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O que não se discute é que Kauli Vaast mereceu o ouro em Teahupo’o

O ouro ter ficado em Teahupo'o fez justiça às raizes polinésias do surf.

A falta de ondas na bateria de Gabriel Medina, diretamente responsável por sua derrota na semifinal, e o julgamento discutível que tirou o ouro de Tati Weston-Webb, estão entre os assuntos mais comentados no dia seguinte à final olímpica em Teahupo’o. Mas o que não se discute é que o herói local Kauli Vaast mereceu o ouro, cada grama dele. Claro que as histórias que mais interessam os brasileiros são as dos atletas que defenderam a bandeira verde amarela, mas a do garotão de apenas 22 anos que enfrentou os maiores nomes da WSL para chegar ao lugar mais alto do pódio também merece aplausos.

Nascido e criado no vilarejo de Vaira’o, poucos quilômetros ao norte de Teahupo’o, ele foi descoberto ainda moleque por uma das figuras mais emblemáticas do surf taitiano, o “chefão” de Teahupo’o, Raimana Van Bastolaer. Foi graças a Raimana que Kauli pode iniciar sua carreira como surfista profissional. Primeiro se destacando desde muito cedo em Teahupo’o, onde seu padrinho já o estava rebocando em tubos gigantes quando ele tinha apenas 12 anos de idade. Depois o encaminhando para patrocinadores e uma vitoriosa carreira júnior como tricampeão europeu da WSL em 2017, 2019 e 2020.

Euforia merecida, Kauli Vaast celebra seu feito histórico. Foto: ISA / Tim Mckenna

Não é para menos que Kauli é enfático ao agradecer o papel de Raimana em sua trajetória. “Ele cuidou de mim desde que eu era jovem, sempre esteve lá. Ajudou-me a encontrar patrocinadores, cuidou de mim em Teahupo’o, basicamente foi um segundo pai”, disse Vaast. Com esse apoio fundamental, Kauli teve sua primeira chance em um evento do circuito mundial da WSL em 2019, em Teahupo’o, durante o Tahiti Pro. Então, somente com 17 anos de idade, o convidado local chamou muita atenção pela maestria como surfou tubos insanos com total conhecimento de causa, fazendo frente aos melhores do mundo. Curiosamente ele acabou derrotado por um de seus heróis e compatriotas, Jeremy Flores, justamente seu técnico na conquista do ouro olímpico.

Em 2022, também como convidado, dessa vez ele chegaria à final em Teahupo’o, naquela que seria apenas sua segunda participação em um evento do Championship Tour. Durante o evento, Kauli bateu ninguém menos que o 11x campeão mundial Kelly Slater. Só não ficou com o troféu de campeão pois foi parado pelo brasileiro Miguel Pupo num dia inspirado. A batalha entre os dois pelo título foi épica, um verdadeiro espetáculo que reforçou a impressão de que aquele jovem surfista taitiano estava apenas iniciando uma trajetória brilhante.

Nas Olimpíadas, representando a França, Vaast iniciou a competição apontado como um dos favoritos. Mas deu um susto na sua torcida ao cair para a repescagem na primeira fase, se recuperando na sequência, ao despachar o sul-africano Matthew McGillivray. Nas oitavas de final, numa bateria eletrizante, mandou também de volta pra casa o número dois no ranking da WSL, o americano Griffin Colapinto. Nas quartas de finais, Kauli não teve dó de seu companheiro de equipe, Joan Duru. Na semifinal o peruano Alonso Correa tentou, mas não resistiu à determinação de Vaast. Seu domínio sobre o australiano Jack Robinson foi absoluto na finalíssima.

“É realmente algo especial para mim vencer as Olimpíadas em casa”, disse ele após a gloriosa vitória. “Tive uma grande ligação com o oceano desde o início da competição. Sinto-me sortudo por finalmente conseguir ritmo para uma grande competição como esta. Eu realmente tinha o ‘maná’ , é o que temos aqui, o espírito e a energia que todas as pessoas, todos os polinésios me dão, e eu pude sentir isso. Foi algo especial.” 

A alegria merecida de Kauli Vaast e da torcida taitiana remete às origens polinésias do surf. A medalha de ouro ter ficado em Teahupo’o fez justiça à história do esporte.

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