Não teve nenhuma nota 10, mas Pipeline não decepcionou e os fãs do surf profissional puderam vibrar com a estreia dos melhores do mundo no Lexus Pipe Pro, que abriu o Circuito Mundial 2024 da WSL com um show de tubos. No terceiro dia de espera da janela que se estende até 10 de fevereiro, uma ondulação de oeste/noroeste proporcionou ondas de até 10 pés com ventos favoráveis, garantindo o palco perfeito para baterias disputadas em grande estilo e com muita emoção.
Ainda que o bicampeão mundial Filipe Toledo tenha terminado o dia com a reputação arranhada, ao perder sua primeira bateria do ano de forma lamentável, e na sequência abandonar o evento alegando uma intoxicação alimentar, o dia teve um saldo positivo para os brasileiros. Seis de nossos oito surfistas participando da prova avançaram para a terceira fase.
+Filipe Toledo responde às críticas por abandono do Lexus Pipe Pro
Caio Ibelli foi a outra baixa, mas ele caiu demonstrando categoria e valentia nos canudos de Pipeline, e saiu da praia de cabeça erguida. Os irmãos Pupo conquistaram as primeiras vitórias da seleção brasileira na temporada. Yago Dora, Gabriel Medina e Italo Ferreira também avançaram, ao ficar em segundo lugar em suas baterias de três competidores. Deivid Silva se beneficiou da desistência de Filipe Toledo e não precisou disputar a repescagem para seguir adiante.
“Estou feliz por conseguir pegar boas ondas, por estar de volta aqui surfando esses tubos, fazendo o que eu amo”, disse Miguel Pupo, maior destaque do dia entre os brazucas, após vencer sua bateria contra Italo Ferreira e o australiano Jacob Wilcox. A batalha acirrada, com os três surfistas mostrando muita disposição num dos melhores momentos do mar durante o dia, encerrou a primeira fase do evento. Foi exatamente o tipo de espetáculo que todos esperam ver em Pipeline. Para Migui, como ele é carinhosamente tratado por seus companheiros de Tour, a volta por cima após um ano fora por contusão não poderia ter sido melhor.
Gabriel Medina também fez bonito no pico em que conquistou seu primeiro título mundial, em 2014, e no qual é sempre considerado um dos favoritos. Medina entrou na água totalmente focado, com sua postura sangue nos olhos e parecia estar a caminho de vencer a bateria. Mas foi surpeendido pelo australiano Callum Robson, que marcou a melhor nota do dia durante o confronto, um 9 sensacional. Surfando de costas para a onda, ele saiu cuspido junto com baforada de um tudo profundo para a esquerda, que levantou a torcida na praia.
Reestreando no Circuito Mundial, Samuel Pupo entrou na água antes de seu irmão mais velho e de volta a areia vitorioso acabou dando conselhos a ele. Certamente com propriedade, já que surfou sua bateria demonstrando bastante tranquilidade. Ele controlou com facilidade o andamento da disputa contra o havainao Shion Crawford e Filipe Toledo, deixando claro que tem tudo para conusitar um bom resultado na onda para a qual tanto treina nos tubos de Maresias e Paúba, seus picos locais no Brasil.
A Yago Dora coube encarar a pressão de surfar na bateria que deu largada ao dia em Pipeline, quando ninguém sabia ao certo ainda como o mar estava se comportando e onde se posicionar. Se não apresentou nada de excepcional, fez o suficiente para seguir adiante no evento sem passar sufoco. Perdeu para o competente sul africano Matthew McGillivray, mas superou o estreante americano Kade Matson, que tomou a pior vaca do dia e teve muita sorte em ter escapado ileso. Foi assustador.
Kelly Slater: “Para ir reto na onda eu estou bem”
Aliás, surfar em Pipeline é sempre assustador, ainda mais se você ainda estiver em processo de recuperação de uma cirurgia no quadril, como é o caso de dois dos surfistas que despertaram mais atenção no dia. O 11 x campeão mundial Kelly Slater, maior vencedor da história em Pipeline, com 8 títulos, e próximo de completar 52 anos de idade, e Griffin Colapinto, terceiro colocado no ranking WSL do ano passado e grande esperança americana, sem dúvida entraram no mar receosos, mas sairam sorridentes.
Kelly ficou em segunda na bateria, vencida pelo campeão do evento em 2023, o australiano Jack Robinson, mas deixou explicito que nas exigentes condições de Pipeline, ainda que com a mobilidade parcialmente restringida, tem o conhecimento para dar trabalho a quem quer que seja. Como ele publicou num post no Instagram, “para ir reto na onda eu estou bem”. Já Griffin venceu com bastante propriedade sua bateria contra o estreante marroquino Ramzi Boukhiam e o havaiano Seth Moniz. Após aguardar com muita paciência pela onda certa, pegou um tubão de backside para a esquerda, atestando que, se a recuperação da cirurgia ainda não está terminada, certamente não está longe disso.
De acordo coma previsão do site Surfline.com, transmitida ainda durante o decorrer do evento, as ondas tem uma boa chance de continuarem boas, ainda que menores, nessa quinta-feira, primeiro dia de fevereiro. Se for confirmado o prosseguimento do Lexus Pipe Pro, os competidores masculinos já vão disputar classificação para as oitavas de final. A primeira chamada do dia foi marcada para as 7h45 na ilha de Oahu, 14h45 no fuso horário de Brasília. O show dos melhores surfistas do mundo nas melhores ondas do mundo, pode ser assistido ao vivo pelo Sportv e Globoplay e esta primeira etapa do CT 2024 também inaugura uma transmissão especial em português e em espanhol pelo site WorldSurfLeague.com.
RESULTADOS DO LEXUS PIPE PRO NA QUARTA-FEIRA:
PRIMEIRA FASE – 1.o e 2.o=Terceira Fase / 3.o=Repescagem:
1.a: 1-Matthew McGillivray (AFR)=12.34, 2-Yago Dora (BRA)=9.00, 3-Kade Matson (EUA)=5.30
2.a: 1-Callum Robson (AUS)=13.67, 2-Gabriel Medina (BRA)=12.33, 3-Deivid Silva (BRA)=4.64
3.a: 1-Jack Robinson (AUS)=12.27, 2-Kelly Slater (EUA)=11.67, 3-Rio Waida (IDN)=1.70
4.a: 1-Griffin Colapinto (EUA)=10.07, 2-Ramzi Boukhiam (MAR)=9.66, 3-Seth Moniz (HAV)=6.80
5.a: 1-Jackson Bunch (HAV)=10.17, 2-Ethan Ewing (AUS)=8.33, 3-Cole Houshmand (EUA)=7.03
6.a: 1-Samuel Pupo (BRA)=13.00, 2-Shion Crawford (HAV)=9.27, 3-Filipe Toledo (BRA)=1.77
7.a: 1-John John Florence (HAV)=15.20, 2-Jake Marshall (EUA)=14.47, 3-Caio Ibelli (BRA)=9.83
8.a: 1-Leonardo Fioravanti (ITA)=6.60, 2-Frederico Morais (PRT)=4.57, 3-Liam O´Brien (AUS)=3.60
9.a: 1-Ryan Callilnan (AUS)=10.33, 2-Imaikalani deVault (HAV)=9.84, 3-Jordy Smith (AFR)=3.10
10: 1-Eli Hanneman (HAV)=9.70, 2-Kanoa Igarashi (JPN)=7.50, 3-Connor O´Leary (JPN)=4.40
11: 1-Barron Mamiya (HAV)=14.10, 2-Crosby Colapinto (EUA)=11.83, 3-Ian Gentil (HAV)=5.50
12: 1-Miguel Pupo (BRA)=14.10, 2-Italo Ferreira (BRA)=12.10, 3-Jacob Willcox (AUS)=10.50
REPESCAGEM – 1.o e 2.o=Terceira Fase / 3.o=33.o lugar com US$ 13.525 e 265 pts:
1.a: Seth Moniz (HAV) e Deivid Silva (BRA), w.o-Filipe Toledo (BRA)
2.a: 1-Connor O´Leary (AUS)=12.33, 2-Kade Matson (EUA)=8.37, 3-Rio Waida (IDN)=6.50
3.a: 1-Jacob Willcox (AUS)=10.16, 2-Ian Gentil (HAV)=8.86, 3-Caio Ibelli (BRA)=6.17
4.a: 1-Liam O´Brien (AUS)=12.33, 2-Jordy Smith (AFR)=10.00, 3-Cole Houshmand (EUA)=5.77
PRÓXIMAS BATERIAS DO LEXUS PIPE PRO:
TERCEIRA FASE – Vitória=Oitavas de Final ou 17.o lugar com US$ 14.360 e 1.330 pts:
1.a: Ethan Ewing (AUS) x Kelly Slater (EUA)
2.a: Samuel Pupo (BRA) x Liam O´Brien (AUS)
3.a: Ryan Callinan (AUS) x Jake Marshall (EUA)
4.a: Connor O´Leary (AUS) x Jackson Bunch (HAV)
5.a: Jack Robinson (AUS) x Ramzi Boukhiam (MAR)
6.a: Italo Ferreira (BRA) x Jordy Smith (AFR)
7.a: Barron Mamiya (HAV) x Frederico Morais (PRT)
8.a: Yago Dora (BRA) x Jacob Willcox (AUS)
9.a: Griffin Colapinto (EUA) x Shion Crawford (HAV)
10: Ian Gentil (HAV) x Kanoa Igarashi (JPN)
11: Gabriel Medina (BRA) x Crosby Colapinto (EUA)
12: Miguel Pupo (BRA) x Imaikalani deVault (HAV)
13: John John Florence (HAV) x Deivid Silva (BRA)
14: Callum Robson (AUS) x Seth Moniz (HAV)
15: Matthew McGillivray (AFR) x Eli Hanneman (HAV)
16: Leonardo Fioravanti (ITA) x Kade Matson (EUA)