As softboards chegaram para ficar. Mas esqueça aquelas pranchas de espuma dos anos 1990. Estamos falando de um novo conceito de softboard, que alia construção tecnologicamente sofisticada aos conceitos modernos de design. Combinando essas características, as “novas softboards”, além de extremamente favoráveis ao surfista iniciante, também podem servir o surfista experiente de forma surpreendentemente divertida.
Feitas com um tipo especial de espuma, elas oferecem muita estabilidade na remada e são seguras em caso de choque. A combinação inovadora de materiais na construção permite maior durabilidade e, com elementos refinados de design, essas pranchas podem ser funcionais em diferentes tipos de onda – desde marolas de verão em beach breaks à tubos cascudos.
E assim, não surpreendentemente, muitas vezes, essas pranchas de espuma tornam-se alternativa real às pranchas de surf de poliuretano (PU) e epóxi (EPS). Porque alguns surfistas querem apenas se divertir, mesmo que as softs não sejam tão afiadas quanto as pranchas de PU e EPS.
Alguns consagrados surfistas se renderam aos encantos desse tipo de prancha, criando sua própria marca. Como o tricampeão mundial australiano Mick Fanning, que disse que a softboard é “a prancha definitiva para melhorar seu surf”.
Outro surfista que costumamos assistir experimentando o modelo em condições extremas, é o havaiano Jamie O’Brien, que assina sua coleção exclusiva de modelos. O havaiano é capaz de surfar a onda de Pipeline sobre sua softboard, feito para pouquíssimos surfistas no mundo.
Muitas são as vantagens em ter uma softboard em seu quiver, como versatilidade, segurança e diversão. Seu volume generoso e estabilidade ajudam muito os que ingressam no surf. Além disso, mais volume proporciona mais remada e assim possibilita surfar mais ondas em uma sessão.
Para surfistas experientes, essas vantagens podem resultar em um surf mais relaxado e com curvas mais arredondadas. As softboards também são mais econômicas que as pranchas de fibra, porque quebram menos, e quando o fazem, o conserto sai mais barato. No entanto, é importante lembrar que uma prancha nunca deve ter o preço como item decisivo para sua escolha.
Abaixo preparamos uma seleção especial com modelos para te inspirar descobrir novas possibilidades sobre pranchas. Lembramos também que as softboards podem ser a melhor escolha para seu filho ou filha que ingressa no surf. Confira:
Medina Softboards
Modelo: Feathers
Tamanho: 5’6″ x 21 1/4 x 2 3/4 – 40L
Preço: R$1.990,00
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Esta double wing swallow quadriquilha foi desenvolvida a partir do clássico conceito da prancha fish, utilizando características tanto das pranchas retrôs quanto das modernas. Muito versátil, ágil e solta, é ideal para ondas fracas e medianas. Possui alta capacidade de remada e muita velocidade e estabilidade, facilitando manobras rápidas em linhas curtas. Devido ao seu volume, pode ser utilizada por surfistas de todos os níveis, do iniciante ao avançado, e também para os que estão há algum tempo sem surfar. Ela suporta até 100 kg.
Construção
O shaper Jair Fernandes, natural de Tubarão, SC, radicado em Florianópolis desde o início dos anos 1980, assina os shapes. Mais conhecido como Machucho, ele faz pranchas desde 1974 e é um reconhecido inventor da indústria de pranchas nacional.
A seguir ele explica em detalhes sobre a construção das softboards: “Trata-se de uma prancha de epóxi com algumas características diferentes,” ele conta. Segundo Fernandes, os modelos têm o fundo laminado com três camadas de tecido de 200 g / m², mais duplo vinil colado no tecido. Os copinhos pode ser FCS II ou Future; conforme a quilha do surfista.
A borda tem 2 cm de softboard, que não te machuca em uma pancada e protege a prancha. “O deck é feito com camada dupla de tecido de 200 g / m² mais uma camada de 5 mm de polietileno expandido reticulado, muito resistente ao rasgo e pancadas. Esse material encobre toda a prancha mais a borda e vai até o fundo; é antiderrapante, e por isso necessita de menos parafina.”
Uma longarina de alumínio tubular é embutida no shape, conferindo mais dureza e resistência. Com tecnologia exclusiva, a prancha passa por um processo de laminação térmica e sob pressão por 12 horas, conferindo maior rigidez. Se bem cuidada, ela pode durar anos. O Gabriel Medina participa no desenvolvimento dos outlines e modelos e tudo passa pela aprovação do tricampeão mundial.
As Medina Softboards já estão presentes em outros países, como Israel, Japão, França, Espanha, Portugal, Canadá e EUA.
Tropical Brasil
Modelo: Frisbee
Tamanho: 5’0″ x 21′ x 2 3/4″ – 37 L
Preço: R$ 1.190,00
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O modelo Frisbee 5’0″ com volume de 37 litros é ideal para surfistas iniciantes com até 50 kg e surfistas intermediários com até 70 kg.
Possui fundo concave, pouca curva de rocker, edge acentuado na rabeta e design futurístico. Sua pouca curva de rocker facilita a entrada na onda e suas dimensões proporcionam surfar com estabilidade e segurança.
A configuração de quilhas é biquilha, com sistema de fixação compatível com FCS I e II, ancorados em XPS de altíssima densidade.
Se você é um surfista avançado, explore todo o potencial de velocidade e manobras da Frisbee 5’0”. Mesmo em ondas pequenas e fracas, floaters e rabetadas serão executados com facilidade por esse modelo com potencial para se comportar como um skate nas ondas.
Abaixo assista ao surfista Teco Padaratz apresentando a Frisbee 5’0″ e revelando detalhes a respeito da construção desta linha especial de pranchas softboards da Tropical Brasil – a Hero Softboards.
Maré
Modelo: prancha rabeta diamond
Tamanho: 5’9 x 19 13/16″ x 2 11/16″ – 37,9 L
Preço: R$ 1.399,00
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Um dos lançamentos da linha Prime que a Maré apresenta para o verão 2022, esse modelo com rabeta Diamond é muito bom para ondas fracas e/ou pequenas. Ao mesmo tempo que é solto, é estável.
É construído com bloco EPS de alta densidade com duas camadas de fibra, uma camada com skin 5 mm, uma camada de poliuretano de alta rigidez, uma camada de EPS de alta densidade e uma camada slickskin de 3 mm.
Essa tecnologia proporciona uma prancha resistente e rígida e, diferentemente das pranchas softboards tradicionais da marca, as dessa linha apresentam quilhas com encaixe FCS II com angulação de 9º, permitindo mais manobrabilidade.
A caixa de quilhas e o copinho de leash são fundidos no início do processo, sem furações posteriores, erradicando as chances de infiltração de água nessa parte da prancha.
Mick Fanning Softboards
Modelo: MF Little Marley
Tamanho: 5’4 x 21 3/8 x 2 3/8 – 32 L
Preço: US$ 600
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Curta, larga, rápida e divertida, a Little Marley possui uma linha de borda curta que se encaixa perfeitamente no menor pocket da onda. Seu outline pequeno e curvilíneo ajuda nos beach breaks em ondas mais fracas, diminuindo o arrasto e aumentando a velocidade, que é a chave deste pequeno foguete. Um fundo single para double concave permite controle à velocidade máxima e a rabeta Diamond fornece vários pontos de pivô para mudar de direção nas seções mais críticas em shore breaks irregulares.
Mark Richards
Modelo: MR Epoxy Twin Fin Softboard 6’0″
Tamanho: 6’0 X 21′ X 2 5/8′ – 41.2 L
Preço: US$ 575
Clique aqui e confira todos os modelos da MR Softboards.
Seu esqueleto é feito em epóxi com duas longarinas de madeira, que reforçam a durabilidade e mantêm seu rocker. O deck é revestido em EVA altamente resistente à água e extremamente durável, com ótima aderência. O fundo tem revestimento em polietileno de alta densidade com largura de 1 mm. Sua curva de fundo sai de um concave para um canal em V, com outline clássico dos templates de Richards.
O criador
Mark Richards dominou o surf mundial no final dos anos 1970 até meados dos anos 1980 conquistando quatro títulos mundiais. Durante esses anos, ele criou designs icônicos com relevância até hoje. Projetada diretamente com Richards e inspirada em seus modelos clássicos de biquilha, a Série MR de softboards reúne dois tipos de construção: a Ezi-Rider, feita para o grommet; e a Epoxy / Soft, com modelos mais rígidos pensados para o surfista que deseja mais desempenho.
Jamie O’Brien x Catch Surf
Modelo: LOG x Jamie O’Brien Pro
Tamanho: 6’0″ x 22.0″ x 3.125″ – 57 L
Preço: US$ 374.99
Clique aqui e confira todos os modelos da Catch Surf com o Jamie O’Brien.
Jamie O’Brien (JOB) já desafiou algumas das ondas mais difíceis do mundo e acredita que seus modelos de softboards são o que há de melhor para o shore break (o famoso quebra cocos). Além disso, são propícios também para manobras; mandar aéreos ou ajustar uma curva quando as ondas não estão mortais, segundo defende o próprio.
“Quanto mais divertido, melhor, e diversão é algo que o modelo LOG oferece de sobra,” conta O’Brien. O modelo tem outline clássico com boa flutuação para surfar com desempenho e facilidade. O Odysea® LOG serve tanto ao jovem iniciante quanto ao surfista experiente procurando maximizar a contagem de ondas.
SOFTBOARDS, PELA FANTASIA
Confira as ideias de um dos shapers mais consagrados do Brasil, Avelino Bastos, o criador da Tropical Brasil, a respeito de sua imersão nas softboards. Bastos construiu sua primeira prancha aos 9 anos e desde então acumula marcos e invenções na história do design e desenvolvimento de materiais na indústria do surf. Abaixo ele compartilha insights e conta porque resolveu mergulhar nas pranchas de espuma.
POR AVELINO BASTOS
“Fui para um outro extremo, para a base: me coloquei na situação de fazer uma prancha de softboard que tivesse design. Afinal, não é porque ela é de soft que ela precisa simplesmente ser um produto tosco. Quero fazer ela bem para iniciante, mas o pai do garoto iniciante, que é surfista, vai querer surfar com ela. Vai olhar e dizer: ‘Que prancha legal; quero dar uma remada com ela’. Então, experimentar a construção em materiais diferentes que implicam formas diferentes e resultados diferentes, estudar isso, e obter resultado e performance, com coisas que têm limitação de custo, preço e durabilidade, é um tremendo desafio.
Então, você imagina, vou te falar uma coisa, e assim me volto para essa mediocridade que vivemos em nosso esporte. Como um fabricante de pranchas, sou presunçoso [e acho que todo surfista é; e todo construtor de pranchas também], enfim, a softboard é presunçosa, ela não é atraente para iniciantes.
Quando comecei a me aventurar nos designs com essa plataforma, os caras me falavam: ‘Pô, Avelino, fazendo pranchas de soft? Perdeu a mão de vez? Você fazia prancha para atletas do circuito mundial e agora está nessa?’ Assim, em uma arrogância fora do normal… Eu segui no projeto; os caras nem sabiam o que eu estava fazendo.
Mas vou te falar uma coisa e você vai lembrar: sabe quando você começou a pegar onda? Se você começar a entrevistar surfistas a respeito dos seus primeiros passos no surf, você vai ver, os melhores momentos deles, de praia, de felicidade, os melhores momentos de recordações deles, são os momentos de companheirismo, as primeiras fugas para o surf, aquele dia em que passavam fome na praia, essa coisa toda, a fantasia, quando você é contaminado pela história do surf.
Alguns dos melhores surfistas do mundo ainda elegem essa fase como a melhor fase deles, mais do que quando conquistaram títulos mundiais, porque é quando se construiu a fantasia do surf; quando você sentiu a primeira contaminação e assentiu que seria isso que faria para sempre; não havia dúvidas.
Essas recordações são feitas normalmente com as primeiras pranchas do surfista e eu resolvi trabalhar durante um tempo nessa primeira emoção; ser a primeira emoção de quem vai começar, sabe? Daqui a 20 anos encontrar alguém que começou a surfar em uma prancha Hero, e eu ter desenvolvido aquele projeto.
Fico mais feliz do que fazer uma prancha para um campeão mundial. Porque se essa primeira emoção for legal, o surfista nunca mais vai deixar de pegar onda. Mas, se a experiência for frustrante, difícil ou impossível, poucos são os surfistas que persistem com tenacidade no ingresso ao surf. O surf é um esporte dificílimo, então, a prancha tem responsabilidade enorme em ajudar. É nisso que coloco o máximo da minha energia hoje.”