Dados do estudo “Raio-X dos Resíduos na Costa Brasileira”, divulgado recentemente pela Sea Shepherd Brasil e pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), apontam o Pântano do Sul como a praia com a maior densidade de macrorresíduos, macroplásticos e microplásticos entre as 306 praias analisadas. Esse resultado se deve, em grande parte, ao lixo transportado pelas correntes marinhas, que impacta diretamente a região.
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Os moradores da região, no entanto, argumentam que as amostras foram coletadas após uma ressaca, quando os resíduos na praia são muito mais volumosos do que o usual, distorcendo os dados. Os autores do estudo – que ainda não foi publicado em uma revista científica – também pediram cautela na análise dos dados de cada praia, devido à pouca representatividade do tamanho da amostragem. Além disso, os locais de Pântano do Sul também chamam a atenção para o fato de que a água do mar é considerada própria para banho nesta praia, de acordo com Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
Ainda assim, a situação da poluição plástica é preocupante. O estudo encontrou plástico na areia de todas as praias analisadas. Além disso, em 97% delas achou microplástico, que são fragmentos menores que 5 milímetros – tamanho semelhante ao de um grão de ervilha.
Os pesquisadores esperavam encontrar muito plástico, mas a quantidade os surpreendeu, segundo a presidente da Sea Shepherd Brasil ouvido pela reportagem da Deutsche Welle Brasil . De todos os macrorresíduos, 91% pertenciam a essa categoria – o restante eram materiais como vidro, papel e cerâmica. Um estudo internacional identificou que, no mundo, a porcentagem de plástico nas praias em relação aos outros resíduos é de 62%.
Ao comparar as praias, o estudo colocou o Pântano do Sul no topo do ranking de todos os indicadores. “Pelas fotos que a gente viu, percebemos que a pesquisa foi feita após uma ressaca. Como a praia é de mar aberto e virada para o sul, ela recebe tudo que é sujeira de outras praias”, disse o presidente da Associação de Moradores de Pântano do Sul, Wagner Leandro de Lima.
Essa análise é compartilhada pelos pescadores. Eles disseram que, quando colocam a rede no mar, deixando-a de um dia para o outro, pegam também muito lixo, como garrafas pet, potes de plástico e até aparelhos eletrônicos.
Para a professora de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e coordenadora do Laboratório de Poluição e Geoquímica Marinha (LaPoGeo), Juliana Leonel, também ouvida pela DW Brasil, as notícias trataram a praia do Pântano do Sul de forma descontextualizada.
“Ir na praia uma vez e fazer uma medida resulta em uma fotografia do momento. E o próprio relatório, em mais de um momento, faz essa ressalva”, alertou. De acordo com Leonel, muitas variáveis podem alterar os dados, como o tipo de praia, a estação do ano, a maré e o horário em que foi feita a coleta, além de eventos meteorológicos como uma ressaca ou a passagem de uma frente fria.
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