Novo formato estreia na abertura do CT 2019. Yago Dora e Gabriel Medina são os melhores do dia
Por Fernando Guimarães
A espera acabou. Pouco mais de 100 dias e 100 noites após a conclusão da temporada passada, o CT recomeça com algumas novidades, como o novo formato, mas também algumas semelhanças. Por exemplo: o dono da nota mais alta do dia segue o mesmo, Gabriel Medina tanto para o último dia de Pipe 2018 quanto para o primeiro da Gold Coast 2019.
Curiosidade: sabe de quem era a nota mais alta no primeiro dia da Gold Coast em 2018? Também Gabriel Medina, em um tubo cavernoso atrás das pedras de Snapper — a nota foi 8,33, mas acabou invalidada por uma interferência cavada por Leo Fioravanti no drop.
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Nesta quarta, em ondas mexidas de até um metro e um mar de difícil leitura no palco alternativo de Duranbah, o atual campeão mundial fez uma boa apresentação, o suficiente para ficar uns trocados à frente do australiano Ryan Callinan.
Em 2018, Ryan chegou à final na etapa da França competindo como convidado e usando como arma uma sequência de ataques certeiros a sessões críticas das maiores ondas. Em um beachbreak com oferta ainda menor de ondas boas, sua escolha foi preterida pelos juízes em favor de um combo mais progressivo aplicado por Gabriel: rasgada veloz, tradicional, seguida de um um aéreo reverse chutando a rabeta para a praia. Mateus Herdy boiou nessa bateria e quando acordou era tarde.
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Uma diferença para 2018: Kelly Slater começou o ano competindo. E pela segunda vez seguida neste comecinho de 2019, foi esculachado por dois goofies brasileiros, Yago Dora e Italo Ferreira.
Notas não explicam quão superior foi a atuação de Yago Dora em relação a qualquer outra no dia.
Recentemente, Yago comentou, em entrevista exclusiva à HC, o que havia depreendido do julgamento após um ano de CT: os juízes te avaliam em relação a você mesmo, e não em relação aos demais surfistas.
O que será avaliado em Yago em 2019?
Deve assistir tanto Dane Reynolds que lembrou mesmo o californiano ao selar uma junção enorme de backside, desgarrando a rabeta e despencando em uma pequena queda livre. Depois, completou o melhor aéreo do dia, um full rotation muito alto aterrissado direto no flat de uma esquerda grande.
Italo não achou ondas com o mesmo potencial, ou não soube avaliar corretamente as que encontrou — difícil diferenciar isso do outro lado do mundo, via webcast. Quando acertou o pé, logo completou o seu próprio aéreo girando e passou a surfar mais solto no que se tornou uma bateria insana entre os dois brasileiros.
Slater pareceu um pouco lento e ultrapassado. Metade dos atuais tops do CT passaria pelo mesmo nessa bateria. Não haveria demérito se não falássemos do maior campeão da história do esporte, que não cansa de surpreender aos quase 50 anos, etc etc.
Na entrevista, comentou que as condições estavam muito complicadas. Talvez não para seus dois rivais.

Ele não foi o único figurão a patinar: Jordy Smith, Owen Wright e Julian Wilson também ficaram em último e vão brigar para fugir do primeiro 33º do ano. Julian, assim como Kelly, correu atrás, sem sucesso, da leveza e criatividade de surfistas mais novos — nesse caso, Seth Moniz e Ryan Callinan.
Filipe Toledo teve uma possível explosão na performance segurada pelo conforto da segunda posição neste novo formato — o mesmo que aconteceu com Italo. Sem arriscar nada exuberante, ficou atrás das pancadas de backside de Joan Duru, mas tranquilo à frente de Caio Ibelli.
Já que a pauta são as novidades, dos quatro rookies de 2019, Peterson Crisanto pegou o duelo mais complicado, John John Florence e Mikey Wright na última bateria do dia. John aparenta ainda não ter o ritmo ideal, mas conseguiu soltar o pé aos poucos enquanto Peterson escolhia com excesso de cuidado suas ondas. Mikey passou em primeiro e deve ser páreo duro nas próximas rodadas.
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Deivid Silva surfou como Jadson André deveria ter surfado. Por alguma razão, o potiguar pareceu enroscar em algumas sessões chave das poucas ondas de qualidade que encontrou. Deivid, por sua vez, foi agressão pura, espancando uma direita de maneira promissora em sua primeira onda, sem espaço para nervosismo de estreante.
Michael Rodrigues conquistou uma vitória de rotina sobre Ricardo Christie e Wade Carmichael. Em quaisquer condições manobráveis, Michael é hoje um dos surfistas mais perigosos (para os adversários) e confiáveis (para a torcida) do Circuito. Ele estava no seu Fantasy? No meu, ele está.
Jessé passou em segundo na vitória de Kolohe Andino, com Willian Cardoso destinado à repescagem.
Por sinal, as baterias da repescagem ficaram assim:
1: Julian Wilson, Leo Fioravanti, Mateus Herdy
2: Jordy Smith, Ricardo Christie, Caio Ibelli
3: Owen Wright, Peterson Crisanto, Kelly Slater
4: Willian Cardoso, Sebastian Zietz, Jadson André
Resultados do round 1 do Quiksiver Pro Gold Coast:
1: Griffin Colapinto 10,26, Soli Bailey 9,83, Owen Wright 8,23
2: Jack Freestone 10,67, Ezekiel Lau 10,47, Jordy Smith 5,03
3: Yago Dora 14,33, Italo Ferreira 11,93, Kelly Slater 9,70
4: Joan Duru 11,10, Filipe Toledo 9,53, Caio Ibelli 7,60
5: Seth Moniz 11,17, Reef Heazlewood 9,50, Julian Wilson 8,36
6: Gabriel Medina 13,84, Ryan Callinan 13,57, Mateus Herdy 7,23
7: Adrian Buchan 10,13, Conner Coffin 10,00, Jadson André 8,40
8: Michel Bourez 13,27, Jeremy Florez 8,90, Leo Fioravanti 7,57
9: Michael Rodrigues 13,17, Wade Carmichael 13,07, Ricardo Christie, 12,67
10: Kanoa Igarashi 12,73, Deivid Silva 12,00, Sebastian Zietz 8,03
11: Kolohe Andino 11,00, Jessé Mendes 10,90, Willian Cardoso 8,40
12: Mikey Wright 12,10, John John Florence 10,93, Peterson Crisanto 8,36