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quinta-feira, 25 abril, 2024
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HC entrevista: Nayson Costa, primeiro paraense a vencer uma etapa do Brasileiro de Surf Profissional

Aos 22 anos o paraense Nayson Costa protagonizou uma daquelas histórias típicas de um bom filme épico.

Local da praia do Atalaia, em Salinópolis, Pará, Nayson foi o primeiro surfista de seu estado a vencer uma etapa do circuito brasileiro de surf profissional, encerrada na última semana em Taíba (CE).

Mas o fato de colocar um estado do norte do Brasil no centro do surf nacional, é apenas um dos ingredientes em uma história de vida que reúne suor, lágrimas, garra e talento acima da média.

Sem prancha e sem dinheiro, o garoto de Salinópolis entrou em um ônibus rumo a um sonho e conseguiu um importante passo em direção à meta de chegar à elite do surf mundial. Algo que para muitos poderia parecer impossível até algumas semanas atrás.

Na entrevista a seguir, concedia a Luciano Meneghello para a Hardcore, Nayson Costa conta um pouco de sua incrível e surpreendente história.

Entrevista Nayson Costa

CBSurf Pro Tour 2020
Nayson Costa comemora a vitória da etapa do Brasileiro Profissional na Taíba e faz história. Foto: Lima Jr.
HC – Que tal a sensação de ser o primeiro surfista da história do Pará a ganhar uma etapa do circuito brasileiro de surf?

Nayson – Para mim foi gratificante ser o primeiro paraense campeão de uma etapa do circuito brasileiro de surf profissional. Estou muito amarradão, felizão! Só tenho a agradecer ao Senhor por me ajudar nessa vitória. Ele viu a necessidade que eu estava enfrentando e me ajudou a ir para frente.

HC – Todos ficaram muito impressionados com a tua história, com as dificuldades que você enfrentou para conseguir participar dessa etapa do Brasileiro, sem prancha e praticamente sem grana, conta um pouco sobre a jornada que você atravessou desde Salinópolis até o título dessa etapa do Brasileiro…

Nayson – Com a ajuda da minha mãe, viajei a São Paulo para competir em Ubatuba (1ª etapa do Brasileiro). Na volta, só tinha dinheiro pra ir até Pernambuco. Chegando em Recife, entrei em contato com um brother do Pará, Rick Rezende, que sempre me ajudou e então ele comprou minha passagem para o Ceará.

Quando cheguei na Taíba sem lugar para ficar e sem condições de alugar um quarto, mas me lembrei da galera de Pernambuco, que também são muito amigos e aí não deu outra. Eles me colocaram na casa deles, me deram comida e fiquei felizão!

HC – E a prancha?

Nayson – Depois que consegui chegar no lugar e arrumar um lugar para ficar, fui atrás de uma prancha para competir e treinar. Então encontrei com o Nonato Azevedo (Shaper da THD – The Hood) e pedi uma prancha emprestada. O Nonato na hora me emprestou e eu gostei da prancha. Ele então disse que eu poderia competir com ela se eu quisesse e saiu para fazer uma viagem, deixando a prancha comigo. Confiou em mim. Quando ele voltou pra Taíba, viu que eu estava na final e ficou amarradão. E, final das contas: a gente fechou uma parceria e a THD – The Hood está me patrocinando!

Nayson Costa Atalaia
Treinando em casa: a onda do Alataia, em Salinópolis (PA). Foto: Reprodução
HC – Como o surf entrou na sua vida?

Nayson – Comecei a surfar com nove anos de idade, na praia do Atalaia, Salinópolis (PA) por influência de um amigo, o Rafael Correia. Eu via ele surfar e ia atrás. Quando ele perdia a prancha, eu rapidamente pegava e ficava surfando até ele chegar onde eu estava.

O Rafael viu que eu tinha um potencial, me emprestou uma prancha e começou a me jogar no mar junto com ele. E assim, graças a deus, fui crescendo e meu avô passou a me ajudar, comprou minha primeira prancha e fui evoluindo.

HC – Seu local de treinos é o Atalaia?

Nayson – Sim, é minha praia preferida no Pará. É uma onda muito irada.

HC – O Pará é também um dos poucos lugares do mundo onde existem ondas de água doce geradas por ventos, me refiro a ilha do Mosqueiro, na foz do Rio Pará. Que tal essa onda?

Nayson – É uma ilha massa. Água doce. É rio mesmo! Ali rola quando o vento entra forte. E a onda é boa! Tanto que o lugar recebe o campeonato brasileiro de água doce. A CBSurf tem uma etapa programada lá nos próximos meses e eu vou participar. O Pará tem esse diferencial, que é um estado em que é possível surfar em água salgada e doce!

Dayson Costa
Ao lado da mãe e do irmão: “Dedico essa vitória a ela”. Foto: Arquivo pessoal
HC – Quem são as suas influências no surf?

Nayson – Minha maior fonte de inspiração foi o Rafael Correia, que me emprestou a primeira prancha. O cara sempre quebrou! Surfa até hoje e é monstro! Tem muita gente que me instiga, mas o Rafael é o cara que eu gosto de cair junto, fazer umas baterias, sempre um puxando o nível do outro. Ele é sem dúvidas uma fonte de inspiração.

Mas quando eu vejo os vídeos de surf, eu me inspiro no Gabriel Medina. Sou ‘fãzaço’ desse cara! E tem também meu amigo Alejo Muniz, um cara gente boa, Ian Gouveia, Michael Rodrigues… sou ‘fãzaço’ desses caras!

O Alejo mesmo fez um post que me deixou muito emocionado, mudou minha vida! (veja abaixo).

HC – Quais são seus planos daqui pra frente?

Nayson – Vai depender pra 3ª etapa do Brasileiro Profissional, na Bahia. Estou em quinto no ranking. Se deus me permitir ganhar lá de novo fico em primeiro no ranking e com uma vaga garantida no QS.

Quero fazer parte da elite mundial, como todo surfista!

HC – Estamos torcendo por você!

Nayson – Obrigado, gostaria de fazer um agradecimento a minha mãe, posso fazer?

HC – Com certeza. O espaço é seu!

Nayson – Gostaria de agradecer muito a minha mãe por tudo que ela fez por mim. Um pouco antes da pandemia (de Covid-19) eu me machuquei e fiquei um tempo sem poder surfar. Depois, veio a pandemia e continuei longe das ondas. E as dificuldades eram tantas que eu desisti de surfar. Fiquei um ano sem entrar no mar. Assistia aos vídeos da galera e me sentia triste, chorava, mas sem vontade de voltar a surfar.

Minha mãe, vendo aquilo, sem eu saber, comprou uma passagem para Recife (PE), onde tenho muitos amigos ligados ao surf.

Ela então entregou a passagem na minha mão e disse: “Teu ônibus para Recife sai daqui a duas horas. Vai atrás de seu sonho”. E eu fui. Então, dedico essa vitória a ela!

Gostaria de agradecer também ao Noélio Sobrinho, presidente da Federação de Surf do Pará, agradecer à loja Virtual Surf, que sempre me dá uma força, Rick Rezende, Eduardo Picanço, da loja Surf e Cia, à Secretaria de Estado de Esporte e Lazer do Estado do Pará (SEEL) e à geral, tudo mundo que está me apoiando. Muito obrigado!

Contato: @naysoncostaoficial

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