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Pan-American Soul 2022: Portas Abertas

Respeitar para ser respeitado. Esse é o mantra. Mais ainda quando se está trilhando caminhos onde somos apenas forasteiros de passagem. Quem vive ali tem as chaves dos segredos mais bem guardados. E temos que saber como chegar, para poder desfrutar desse conhecimento. Melhor ainda se viermos bem recomendados e ao invés de só pedir, também oferecer.

 

texto e fotos por Adrian Kojin / Editor Especial da HARDCORE 

Após deixar Ensenada, minha primeira parada na Baja Califórnia, meu próximo destino foi Punta Abreojos, um vilarejo de mil e duzentos habitantes perdido nos confins do deserto mexicano. A caminho dormi em El Rosario, “pueblo más antiguo de Baja California”. Se nos dias de hoje ainda é um desafio viver por essas paragens, imagina fundar uma cidade no ano de 1774. Só sendo muito determinado. Ou maluco.

LEIA: Pan-American Soul 2022 – Surfando com os príncipes

Nessa noite não acampei, me hospedei no Baja Cactus Hotel, que não poderia ter um nome mais adequado. El Rosario é praticamente o portal de entrada para o “Valle de Los Círios”, maior área de proteção de fauna e flora do México. Em nenhum lugar do planeta existe uma concentração tão grande de cactos, muitos deles gigantes. Das paisagens mais surreais que já cruzei.

Adrian Kojin em Valle de Los Círios.

Sabia que um swell era esperado para os próximos dias, e por isso não me demorei mais num lugar que merece ser melhor explorado. Mas o chamado das ondas foi mais forte. E, como ia explicando acima, eu já ia chegar bem conectado a um surfista local. O americano virado mexicano Jaime Nóia havia sido indicado pelo amigo peruano Gino Passalacqua, como o cara certo para me orientar sobre o melhor lugar para acampar, quais picos iriam funcionar, e em que condições. E, muito importante, a me ajudar a organizar o primeiro workshop de arte na estrada com a criançada local, uma das missões à qual me propus nessa jornada.

+ Pan-American Soul: Zona de Guerra

 

Jaime Nóia.

Jaime, que além de excelente surfista é também um talentoso artista, abriu a porta de seu Café El Camino para me receber, permitindo que eu fizesse do lugar uma base de apoio para meu rústico acampamento à beira mar. Nada como poder tomar um café de alta qualidade acompanhado por deliciosos cookies, brownies etc, num lugar onde você nunca esperaria encontrar um luxo como esse.

O swell atrasou um dia, mas quando chegou foi para valer. São muitas opções de ondas numa área de poucos quilômetros de extensão. Tem para todos os gostos, de point breaks a tubos secos. Eu particularmente preferi não arriscar o coro nas bancadas rasas demais. Um acidente logo no início da viagem, e ainda mais no meio do deserto, iria ser muita complicação pra pouco tempo rodado. Gastei os braços num point break de direitas longas e nos finais de tarde fui apreciar e fotografar/filmar caras como o pro californiano Timmy Reyes, frequentador do lugar, e o próprio Jaime, pegarem belos canudos sobre pedras quase secas, logo ali ao lado. Não à toa o nome do pico é Razors, ou giletes.

+ Alma Panamericana revisitada: 35 anos depois, Adrian Kojin refaz icônica viagem

No domingo, a molecada compareceu em peso para participar do workshop concebido pelo coletivo de artistas @californialocos. Fiz uma breve palestra explicando quem havia sido Rick Griffin, a ligação de sua arte com o surfe e a importância da arte como uma atividade libertadora. Aproveitei para lembrar a eles que vivem num lugar muito especial e que proteger a natureza é fundamental.

Impressionante como prestaram atenção. Mais ainda fiquei admirado com a dedicação com que se debruçaram sobre o desenho de Griffin, impresso em preto e branco, para aplicarem suas próprias cores. Adoraram, foi uma troca maravilhosa.

Deixo aqui meu agradecimento público a Jaime e sua esposa Betty (acima). Sem a ajuda do simpático casal minha passagem por Punta Abreojos não teria sido tão bacana. Graças à sua hospitalidade, fui muito bem recebido pela comunidade local e surfei ondas incríveis. Peguei a estrada novamente carregado de boas lembranças. Espero ter feito minha parte e deixado algumas boas lembranças também.

Acompanhe a rota pelo @panamericansoul2022.

Compre aqui o livro Pan-American Soul, em edição digital, com apenas um clique. 

* Nesta seção, o Editor Especial da HARDCORE, Adrian Kojin, traz com exclusividade os diários da sua road trip “Pan-American Soul 2022”, da Califórnia até o Brasil. 

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