segurança e acesso do público.
A competição olímpica de surf em Teahupo’o, embora altamente esperada, está sendo marcada por uma mistura de entusiasmo e desilusão. As rígidas medidas de segurança, embora necessárias, têm prejudicado a experiência esperada por muitos, afetando tanto a economia local quanto a satisfação dos espectadores e moradores. Resta ver se as flexibilizações recentes serão suficientes para trazer um pouco equilíbrio e permitir que pelo menos os “donos da casa” possam desfrutar desse evento global de forma mais inclusiva e positiva.
Fonte: Tahiti Infos