Duas competições internacionais, cada uma com sua grandiosidade e importância, disputam o título de “maior campeonato de surf do mundo”: o US Open of Surfing, realizado em Huntington Beach, Califórnia, que começa no próximo sábado (29) e o Vivo Rio Pro, realizado em Saquarema, no mês passado.
Ambos os campeonatos se tornaram referências no circuito mundial de surfe por atraírem multidões de fãs apaixonados pelo esporte e oferecer uma estrutura realmente impressionante. Mas qual seria, de fato, o “maior do mundo”? E como definir isso? Vejamos abaixo alguns pontos importantes:
PÚBLICO:
O US Open of Surfing é uma das competições mais tradicionais do mundo e mesmo sendo uma etapa do Challenger Series da WSL, atrai uma impressionante multidão estimada em 700.000 pessoas. A atmosfera vibrante ao lado do icônico píer de Huntington Beach é inegavelmente cativante. Além disso, a cidade, de fato, “respira surf”.
Já o Vivo Rio Pro é uma etapa do Championship Tour da Liga Mundial de Surf, o circuito de maior prestígio no surfe profissional, e recebeu uma multidão estimada em cerca de 450.000 pessoas nas areias de Saquarema, um aumento significativo em relação ao ano anterior. A paixão dos brasileiros pelo esporte é evidente nas arquibancadas, criando um ambiente contagiante.
ESTRUTURA:
O US Open of Surfing vai além das competições de surfe e oferece uma experiência completa aos espectadores. Além das ondas icônicas de Huntington Beach, o evento apresenta competições de skate, eventos de BMX, exibições de motocross com Nitro Circus, shows ao vivo, desfiles de moda e estandes de marcas, entre outras atrações abertas ao público. A cerimônia do Surfing Walk of Fame, realizada nos dias do evento, homenageia figuras icônicas da história do surfe mundial, agregando ainda mais valor ao legado do campeonato (em 2023, pela primeira vez um brasileiro receberá a homenagem: Italo Ferreira).
Por outro lado, o Vivo Rio Pro 2023 também impressionou com sua estrutura bem planejada. Com quase 4.000 m² de área construída, incluindo palanque e espaços abertos ao público, a competição oferece uma Vila dos Patrocinadores com diversas atrações, como um bar da cervejaria Corona, uma tirolesa que permite surfar no ar com uma prancha, uma parede de escalada, além de uma piscina de ondas da Wave Garden. Shows com bandas locais animam as tardes na Praia de Itaúna, proporcionando uma experiência diferenciada ao público presente que vai muito além do show de surf no mar.
TRADIÇÃO:
Huntington Beach tem uma rica história no surfe, desde o início do século passado, quando os havaianos George Freeth e Duke Kahanamoku popularizaram o esporte nos Estados Unidos. O US Open of Surfing, realizado desde 1959, é a primeira competição nacional do surfe no país e testemunhou momentos marcantes na evolução do esporte. O título de “Surf City USA”, conquistado após a vitória em uma batalha judicial com outra cidade californiana, Santa Cruz, pelo direito de uso do nome, só reforça sua relevância na cultura do surfe.
Por outro lado, Saquarema ganhou o apelido de “Maracanã do Surfe” com justiça. As ondas de Itaúna têm uma tradição profunda na história do surf brasileiro e foram fundamentais para a formação da primeira geração de competidores do Brasil. Os festivais nacionais de surf dos anos 1970 e as competições dos anos 1980 e início dos anos 1990 ajudaram a pavimentar uma cultura sólida do surf no país.
No cenário internacional, porém, essa tradição é mais recente. Saquarema recebeu sua primeira competição internacional em 1997, uma etapa do WQS (atual QS) vencida por Victor Ribas. Já a primeira disputa da elite mundial nas ondas de Itaúna foi realizada em 2002, em competição vencida por Taj Burrow. Nos anos seguintes, diversas competições do QS foram realizadas no “Maracanã do Surfe”, até que, em 2017, a cidade se estabeleceu como “morada” da etapa nacional do Championship Tour.
CONCLUSÃO:
Comparar o US Open of Surfing e o Rio Pro é como escolher entre dois gigantes do surf. Ambas as competições são de extrema importância no cenário mundial, com públicos apaixonados, estruturas impressionantes e tradições profundas no esporte. Cada uma tem sua singularidade e encanta fãs de diferentes partes do mundo. Quando refletimos sobre qual seria o maior campeonato de surf do mundo, chegamos à conclusão de que não se trata de uma competição entre os dois eventos icônicos, mas sim de celebrar o que cada um representa para o surf e para os fãs do esporte. O que importa é que ambas as competições continuem a emocionar e inspirar a próxima geração de surfistas e amantes do surf em todo o planeta.