O Hurley Pro Sunset Beach chegou ao fim na última quarta-feira (21), no Havaí, com o título de Jack Robinson e Molly Picklum marcando uma dobradinha australiana. No entanto, o maior destaque na cobertura do evento foi dado à manobra protagonizada por Molly nas semifinais, com muita gente afirmando que teria sido a melhor da história do surf feminino.
A surfista surpreendeu a todos ao atingir o lip com força e velocidade totais numa parte vertical da onda de cerca de 8 pés. Na sequência, para espanto de todos e dela mesmo, ela voltou despencando de maneira magistral, escapando da espuma e concluindo a quase impossível manobra. A onda rendeu 9.67 e deixou todos que testemunharam boquiabertos.
Na cabine de transmissão, a comentarista Felicity Palmateer expressou sua opinião. “Esta foi provavelmente uma das melhores e mais críticas manobras realizadas por qualquer das mulheres durante todo o evento”. Seu parceiro na transmissão, Kaipo Guerrero, foi mais enfático, estendendo o feito a ter sido “a melhor manobra de uma mulher na história de Sunset”.
Encerrado o evento, o tsunami de elogios só foi tomando mais força, gerando comentários entusiasmados nas redes sociais e nas mídias especializadas de surf. O site Stabmag.com, por exemplo, promoveu uma enquete nos stories do Instagram, em que 3.212 pessoas participaram, com 86% dos votantes acreditando que a manobra de Molly merece mesmo ser considerada a melhor na história do surf feminino.
Grandes nomes do surf também se manifestaram sobre a proeza de Molly. O onze vezes campeão do mundo, Kelly Slater, expressou seu apoio com um “Legítimo! Realmente incrível!”, enquanto Shane Dorian foi mais direto: “Isso foi selvagem!!”. O havaiano Nathan Florence rotulou a manobra como “loucura” e Tom Carroll a descreveu como “incrível demais”.
Diante do alvoroço, o site da extinta revista Surfer, no seu auge a mais lida do mundo, também trouxe sua perspectiva ao mencionar que a nota atribuída à manobra de Molly Picklum, o 9.67, foi considerada baixa para o grau de dificuldade atingido. Segundo a Surfer, Molly “comemorou apaixonadamente e teve azar de receber apenas um 9.67 pela manobra”.
A discussão sobre a nota continuou nas redes sociais, onde muitos concordaram que a pontuação não foi justa. A WSL, do seu lado, não entrou na discussão da nota mas reforçou ter sido um marco histórico, descrevendo a manobra como a “maior ‘paulada’ da história do surf feminino”.
O certo é que as duas primeiras etapas do CT 2024 foram um divisor de águas para o surf feminino. Durante o dia final em Pipe, as mulheres da geração Z, com destaque para a própria Molly Picklum, Caity Simmers e Bettylou Sakura Johnson, entubaram como nunca antes, recebendo elogios merecidos por suas performances arrebatadoras em condições clássicas nos perigosos tubos sobre coral.
Apos o prelúdio das meninas no Lexus Pipe Pro, o desempenho notável de Molly Picklum em Sunset Beach parece ter sido a confirmação de que essa temporada será pra sempre lembrada por redefinir o cenário do surf feminino.
Pode até ser que passada a euforia do momento, outras manobras espetaculares femininas sejam lembradas para disputar o título de melhor da história. O que não tem volta é a revolução que as mulheres estão promovendo na maneira como encaram as ondas, um movimento de impacto que vai muito além de uma manobra, e que tem deixado o mundo do surf fascinado.