De acordo com a previsão do site Surfline.com, as ondas em Teahupoo durante o WSL Shiseido Tahiti Pro estarão bem abaixo do esperado pelos fãs do esporte, e ao menos parte dos competidores. É sabido que muitos dos surfistas da elite não se sentem à vontade no temido pico, enquanto para um número reduzido deles quanto maior melhor. Nesse último grupo se encontra o brasileiro tricampeão mundial Gabriel Medina, para quem a notícia de que o mar não deve passar dos dois metros, ou 6 pés, não é nada animadora. Nessas condições, muitos dos competidores que teriam chances bem reduzidas num dia de tubos assustadores, passam a ter uma probabilidade bem maior de obter um bom resultado.
No domingo passado, Teahupoo exibiu toda sua perfeição e força durante a triagem do evento principal, disputada por 32 taitianos em condições de gala, num mar com ondas que chegaram aos 3 metros, ou 10 pés. O mar estava tão bom que foram distribuídas três notas dez, uma delas para Matahi Drollet, na final contra Eimeo Czermak, que perdeu, mas levou um dez pra casa também. O placar de 19,60 x 18,17 pontos dá a ideia exata do alto nível da bateria, que não poderia ter sido tão espetacular se as ondas não houvessem cooperado.
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Em qualquer condição, Gabriel Medina segue sendo um dos favoritos disparados a vencer o evento, como demonstra sua trajetória no pico, onde foi duas vezes campeão, três vice e ainda levou um terceiro lugar, tudo entre 2014 e 2019. Em 2020 e 2021, não ocorreram campeonatos da WSL em Teahupoo, e em 2022 Medina estava machucado. Imagina só a vontade de vencer que ele vem esse ano, precisando muito de um bom resultado para adentrar o exclusivo grupo dos cinco que disputarão o título mundial em Trestles.
O brasileiro não está só de olho no título mundial de 2023, mas principalmente em garantir uma vaga nas Olimpíadas de Paris 2024, que serão disputadas em Teahupoo. Para poder disputar a tão almejada medalha de ouro, que já declarou ser seu maior sonho no momento, Medina precisa terminar o ano como um dos dois brasileiros melhor classificados no ranking da WSL. Ou aguardar pelo torneio da ISA em Porto Rico, em março de 2024, para o qual nem sabe se será indicado pela CBSurf .
À sua frente no ranking da WSL no momento estão Yago Dora, em 5º lugar, João Chianca, em 4º, e Filipe Toledo em 1º. Na sua cola, no 7º posto, o havaiano John John Florence, seu maior adversário em Teahupoo. Uma vitória em Teahupoo poderia colocar Medina até mesmo em 4º lugar, mas o 5º já estaria de bom tamanho para levar a decisão da vaga para Trestles. Nada é fácil nem garantido em ondas de 2,5 a 3 metros, mas se esse fosse o cenário, seria indiscutível afirmar que Medina estaria com meio caminho andado para figurar entre os cinco finalistas.
Já em dias onde as ondas não passam de 2 metros, a disputa fica bem mais equilibrada com os demais competidores. Se Medina vencer a etapa, ele não depende de outros resultados, mas se for vice, Yago Dora e John John não podem terminar em primeiro. Se for terceiro, Yago não pode alcançar as quartas, John John Florence e Jack Robinson não podem chegar à final, e Leo Fioravanti e Ryan Callinan não podem ser campeões. Caso Medina fique com o quinto lugar e Yago chegue às oitavas, eles empatariam em pontos e o desempate aconteceria pelas baterias vencidas na temporada, excluindo a repescagem.
De uma maneira ou de outra, uma coisa é certa, Medina vai com tudo para a etapa de Teahupoo. Provavelmente rezando para que a previsão esteja errada e uma potente ondulação de última hora se materialize. Mas também pronto para fazer seu melhor seja lá qual for a condição apresentada. Tanto o sonho do tetra, quanto o do ouro olímpico, estarão em jogo, independente do tamanho das ondas.