27.4 C
Hale‘iwa
segunda-feira, 29 abril, 2024
27.4 C
Hale‘iwa
segunda-feira, 29 abril, 2024

Praia do Ronco do Mar fecha Taça Brasil em grande estilo

Entre os dias 08 e 11 de dezembro a Praia do Ronco do Mar, localizada no município cearense de Paracuru, recebeu alguns dos melhores surfistas profissionais em atuação no país para o CBSurf PENA Paracuru Pro, última etapa do circuito Taça Brasil, certame qualificatório para a Elite do Surf Nacional.

Os grandes campeões da etapa foram a catarinense Tainá Hinckel e o paulista Rena Peres, com Monik Santos-PE faturando o circuito entre as mulheres e Cauã Costa conquistando o topo do ranking entre os homens.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Pela natureza da competição já era de se esperar fortes emoções nas últimas baterias que definiriam os nomes dos campeões do circuito e da etapa. Mas, nem o mais criativo roteirista de Hollywood poderia imaginar o que todos que estavam ligados no evento, fosse na praia, ou através da Transmissão Ao Vivo pela internet, iriam testemunhar.

A primeira bateria a cair na água no último dia de competição foi a semifinal 1 das mulheres. Em uma disputa acirrada as quatro semifinalistas alternaram a liderança em alguns momentos. Entretanto, a paraibana, destaque da nova geração do surfe feminino, Ana Luiza, só precisou de duas ondas para conquistar a primeira colocação da bateria e garantir uma das vagas para a final. Avançando com ela tivemos a cearense, atualmente radicada no Rio de Janeiro, Yanca Costa, que conseguiu encontrar as duas ondas que precisava, em um mar que nitidamente perdia pressão a cada minuto. Encerrando sua participação ficando com a 5ª colocação no evento ficou Monik Santos-PE, com a cearense Mayra Oliveira deixando o mar muito aplaudida para concluir sua participação no evento com uma honrosa 7ª colocação.

+ Ondas clássicas e geladas no Ártico

+ Israel Adesanya recebe aulas de surf de Raimana Van Bastolaer

+ Mihimana Braye e sua impressionante conexão com Teahupoo

Na sequência foi a vez da segunda bateria das semifinais feminina entrar na água. E quem chegou à praia ou ligou o computador no início da bateria não entendeu bem o porquê de só haverem três atletas na água. Acontece que Tainá Hinckel, ao dar aquela caidinha pré-bateria pra aquecer, acabou levando uma pranchada que abriu um pequeno corte em sua cabeça. E enquanto sua bateria estava na água, Tainá vivia o dilema de sair do hospital e chegar a tempo de sua bateria. Doze minutos se passaram até que Tainá chegou correndo na praia com seu pai, vestindo a lycra e literalmente, seguindo o caminho das pedras para o outside, quase caminhando sobre a água, para entrar na bateria com a quarta prioridade. E logo que chegou Tainá pegou a onda que seria a maior média da bateria e que imediatamente a colocou na disputa.

Taça Brasil
Tainá Hinckel. Foto: Lima Jr

Os poucos minutos que restavam foram se passando, até que próximo do final da bateria, Tainá pegou a onda que precisava para avançar pra final. A praia inteira foi ao delírio e a aplaudiu muito ao vê-la sair do mar, nitidamente exausta, mas feliz em ter garantido sua vaga na grande Final. Avançando em primeiro tivemos a carioca Júlia Duarte, que também faria parte do enredo das emoções que estariam por vir.

Ao término das semifinais todos estavam atônitos, pois, quando a bateria entrou na água ninguém mais esperava que Tainá pudesse voltar. Daí todos ficaram muito surpresos com a superação que ela demonstrou só em ter conseguido chegar, mesmo com a bateria em curso. Mas, entrar na água com menos da metade do tempo de bateria e conseguir sua classificação foi uma tarefa prá lá de hercúlea e deixou até os mais experientes, acostumados a todo tipo de perrengue em campeonatos, de queixo caído! Dizer que ela foi aplaudida seria até uma injustiça, porque na verdade, ao sair da água ela foi ovacionada pelo exemplo absurdo de superação que todos presenciaram.

A paraibana Nalanda Carvalho terminou na 5ª colocação do evento e a catarinense Maya Carpinelli encerrou sua participação na 7ª colocação.

“CHEGOU A HORA DESSA GENTE BRONZEADA MOSTRAR SEU VALOR”

E para quem achava que as emoções tinham ficado reservadas apenas para as semifinais, a grande Final ainda guardaria uma dose extra de adrenalina. Com o mar ficando cada vez mais difícil, as atletas foram buscando construir seus resultados pouco a pouco e logo, Monik Santos-PE assumiu a liderança da bateria. Com o resultado ela se tornaria a campeã do circuito. Contudo, há poucos minutos do final, uma onda acabou escapando das competidoras que estavam mais ao outside e Tainá, que estava mais embaixo, não deixou a onda passar. Poderia ser sua última chance de sair do Paracuru com o título da etapa.

Soado o segundo toque da sirene a praia toda estava em silêncio esperando o anúncio pela locução do evento, da nota que faltava. Até esse momento o título estava nas mãos da carioca Júlia Duarte, que liderou boa parte da bateria. Tainá precisava de 3,60 e para o delírio de toda praia que àquela altura já estava completamente envolvida com a história de superação da catarinense, cravou 3,93 para faturar o troféu de campeã e os R$ 15.000 (quinze mil reais) da premiação.

Não precisa dizer que nesse momento ela desabou em um choro de pura emoção e a praia foi ao delírio, e até quem estava sentado se levantou para aplaudir de pé aquela história da vida real, que poderia muito bem ser um conto de fadas com o final feliz mais mirabolante que se poderia imaginar, mas que na verdade, era uma linda história da vida real, da princesa do surfe que superou obstáculos que para muitos seriam intransponíveis, para escrever uma página da história do surf brasileiro com ares de realismo fantástico.

Com o resultado, o título saiu das mãos de Júlia Duarte-RJ, que precisaria vencer para levar o circuito, e caiu de presente no colo da pernambucana Monik Santos, que comemorou muito a conquista do mais importante título de sua carreira.

Apesar da frustração, Júlia, que acabou como Vice-Campeã da etapa e do circuito, também comemorou o importante resultado e ainda embolsou R$ 8.000 (oito mil reais) da premiação.

Na terceira colocação ficou Ana Luiza-PB, que em um descuido acabou cometendo uma interferência que dividiu a sua maior nota ao meio tirando dela a possibilidade de fazer o maior somatório da bateria. Na quarta colocação ficou Yanca Costa-RJ, que também comemorou o resultado, afinal de contas, ela estava entre as Top #4 do evento.

Taça Brasil
Pódio Feminino. Foto: Lima Jr

HOMENS AO MAR

Entre os homens, apesar de não ter sido tão espetacular quanto na categoria feminino, também tivemos grandes emoções. Na primeira semifinal o cearense Artur Silva conseguiu encontrar as melhores ondas para vencer, trazendo consigo o paulista Renan Peres. Em terceiro ficou o Índio da Paraíba, Samuel Igo e na quarta colocação ficou o Pernambucano Douglas Silva, o Dodô de Maracaípe.

Contudo, todos os holofotes estavam voltados para a segunda semifinal, que definiria o campeão do circuito. E diferente do que aconteceu com as mulheres, no masculino, o então líder do circuito, Luel Felipe-PE, dependia da queda de Cauã nas semifinais. Caso ele passasse, se tornaria campeão do circuito. E focado na missão, Cauã mostrou por que é o atual Bicampeão Sul-Americano Junior, dominando a bateria e avançando para a Final em primeiro, para garantir mais um título em um ano repleto de conquistas. Passando junto com ele tivemos o local do Ronco, Thiago Eduardo, com Ian Gouveia-SC encerrando sua participação em terceiro e o paranaense Peterson Crisanto, em quarto.

Taça Brasil
Renan Peres. Foto: Lima Jr.

Na Final o grande destaque foi Renan Peres-SP, que conseguiu tirar leite de pedra em um mar com poucas ondas e que, segundo ele, nunca havia surfado na vida, para superar três especialistas naquela onda, Artur Silva, atual Campeão Cearense Profissional, Thiago Eduardo, local do pico e Cauã Costa, que apesar de competir pela bandeira do Rio de Janeiro, se criou competindo nessas ondas. Os três terminaram a competição em segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente.

DEFINIÇÃO DOS NOMES DOS ATLETAS QUE IRÃO SUBIR DE DIVISÃO

Taça Brasil
Pódio Masculino. Foto: Lima Jr.

Agora, terminado o Circuito da Divisão de Acesso à Elite do Surf Brasileiro, resta esperar os nomes que estão entre os 12 que conquistarão o direito de competir no Dream Tour de 2023, mas que conseguirão confirmar suas vagas através do Circuito da 1ª Divisão, que terá início nesta segunda-feira (12) e vai até sábado (17), também no Ceará, dessa vez na Praia da Taíba, município de São Gonçalo do Amarante. Apenas após conhecermos os 50 nomes que se classificarão pelo CBSurf Pro Tour é que poderemos ter a lista definitiva com os 12 felizardos que ascenderão à Divisão da Elite do Surf Brasileiro através do ranking final da Taça Brasil. Até lá muita água vai passar embaixo da “prancha”, e a exemplo do que vimos na Taça Brasil, a única certeza que podemos ter é que fortes emoções estão por vir nos próximos dias.

UM CIRCUITO PARA FICAR NA HISTÓRIA

Como deu para perceber o CBSurf Taça Brasil foi repleto de emoções da primeira a última etapa. Mas, algumas transformações não podem ser vistas através das câmeras, ou até mesmo por quem está na praia. E aqui, na impossibilidade de elencar tudo o que está sendo reorganizado nos principais circuitos profissionais nacionais, quero eleger, a título de exemplo das modificações às quais me refiro, à participação da árbitra veterana Carla Circenis, que mostrou muita competência ao compor o quadro de juízes da competição e provar o que muitos sempre souberam, que já estava mais que na hora das mulheres assumirem o controle dos terminais de pontuação dos circuitos nacionais. Assim, Carla carrega consigo a marca dessa nova gestão do surfe brasileiro. Onde o atleta tem total prioridade e homens e mulheres são tratados em pé de igualdade. Agora alcançando também o quesito arbitragem. Iniciando a transformação, sim. Mas, acima de tudo apontando os novos caminhos que serão trilhados. E esse, como falei, é apenas um pequeno exemplo das profundas transformações que estão acontecendo e que prometem para 2023 o maior circuito de surf profissional que o Brasil já viu, o Dream Tour, com a Elite dos 64 melhores surfistas em atuação no país no masculino e 24 no feminino. A mudança já está acontecendo!

FALA DVD

E no “apagar das luzes” o astro do WCT Deivid Silva-SP fez questão de dar o seu depoimento como atleta e ressaltar a importância de estar ali:

Eu amo o Ceará e o Paracuru. E para mim, participar desses eventos no Brasil é uma forma de me manter treinando em alto nível. Como o Circuito Mundial Challenger só inicia quase no meio do ano, é muito importante participar dessas competições para que eu possa manter meu ritmo de competição em alto nível, porque os Circuitos Profissionais Brasileiros estão atingindo patamares impressionantes… e o resultado dessa evolução inevitavelmente será uma nova leva de atletas brigando cada vez mais forte pelas vagas no CT. E isso é muito bom para o surf brasileiro”, declarou o astro integrou até esse ano o CT, mas que promete voltar o mais rápido possível.

TRANSMISSÃO AO VIVO

Para conferir tudo o que rolou no CBSurf PENA Paracuru Pro, última etapa da Taça Brasil de Surf Profissional, a qualquer hora e em qualquer lugar, basta acessar o Canal do YouTube CBSurfPlay. Para resultados, notas, estatísticas e maiores informações, acesse www.cbsurf.org.br .

PREMIAÇÃO

A generosa bolsa de premiação do CBSurf PENA Paracuru Pro ofereceu R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) destinados a eventos de status Prime e distribuídos de acordo com o Livro de Regras da CBSurf.

SOBRE PARACURU

Paracuru é um famoso balneário localizado a cerca de 90km da Capital Cearense, Fortaleza, no Litoral Oeste do estado. Ficou conhecido pelos surfistas brasileiros a partir do icônico filme NAS ONDAS DO SURF, longa dirigido por Lívio Bruni Jr. e Produzido por ele próprio e por Rossini Maranhão, o Maraca, em 1978, primeira produção nacional do gênero e que apresentou para o Brasil as longas ondas que rolam em uma água quentinha, de cerca de 28ºC de média anual.

Seu nome faz referência direta ao mar, às ondas e a seu fundo que mescla pedras e areia. Uma teoria fala que seu significado é “Lagarto do Mar”, que pode ser interpretado como sendo suas ondas muito longas. Outra, que seu nome significa mar de cascalho, em referência às suas praias de fundo de pedras. De qualquer forma, para os surfistas, Paracuru significa muito surf, ondas longas e perfeitas.

Terra natal de Silvana Lima, sua maior representante nos esportes, Paracuru é tão ligada ao surf que o município tem um dia dedicado ao Esporte dos Reis Havaiano, 29 de outubro.

Fonte: CBSurf

Receba nossas Notícias no seu Email

Últimas Notícias