Na última quarta (21) publicamos a triste notícia de uma orca que havia sido encontrada morta no litoral do Espírito Santo.
Tão logo o corpo do animal foi encontrado, especialistas do Instituto Baleia Jubarte e o Instituto Orca, responsáveis pelo monitoramento de encalhes na região do Espírito Santo da Rede de encalhes – REMASE junto ao Ibama, efetuaram a retirada da orca, que foi encaminhada para necropsia em Guarapari.
O trabalho de necropsia no animal começou ainda na terça-feira, após a chegada da carcaça no instituto. Durante o procedimento, foi encontrado quase um metro de material plástico de seu estômago.
“Encontramos algo como se fosse um tapete de carro, um plástico duro. Também tinha tampa de vasilha plástica, vários tipos de plástico. Não encontramos mais nada dentro do animal além desse material, o que significa que ele não estava conseguindo se alimentar“, disse Lupércio Barbosa, diretor do Instituto Orca.
Segundo o gestor, a grande quantidade de sacolas dentro do animal pode ter sido a causa da morte do animal
Essa grande quantidade de sacolas plásticas dentro da orca, sacolas pretas, significa que esse animal já não vinha conseguindo se alimentar há bastante tempo. O que pode justificar o estado de letargia e o fato dela estar mais magra”, explicou..
Lupércio contou que animais marinhos têm sido encontrados com frequência com grande quantidade de macroplásticos como sacolas e microplásticos (pedaços pequenos de sacolas) preocupam os biólogos e sinaliza um alerta.
“É uma coisa que vem nos preocupando há algum tempo, não só a questão de macroplásticos, mas principalmente o microplástico. Mesmo que não cause diretamente a morte do animal, esse material pode desencadear vários problemas que levam a morte dos animais. O plástico inteiro, uma grande quantidade de material plástico, pode ocasionar uma obstrução digestiva“, contou o diretor.
O diretor apontou que é possível salvar animais com plástico no estômago, mas que é um processo delicado e que não existe ainda em centros de reabilitação do Espírito Santo.
“Em situações como essa, seria ter capturado o animal com vida, e ele teria que ser levado para algum centro de reabilitação fora do estado para fazer um ultrassom. Depois seria feito uma endoscopia e depois a retirada do material no estômago e daria uma grande chance para o animal poder se recuperar“, disse Lupércio.