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Owen vence revanche com Medina na final e é campeão em Teahupoo

Owen Wright devolve resultado de 2018 e vence Gabriel Medina com virada na final do Tahiti Pro Teahupoo. Filipe Toledo é o novo líder do CT

Por Fernando Guimarães

Retribuição poética foram as palavras usadas por Kaipo Guerrero, locutor da transmissão oficial em inglês, para descrever a revanche de Owen Wright sobre Gabriel Medina na final do Tahiti Pro Teahupoo. O australiano finalmente tornou-se o campeão da etapa taitiana do Circuito Mundial da WSL, nesta quarta (28), após chegar pela terceira vez na final. Em 2018, sua segunda tentativa, Medina havia levado a melhor.

A vitória de Owen impediu que seu brother de Maresias assumisse a liderança do ranking. Agora, o novo dono da camisa amarela é Filipe Toledo. Curiosamente, o mesmo líder do circuito a esta altura no ano passado. Jordy Smith, semifinalista no Tahiti Pro, é o segundo colado, Kolohe Andino é o terceiro e Medina é o quarto.

O clima de amizade entre os dois finalistas após a decisão combinou com a tranquilidade morna das finais em geral, após a injeção de medo e adrenalina do dia anterior.

Não só as ondas estavam menores, menos tubulares e mais dóceis do que ontem; as séries estavam demoradas, com longas, intermináveis calmarias.

Desde o primeiro momento, Owen foi o cara em maior sintonia com o mar. A bateria inaugural das finais, entre ele e Jadson André, foi a última remanescente do festival de tubos de ontem. Jadson outra vez surfou muito. Tomou vacas assustadoras, voltou ao pico, pegou várias. Boas. O que deixa sua derrota um pouco difícil de engolir: com exceção da final, ele teria vencido qualquer outro duelo com as notas que tirou nas quartas.

Mas seu rival estava um nível acima. Owen pegou a maior do dia, dessas com o lip bizarramente grosso que só Teahupoo grande tem. Um drop atrasado, passeio no tubo no limite e o eject  na baforada. Nota dez. Não unânime, pois um dos senhores da cabine deu 9,80. Mas o segundo dez do ano. Jadson teve uma nota nove, mas perdeu em combinação.

 

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10-point ride. What a way to kick off Finals Day, @owright. ? #TahitiPro Pres. By @hurley

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Na sequência, Adriano de Souza não conseguiu encontrar um ritmo em outro duelo quase-old-school com Jordy Smith. Na verdade, nem Jordy conseguiu. Mas o sul-africano conseguiu aproveitar uma bomba que entrou sozinha, e debaixo da prioridade do Mineiro, ainda por cima. A nota 9,23 pareceu um pouco alta demais, assim como o nove de Owen, na real. Mas tendo em vista o que veio depois, no dia, ficou muito justo.

Mineiro não podia estar mais tranquilo com o resultado. Ontem ele já havia falado: “chegar até aqui é um prêmio pra mim”. Depois da eliminação, ainda dentro da água, enquanto Gabriel e Jeremy Flores amargavam momentos de piscina (sem ondas, nesse caso) no outside, ele explicou que já vai direto para a Espanha, correr o QS de Pantín. Sem crise, na missão. E na paz. Mineiro é ídolo.

O momento de piscina-sem-ondas do mar durou quase dois terços da bateria de Jeremy e Gabriel. Faltando dez minutos, Gabriel virou a chave e passou a pegar uma atrás da outra no inside. Estratégia e tal. Ganhou tranquilo do francês, que somou apenas uma onda, 2,50, na meia hora do confronto.

Seth Moniz e Caio Ibelli fizeram um duelo eletrizante. O mar despertou e as séries começaram a entrar novamente — mas já menores do que na bateria de Jadson e Owen. Caio pegou a melhor da bateria, mas Seth tinha o melhor back-up.

Já falamos aqui sobre a moral que Caio conquistou com sua atuação em Teahupoo, mas não custa reforçar. O rookie do ano de 2016 foi um dos mais atirados no dia mais sinistro do ano. E um atirado consciente, habilidoso, no domínio da situação. Ele perdeu a bateria para Seth, mas fica em posição mais confortável para brigar pela permanência na elite ano que vem. E com certeza vai ser olhado de outro jeito, pelos juízes inclusive.

Falando em rookie, Seth vem mostrando que veio pra somar, realmente, no circuito. Entrou no top 10 com sua semifinal em Chopes, e olha só, quem sabe até na disputa por uma vaga olímpica.

Owen e Jordy fizeram uma semifinal já no ritmo morno, devagar-quase-parando do final do swell.

Ainda assim, Owen fez a cabeça. Descartou uma nota sete, um luxo num dia de poucas ondas surfadas com hoje. Jordy pegou três ondas apenas, dois, quatro e seis. Sem chance. Mas o excelente terceiro lugar o leva para vice-liderança no ranking, muito perto de Filipe. Depois de tanto tempo de expectativa, será esse o ano de Jordy?

Gabriel controlou Seth na outra semi. O havaiano arriscou, se jogou em ondas estranhas que vinham muito de oeste, mas sem a força e o tamanho necessário para abrir um tubo humano. Foi amassado dentro de uma porção delas, enquanto o brasileiro usou sua compreensão sobrenatural de Teahupoo para escolher as certas e, sem dar show, fazer apenas o necessário para avançar.

A final juntou novamente os dois amigos. O registro de Owen em Teahupoo era cruel. Em duas finais, dois vices — ambos contra o eventual campeão do respectivo ano, Kelly em 2011 e Gabriel em 2018. Nas últimas quatro edições, uma ausência por lesão e três derrotas para Medina, a final do ano passado, semi em um ano, quartas no outro.

Owen conseguiu virar a sina e a bateria. Gabriel fez sua melhor apresentação no dia, mas o australiano estava vibrando em sintonia fina com o oceano. Perdendo a poucos minutos do final, virou com duas ondas no inside sem a prioridade.

Algumas notas foram exageradas. Sua nota nove soou exagerada, e o sete de Gabriel também parecia um pouco mais alto. Mas de qualquer forma, o melhor surfista do dia venceu.

A corrida ao título fica acirradíssima. De Filipe, o líder, a Italo, o sexto colocado, passando por Jordy, Kolohe e Gabriel no caminho (John John não conta), a diferença é de apenas cinco mil pontos.

O circuito faz agora a curva mais bizarra de todas. Os corais em alto mar com as montanhas ao fundo da paisagem taitiana são substituídos pela bruma seca matinal e o cheiro de cocô de vaca das pastagens do interior da Califórnia. As bombas temperamentais e alucinadas de Teahupoo dão lugar às direitas e esquerdas de perfeição mecanizada no tanque de água doce da única propriedade privada a receber uma etapa em todo o circuito.

Anota aí na agenda: o Freshwater Pro acontece nos dias 19, 20 e 21 de setembro.

Tahiti Pro Teahupo’o – Resultados

Quartas de final:

1. Owen Wright 19,07 x 16,67 Jadson André
2. Jordy Smith 14,06 x 8,67 Adriano de Souza
3. Gabriel Medina 11,77 x 2,50 Jeremy Flores
4. Seth Moniz 15,60 x 12,83 Caio Ibelli

Semi final:

1. Owen Wright 15,67 x 10,66 Jordy Smith
2. Gabriel Medina 11,16 x 7,43 Seth Moniz

Final: Owen Wright 17,07 x 14,93 Gabriel Medina

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