Jessé Mendes tem grande atuação e faz melhor nota da abertura do Margaret River Pro; Toledo, Jordy e Medina também se destacam
Por Fernando Guimarães
Todas as baterias das rodadas de abertura masculina e feminina do Margaret River Pro foram realizadas entre a noite de terça e a madrugada desta quarta (29) no oeste australiano. As condições estavam ótimas para um surfista mediano mas um pouco aquém do esperado para o que desejamos ver nos melhores do mundo: boas direitas de até cinco pés, sem tubos, abrindo no Main Break.
As melhores pontuações foram alcançadas por Jordy Smith (14,77), Filipe Toledo (14,73), Gabriel Medina (14,70) e Jessé Mendes (14,60). Jesse (foto de capa) e Medina foram os autores das melhores notas individuais, 8,43 e 8,33, respectivamente, e foram os únicos a alcançar a pontuação excelente, ao lado do havaiano Sebastian Zietz, que tirou um 8,00.
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Entre os destaques não relativos à pontuação está a bateria que envolveu dois dos surfistas mencionados acima, Filipe e Seabass, a sexta da primeira rodada. O terceiro surfista escalado para o confronto, o convidado Jack Robinson, não apareceu para surfar. Ele estava no Chile para as etapas do QS de Iquique e Arica e não conseguiu fazer a longa e cansativa viagem a West Australia a tempo.
Os dois surfistas entraram na água com a vaga na rodada seguinte garantida. Como o regulamento novo prevê a variação no seeding de acordo com o resultado dessa bateria, os dois foram para a água mesmo assim. Com a derrota de Julian Wilson (seed 4) e as vitórias de Italo Ferreira e Gabriel Medina (3 e 2, respectivamente), Filipe passaria a ser o seed três a partir do início dos embates mano-a-mano se não passasse por Seabass. Ou seja, o resultado não é todo sem importância, mas explicar isso é quase tão difícil quanto assistir a uma bateria de dois atletas em que os dois já estão classificados.
Outro destaque foi a participação da local Bronte Macaulay. Nativa do oeste da Austrália, Bronte foi uma das atletas que mais abertamente expressou seu descontentamento com o cancelamento da etapa em 2018, quando dois ataques de tubarão no mesmo dia espalharam preocupação entre alguns competidores. Na primeira oportunidade que ganhou de surfar em Margaret River após o cancelamento, Bronte fez o mesmo total de pontos que Jack Robinson: zero. Com a diferença de que ela estava lá. Ficou 30 minutos na água e não pegou nenhuma onda.
John John Florence venceu a primeira bateria entre os homens com um surfe que poderia ter sido melhor avaliado. Compare suas duas melhores ondas (6,17 e 6,67) com as de Toledo (7,50 e 7,23). Filipe tem mais variação em seus ataques, mas as primeiras manobras do havaiano são mais amplas, fortes e rápidas, e a conexão com o próximo movimento é feita de maneira um pouco mais harmônica com a onda. O ataque do brasileiro foi mais crítico e talvez isso tenha chamado notas mais altas, mas é difícil ver uma diferença de quase dois pontos entre o surfe dos dois.
Nesta mesma primeira bateria, Jadson surfou muito bem de backside para mandar Kelly Slater para a repescagem em um duelo de velhos conhecidos. Difícil não reparar que o narrador australiano Ronny Blakey, que é um bom surfista e via de regra um bom narrador, praticamente ignorou as ondas de Jadson. Quem assistia só não morreu de raiva porque Barton Lynch, esse sim uma grande novidade deste campeonato (ele estava sumido dos comentários em 2019), comentou com o entusiasmo que lhe é peculiar cada movimento do brasileiro.
Via de regra, os goofies tiveram um pouco mais de facilidade em conseguir notas boas: além de Medina, Jadson e Jessé, Italo Ferreira, Joan Duru, Deivid Silva, Ryan Callinan e Owen Wright também arrancaram com os coices (e um aéreo para Italo) notas que precisavam ser mais batalhadas pelos regulares.
Peterson Crisanto ficou em primeiro em sua bateria, à frente de Julian Wilson. O paranaense venceu com méritos mas é difícil não reparar na temporada apática que faz o atual vice-campeão mundial.
Michael Rodrigues foi um dos regular-footers que conseguiu chamar um pouco a atenção, assim como Ezekiel Lau, primeiro colocado em sua bateria, e Jeremy Flores.
Yago Dora, Caio Ibelli e Willian Cardoso foram os brasileiros relegados à repescagem. No feminino, o mesmo aconteceu com Silvana Lima, terceira colocada na bateria em que Tatiana Weston-Webb arrancou a nota mais alta do dia entre as mulheres (8,00) para ficar em primeiro. O grande destaque delas foi a havaiana Coco Ho, com a melhor nota ao lado de Tati, mas a melhor soma isolada: 15,23.
A próxima chamada para o Margaret River Pro é na noite desta quarta (19h) no horário brasileiro. A previsão é de um swell enorme (15 pés de face) para a noite de sexta. É provável que a direção de prova acelere as baterias para tentar um encerramento em condições épicas.
Para ver os resultados na íntegra, acesse aqui (feminino) e aqui (masculino).