O campeão mundial Adriano de Souza, o Mineiro, agora aposentado da elite mundial do surf da WSL, disse em entrevista recente a jornal português que discorda do corte do meio da temporada e do dia das finais no circuito principal.
Ambas as alterações foram introduzidas há dois anos pela Liga Mundial de Surf.
“O corte não é muito benéfico para os surfistas (que entram no circuito principal), porque é muito difícil entrar na elite, e o atleta tem cinco provas para mostrar tudo o que sabe, num ambiente novo, num lugar onde nunca competiu antes. É uma desvantagem para o surfista que está entrando na elite, e isso prioriza muito as pessoas que já estão dentro. Fica mais elitizado ainda. É muito difícil”, realçou Adriano de Souza a um jornal português.
Sobre o dia das finais, em que só participam os cinco surfistas melhor classificados no quadro masculino e feminino após as dez etapas da época regular, a opinião do atleta de 36 anos do Guarujá, São Paulo, também não é favorável.
“No passado, você precisava de somente uma vez para ser campeão mundial, agora, você precisa ser duas vezes campeão mundial no mesmo ano. É a minha opinião”, frisou Mineiro.
Sobre a nova geração de surfistas brasileiros no circuito principal, Adriano de Souza, já retirado das competições oficiais, apontou para a qualidade dessa nova safra, mas considerou que têm pela frente uma missão muito complicada.
“Estão preparados para ser campeões. Têm surf para isso, mas acho que vai ser muito difícil, para esta geração atual do Filipe (Toledo), Gabriel (Medina) e Ítalo (Ferreira), tirarem o título dos americanos e dos australianos. Sinto que a organização quer uma renovação. Mesmo que todos os surfistas brasileiros surfem muito, vai ser muito difícil agarrar mais um título, a não ser esses nomes que já são superconhecidos”, lançou.
Ele acrescentou que “o fato desta atual geração do Brasil ganhar tudo, dificulta ainda mais que outros surfistas brasileiros ganhem”.
Mineirinho competiu na semana passada no Capítulo Perfeito, evento de um dia dedicado aos tubos, realizado na Praia de Carcavelos, em Cascais, que teve vitória do local Nic Von Rupp.
“Foi muito bom voltar a Portugal, um lugar onde tenho bons amigos, e receber um convite especial para correr o Capítulo com altas ondas. Foi incrível, estou muito feliz, valeu todo o esforço de vir do Brasil até aqui. Foi um dia intenso, de muito surf”, afirmou, comentando a amizade que nutre por Tiago Pires, o primeiro português a surfar no circuito de elite da WSL.
De resto, após voltar a vestir a lycra de competição em Carcavelos, Adriano de Souza estará na Praia de Supertubos, em Peniche, na terceira etapa do CT, com funções diferentes, acompanhando o surfista italiano Leonardo Fioravanti.
“Vou para Peniche para trabalhar com o Leo Fioravanti. Ele teve um início de ano muito bom, principalmente num ano olímpico (de qualificação para Paris 2024), então a gente vai em busca de fazer um belíssimo treino e, se Deus quiser, vai dar tudo certo, e vamos ficar no top 10 até ao final do ano. Estou a trabalhar com a seleção de Itália há um ano, como é ano olímpico, surgiu essa oportunidade, mas claro que o Brasil está sempre no meu coração”, sublinhou Mineiro.
O MEO Rip Curl Pro acontece na Praia de Supertubos, em Peniche, entre 8 e 16 de março.