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Sobre Margaret River: tédio ou empolgação?

Texto Alexandra Iarussi

O Margaret River Pro, segunda etapa do WT, completou a segunda rodada masculina e toda a terceira fase feminina. No primeiro dia do evento, o palco foi North Point – o mar estava grande, porém, inconsistente. As notas, salvo exceções, pequenas.


“Nenhum surfista passou de fase com duas ondas boas! LEIA NOVAMENTE! NENHUM SURFISTA ENCONTROU DUAS ONDAS BOAS! Foram 36 dos melhores do mundo, 12 baterias, 420 minutos de surf! E ninguém conseguiu duas notas acima de 7 pontos. A maior somatória do dia foi do Sebastian Zietz, atual campeão da prova e que tirou esse lindo 10 aí do vídeo (acima), no último confronto do dia. Seu backup?! 4,83. Detalhe para a reação de Peter Mel. Da um play no vídeo e divirta-se”, escreveu Comenta Cako em sua página do Facebook. 

No segundo dia, a competição seguiu para o Main Break – onda potente, que exige surfe de linha e técnica afiada. Desafiadora para quem surfa – e quiçá entediante para quem assiste: poucas sessões de manobras e, depois de duas ou três baterias assistidas, a coisa perde um pouco o sal.

De carona no curso da etapa, HARDCORE questiona a realização do evento. Fomos atrás dos especialistas: o que o jornalista Alexandre Guaraná (que foi editor da Revista Fluir e hoje publica no Surf100Comentários), James Brasil (forista internacional e HCollab do site Hardcore), e o comentarista da ESPN e colaborador do Waves, Edinho Leite, pensam sobre o evento? Confira:

Adriano de Souza: com propriedade, o campeão mundial de 2015 avançou na rodada da repescagem de Margaret, após vitória sobre Jadson André. Foto: WSL

Alex Guaraná: “Acho esta etapa bem interessante. Ondas diferentes, com possibilidade de swell grande, lugares bacanas. Conheço West Australia e ali é muito legal, com ondas muito boas. Quando surfistas melhores começarem suas disputas, você verá que o nível vai melhorar. Ontem (Round 2), poucos tinham experiência em ondas pesadas.”

Main Break, Margaret River. Para Alex Guaraná, os surfistas que seguram o tranco em ondas de consequência: Jordy, Kelly, Parko, Fanning, Frederico, Ethan Ewing, Julian Wilson, Zietz, Ibelli e Mineiro. Foto: WSL

Edinho Leite: “A onda de North Point é considerada uma das dez melhores do mundo. O problema é que justo na estreia do pico no CT, o swell estava na direção errada. Isso pode deixar até Pipe com cara de onda ruim, o que não é o caso. A nota dez do Sebass nem foi exemplo do melhor que pode rolar no pico. Vale lembrar, o mar não estava do jeito que esperávamos em Margs, mas valia colocar o round 2. Dois aéreos rodando em Trestles podem parecer mais dinâmicos, arriscados, mas não são – dependendo do aéreo, claro. Talvez para quem não surfa ou tem pouca intimidade com surf e ondas maiores, a onda (Surfers Point) possa parecer mellow ou tediosa, mas, acredite, assistir aos tops fazendo curvas de verdade, naquela velocidade e condições, é empolgante. Pranchas diferentes, surf de responsa, coragem e muito preparo entram na equação, fora o risco. Há também todo jogo de estratégia diferente por conta da amplitude de tudo que envolve a brincadeira ali. Uma onda como essa faria falta no Tour.”

The Box durante o Round 2 do Margaret River Pro. Foto: WSL

James Brasil: “A onda de Margaret é um tédio! Drop pra direita, tem aquela primeira manobra ou às vezes uma segunda, depois engorda e termina naquela junção sobre os bricks. Depois de assistir quatro baterias, você não aguenta mais. Te juro. Bells e Margaret eu nunca consigo assistir várias baterias; Snapper eu consigo.”

 

GUARANÁ FAZ UM CONTRAPONTO: “CHATO É O FORMATO DA WSL, NÃO OS PICOS”

O questionamento a respeito da existência ou não da etapa de Margaret levou o papo para outra temática: o formato das disputas.

Para Alex Guaraná, Margaret é um pico mais técnico do que visual. O jornalista compara a onda com uma pista de F1, “difícil de ultrapassar, mas que obriga os pilotos a se virarem o tempo todo com suas habilidades para fazer curvas”.

E continua, afirmando que a onda, no caso, é “ruim para quem vê, mas legal para quem compete”. “Sem falar que The Box é demais. Na verdade, o formato da WSL é chato, não os picos. Em ondas desse tipo, talvez quatro caras na água, como no Hawaii, fosse melhor. Mais dinâmico. Acho o formato muito preso e poderia ser maleável, dependendo das condições e do pico… Acho chatas as bateria homem x homem. Imagina sem jet ski? Nego ia pegar duas ondas por bateria. Tem que evoluir para agradar mais a audiência. O problema não é o lugar. Bells será chato também, pois a onda é longa e demorada. Já Teahupoo é demais, pois vem onda toda hora e é rápida”.


EDINHO COLOCA OUTRA QUESTÃO: “APENAS UMA ETAPA POR JANELA”

Para Edinho, é preciso reavaliar o fato de realizar duas etapas em mesma janela. “Sou a favor de as meninas competirem nessas ondas, mas quando um evento não atrapalha o outro. Qualquer surfista com alguma experiência sabe que muito raramente rolam mais que quatro dias de ondas realmente boas dentro de uma janela de dez”, avalia.

O comentarista da ESPN prossegue no raciocínio e frisa que, dessa maneira, “momentos não muito favoráveis são usados para competição que, com uma constância frustrante, acabam por forçar a realização das finais, tanto feminina quanto masculina, em ondas que poderiam ser melhores”.

E aí, leitor, o que acha? Deixe sua opinião.

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