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Lagoa Surfe Arte brinda a cultura do surfe em Floripa


Texto e fotos Alexandra Iarussi

Um evento de surfistas para surfistas e amantes da cultura de praia. O Lagoa Surfe Arte – LSA é como uma semente que desabrocha em Florianópolis, Santa Catarina. Em sua segunda edição, espalha pouco a pouco a cultura do surfe e do estilo de vida praiano, entre locais e haoles – nomes dado aos forasteiros em Floripa.

Entre 19 e 22 de outubro, o público contemplou exposição de fotografia e arte, mostra de curtas, exibição de longas – como A View From a Blue Moon, de John John Florence -, palestras e oficina de shape.

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Fabrício Flores, no Sítio, em dia de palestra no Lagoa Surfe Arte. Foto: Alexandra Iarussi

Fabrício Flores, shaper (SeaCookies Handshapes) e surfista de alma, é quem idealiza o evento:

“Foi muita evolução da primeira para a segunda edição. Na primeira, basicamente trabalho de uma pessoa só, o evento durou cinco horas. Nessa, tivemos parceiros de mídia, assessoria de imprensa na equipe acompanhando todas atividades, marcas parceiras de renome, e um evento que durou cinco dias”, conta.

UM POUCO DO QUE ROLOU:

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OFICINA: NASCE UMA PRANCHA DE MADEIRA

Novidade desta edição, a Oficina de Pranchas ensinou os participantes a construir uma prancha de madeira do início ao fim.

Foi ministrada pelo peruano radicado em Florianópolis, David Weber. David é engenheiro, já fez pranchas de poliuretano, até encontrar a madeira e se encantar com o material: “O processo produtivo, diferentemente do poliuretano, é quase todo ecológico. Não gera lixo, e também não uso eletricidade”.

Todas as pranchas são feitas com Paulownia, árvore nativa de regiões da China, Laos e Vietnã. Conhecida pela leveza, é muito utilizada na fabricação de barcos, pranchas de esquis e snowboards. Seu baixo teor de umidade é valorizado, pois evita deformidades em sua superfície.

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Binho Nunes confere o esqueleto de madeira. Foto: Alexandra Iarussi

Entre o público presente, de estudantes de engenharia interessados em explorar novos (e prolíficos) usos da madeira, ao freesurfer Binho Nunes. Binho também shapeou sua prancha, e dá seu palpite:

“A madeira é ótima. Ela desliza muito. Essas pranchas são ótimas para as ondas que temos no Brasil. Beachbreaks sem muito tamanho; diversão pura”, conta Binho.

Uma vibe do bem. Bem-vindo ao Sítio! Foto: Paulinho Sefton / LSA
Uma vibe do bem. Bem-vindo ao Sítio! Foto: Paulinho Sefton / LSA

“O QUE O SURFE TROUXE PARA FLORIPA E O QUE FLORIPA DEVOLVEU AO SURFE?”

O título acima foi o mote da palestra realizada no O Sítio. Com o jornalista Maurio Borges, o shaper e empresário Avelino Bastos, o surfista e empresário Flávio Boabaid, o coordenador geral da WSL América do Sul Xandi Fontes e o arquiteto Marcos Jobim.

O QUE O SURF TROUXE PARA FLORIPA? Maurio responde: "Haoles, muitos!". Foto: Alexandra Iarussi
O QUE O SURF TROUXE PARA FLORIPA? Maurio responde. Foto: Alexandra Iarussi

“Haoles, muitos!”, segundo Maurio Borges, o que o surf trouxe para Floripa. O que Floripa devolveu ao Surf? “Nada, nada”, responde o jornalista.

 

Avelino Bastos. Foto: Alexandra Iarussi
Avelino Bastos. Foto: Alexandra Iarussi

“Quando comecei a produzir prancha, existiam três fábricas; hoje são 150 fabricantes. Toda cadeia de produção de pranchas é extremamente poluente. Não há coleta seletiva. Quantas vezes já não vi surfistas tirando parafina na praia? Estourou o leash e deixa lá”, pontua Avelino.

Xandi Fontes. Foto: Alexandra Iarussi
Xandi Fontes. Foto: Alexandra Iarussi

“Nosso maior patrimônio são as belezas naturais, mas precisamos investir em planejamento e infraestrutura”, destaca Xandi Fontes.

“VIAJE, ESCREVA E VENDA” 

Na sequência, na palestra “Viaje, Escreva e Venda”, o jornalista Adrian Kojin contou sobre sua trajetória de surfista viajante. Adrian editou a revista Fluir por 18 anos, passou pela The Surfer’s Journal Brasil e hoje está a frente do Surfline no Brasil. Transmitiu sua visão de mercado e suas perspectivas.

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Artes expostas no Sítio, uma aconchegante casa na Lagoa da Conceição, com jardim, espaços ao ar livre e proposta de troca de ideias e disseminação de projetos culturais. Foto: Alexandra Iarussi

ARTE: DO CINEMA À FOTOGRAFIA

O cinema foi contemplado em várias frentes. Dezenas de curtas e alguns longas, incluindo o aclamado A View From a Blue Moon, filme de John John Florence, foram exibidos no Centro Integrado de Cultura, em sessões gratuitas e abertas ao público.

“A gente também quis ter engajamento social. Nessa edição do LSA, esquematizamos a entrada do público, em especial para dois filmes selecionados para a mostra de longas, mediada pela entrega de kits sociais. Uma forma de mostrar que o evento atua na esfera social, ambiental, política, esportiva e artística e busca fomentar a parte cultural relacionada ao surf”, conta Fabrício.

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Na fotografia, Fred Pompermayer (EUA), Ahmed Aznil (Maldivas), Fellipe Ditadi (Rio de Janeiro), Gabriel Varalla Groppi (Florianópolis) e Rafael Censi (Florianópolis), expuseram seus trabalhos.

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Gravuras de Aaron Godina (AUS) e Lisa Marques (POR) e arte em madeira do artista plástico Tom Veiga (Garopaba) formaram a frente artística da exposição.

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O colorido das artes tomou as paredes do O Sítio, casa localizada na Lagoa da Conceição, conhecida por fomentar arte e a troca de ideias e projetos.

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Em primeiro plano, troféus do I Festival de Curtas-metragens do Lagoa Surfe Arte – handplanes confeccionados em madeira de reflorestamento, oferecidos pela Von der Völke. Ao fundo, arte de Lisa Marques. Foto: Alexandra Iarussi

FESTIVAL DE CINEMA: VENCEDORES

Melhor Curta Júri:  Carlos Eduardo Portella Nunes – Brasil/SC

Melhor Curta Catarinense: Michelangelo Bernardoni, com Processo Manual – Brasil/SC

Melhor Edição – Tobias Ilsanker – Adrift – Portugal

Melhor Fotografia – Tyrone Rodovalho – Flow – Brasil/SP

Melhor Roteiro – Antonia Wallig, Clarissa Del Fabbro, Christie MeditsCh – Rekombinando Chile – Brasil/RS

Melhor Curta Público – Renan Koerich – Ricardo dos Santos, um ano sem o anjo da Guarda – Brasil/SC

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Da esquerda para a direita: Fabiano Moraes, o arquiteto Marcos Jobim, Fabrício Flores, Xandi Fontes, Flávio Boabaid, Maurio Borges e Avelino Bastos. Foto: Paulinho Sefton

Conseguimos nos aproximar de um público que transgride a comunidade surfísticas, trouxemos surfistas profissionais, cineastas catarinenses e pessoas que são envolvidas com a realização de festivais ao redor do país, como o Thomas Crocco, organizador do Mimpi. Atingimos centenas de pessoas diretamente e mais algumas centenas indiretamente o que nos deixa bem contentes com o resultado. Foi um enorme desafio fazer o festival com a programação de mais de um dia, mas deu tudo certo. Conseguimos!”,comemorou Fabricio Flores Nunes, Diretor do evento.

NO FUTURO: “MAIS ARTE E CINEMA”

“Quero crescer com arte e cinema, e quem sabe incluir música em 2018. Tudo isso são planos, claro, a gente têm de andar com a realidade. Mas a marca está crescendo e na mesma medida avançam nossas perspectivas”, conta Fabrício.

A ideia é que o evento seja maior em 2017, com espaço mais amplo para arte e mais dias de visitação.

“O evento já faz parte do calendário da cidade e muitos estão agradecidos. O pessoal da fotografia, os cineastas também. Esses últimos, sempre quiseram ter esse espaço, e nunca teve um maluco para montar um festival de cinema em Santa Catarina. Agora apareceu um maluco [risos], junto com outros malucos também, e fazemos tudo com muita paixão, sempre tentando viabilizar financeiramente”, conclui Fabrício.

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